“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Especial – Canudos - Viver e morrer em Belo Monte

O arraial de Conselheiro tinha hierarquias e personagens estratégicos para a rotina e para a guerra
     Ao fim de uma série de protestos contra os novos impostos republicanos, enfrentando a polícia baiana em vários lugarejos, Antonio Conselheiro e seus prosélitos instalam-se em Canudos em 1893. A peregrinação de duas décadas chega ao fim. Eles vão entrincheirar-se e fortificar-se no fundo do sertão, no alto das serranias, como se tivesse soado um toque de recolher. 
      As terras em que ficava Canudos não eram desertas e ali já existia um povoado assim chamado, à margem do Vaza-Barris, um rio intermitente. Os conselheiristas se estabeleceram e sobreviveram de uma parca agricultura de subsistência, plantando mandioca para o preparo de farinha e cana-de-açúcar para a fabricação de rapadura, criando cabras. Assim se fundou o Belo Monte, nome bíblico dado à cidadela que ergueram como baluarte contra a República instaurada em 1889, sobrepondo-se à Canudos preexistente. 
     Em pouco tempo abriu-se uma rua principal na praça das igrejas, que ficou conhecida como a rua das Casas Vermelhas, destacando-se do conjunto devido à cor das telhas. As duas igrejas defrontavam-se de dois lados da praça. A primeira era a de Santo Antônio ou Igreja Velha, consagrada em 1893 com festas e foguetório. A segunda, a do Bom Jesus ou Igreja Nova, de maiores proporções, não chegaria a ser terminada. A capelinha do povoado anterior passou a ser chamada de Santuário, preservando o altar e abrigando imagens de santos. Num quartinho anexo morava Conselheiro, e ali seria sepultado.
     Esse era o centro ao redor do qual, gradativamente, se ergueria a aglomeração de casebres. A construção em taipa ou pau a pique – barro reforçado com galhos – tornava a cidadela indistinguível, na mesma monotonia parda da caatinga. O conjunto, sem um mínimo de cuidados de urbanização – como arruamento, calçadas, esquinas e muito menos saneamento ou água encanada – viria a formar “um labirinto inextricável”, nas palavras de Euclides da Cunha. 
     Na vida cotidiana do arraial predominava a religião. Como de hábito no sertão e em geral no interior do país, era uma religião festiva, em contraste com a austeridade preconizada pelo líder, que não tolerava luxos ou abusos de conduta. Os habitantes organizavam suas vidas em torno de dois ofícios religiosos diários, à madrugada e à noitinha, e periodicamente assistiam aos conselhos do Peregrino, com data previamente marcada, para os quais vinha gente até de longe. Canudos tornou-se um centro de romaria, atraindo crentes para pedir audiência ao Conselheiro e fazer doações.
     À medida que a guerra se avizinha, começa a acorrer gente de todos os quadrantes da região. Multiplicam-se as cartas dos canudenses chamando parentes e amigos para virem em seu socorro. Muita gente pelo sertão abandona seus pagos para acudir Canudos, carregando família e agregados.
     Nem todos eram miseráveis no séquito: gente de posses havia se livrado de tudo para acompanhar o Peregrino. Embora não fosse uma comunidade exatamente igualitária – havendo distinção visível entre mais ricos e mais pobres, dada pela aparência das casas – preservavam-se ali traços de igualdade. O mais marcante era a inexistência de propriedade privada da terra. Quem chegasse podia erguer sua choça sem pagar nada a ninguém. Alimentos, roupas e dinheiro, recebidos em donativo pelo Conselheiro, eram repassados aos desafortunados. 
     Para que a comunidade fosse funcional, alguma estrutura era necessária. Seu Estado-Maior, por assim dizer, era a Guarda Católica. Constituída por 12 apóstolos, sobrepunha-se a tudo o mais porque formava o quadro de imediato apoio a Conselheiro. Os guardas andavam uniformizados, armados e municiados, e recebiam soldo. Revezavam-se como sentinelas defronte ao Santuário, onde ele residia. Em seguida vinha a Companhia do Bom Jesus ou Santa Companhia, bem mais numerosa, contando de 1.000 a 1.200 cabeças.  Um grupo de beatas chefiadas por uma mordoma (Benta ou Tia Benta) cuidava da administração da residência e do bem-estar do Conselheiro. Ele quase não comia. Apenas o suficiente para manter-se vivo, mas observando total abstinência.
