Indígenas do povo Munduruku ocuparam na
última sexta-feira, dia 28 de novembro, a sede da Funai na cidade de Itaituba,
no sudoeste do Pará. Alguns veículos de comunicação estão noticiando o fato,
mas a maioria deles não contextualiza a situação, de modo
a facilitar uma interpretação agressiva da atitude dos índios. O
que não se explica, no entanto, é a violência que os Munduruku estão
vivenciando diariamente, sob pressão do governo brasileiro, em aliança com
interesses privados. O objetivo da pressão é a construção da hidrelétrica
no rio Tapajós, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O que os povos Munduruku querem
é a publicação do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da
Terra Indígena Sawré Muybu Dajê Kapap Eypi, como garantia de permanência do
povo no local que ocupam há centenas de anos. O relatório já está pronto. Basta
que a Funai o publique e o que emperra o processo são os interesses envolvidos
na região. Como o órgão não avança, os indígenas iniciaram um processo de
estudo e demarcação próprios, com apoio de entidades da sociedade civil. (Leia carta de autodemarcação dos Munduruku)
Mas a queda de braço ainda está longe de
terminar. A resposta da sociedade civil à tentativa de imposição da
hidrelétrica tem sido forte. Segundo previsões da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), a megausina São Luís do Tapajós, no Pará, deveria entrar em
operação em 2016. Os conflitos socioambientais (que não se limitam à questão
com os índios, mas incluem a redução de áreas de floresta amazônica) já
empurraram a previsão para 2020.
Mas a briga continua, como mostra o documentário
abaixo, lançado em novembro. A documentarista Nayana Fernandez, brasileira
de 33 anos, percorreu aldeias da tribo indígena ao longo do rio Cururu,
afluente do Tapajós, para registrar a luta dos munduruku contra o complexo
hidrelétrico. O projeto prevê a construção de mais de 20 barragens na bacia do
Tapajós, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O
resultado das filmagens é o documentário “Índios Munduruku: Tecendo a
Resistência”, lançado simultaneamente no Brasil e na Inglaterra. A produção
independente contou com o apoio de organizações britânicas e de lideranças da
etnia mundurucu.
Ana Laide Barbosa, do Projeto Xingu Vivo
para Sempre afirma no vídeo: “Esse é um projeto que traz morte. Acaba com a
vida, a cultura, expulsa e tira dignidade do povo Munduruku. Dizima crenças, a
cultura e a identidade desse povo”.
O link do documentário
está abaixo, na íntegra. Para mais informações sobre a luta do povo Munduruku,
acesse o site sobre a autodemarcação no Tapajós.
Reino Unido/Brasil, 25min
Dir.: Nayana Fernandez
Dir.: Nayana Fernandez
Obrigada por ajudar na conscientização acerca de uma questão demasiadamente delicada. Obrigada mesmo!!!
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