     O arraial contava com uma professora, de modo a não descurar da educação das crianças. O próprio Conselheiro frequentara escola, sabendo ler, escrever e até rudimentos de latim. Um secretário, Leão Ramos, atendia ao líder como escriba. Havia um curandeiro, Manuel Quadrado, perito em remédios silvestres e em simpatias. E José Félix, o Taramela, servia de criado e homem de confiança, como chaveiro e guarda das igrejas. Tornou-se renomado por sua fantasia sem peias, que o levava a inventar casos mirabolantes sobre a subida aos céus de tantos canudenses mortos, que afirmava ter presenciado. 
     Como a rotina incluía a guerra, destacou-se um “chefe militar”: João Abade, encarregado supremo das operações bélicas e da Guarda Católica, chamado de Chefe do Povo e Comandante da Rua. Paralelamente, havia um “chefe civil”, Antônio Vilanova, abastado comerciante responsável pela boa ordem da comunidade. 
     Houve combatentes ilustres. Como o pernambucano Pajeú, salteador negro, famoso por sua imaginação tática ao elaborar ardis guerrilheiros. Pedrão, negro imponente e hercúleo, originário dali mesmo, da Várzea da Ema, era integrante da Guarda Católica e um dos 12 apóstolos.  O historiador José Calasans ainda o conheceu, nos anos 50, e com ele teve muitas conversas, que granjearam sua admiração. Inválido das pernas, observou certa vez: “Faz pena um homem como eu morrer sentado”. Antônio Beatinho ficou conhecido porque negociou a rendição de 300 pessoas, entre mulheres, crianças, feridos e velhos, nos últimos dias dos combates. É do resultado dessa negociação a mais famosa foto da guerra, mostrando a multidão andrajosa, doente e esquelética. Tanta abnegação foi recompensada pela degola.
     Joaquim Macambira, que já residia em Canudos antes da chegada dos conselheiristas, possuía uma fazenda nas cercanias e era dono de loja. Seu filho e xará, com um punhado de valentes e as bênçãos do pai, tentou tomar a braços o canhão alcunhado de Matadeira, pertencente ao exército, tombando morto ali mesmo. É um dos episódios mais referidos da campanha, tendo despertado a admiração geral.
     Também deixou lembranças o sineiro Timotinho, que desafiava o exército insistindo em tocar o sino da Igreja Velha todas as tardes, quando a fuzilaria das tropas inimigas se concentrava nele. Um dia, dois tiros de canhão acertaram a torre, que desmoronou, jogando o sino à distância e aniquilando o heroico sineiro.
     Dentre os muitos artesãos que labutaram na arquitetura sacra do Conselheiro – que durante as duas décadas de peregrinação capitaneou a construção ou o reparo de igrejas, cemitérios, calçadas e açudes por toda aquela região – o nome mais importante que a história reteve é o de Manuel Faustino, mestre de obras e entalhador que presidiu aos trabalhos da Igreja Nova. Antônio Fogueteiro, como a alcunha indica, fabricava fogos, a que o povo do sertão em geral, e o de Canudos em particular, era muito afeiçoado. 
     Os dois irmãos Ciriaco, os combatentes negros Manuel e José, só se tornaram conhecidos décadas após o fim da guerra. Servindo de guia em Canudos ao historiador José Calasans (1915-2001), tornaram-se fonte de preciosas informações.
     Na utopia que criaram, Antônio Conselheiro substituiu o fazendeiro, o padre e o delegado de polícia, reunindo em sua pessoa o poder das três autoridades que mandavam no sertão. Por trás de sua figura estava o esforço admirável que uma população carente de tudo desenvolveu para se organizar, resistindo à opressão e à exploração, além de inventar formas alternativas de vida em comum.
     Com a guerra, o dia a dia do arraial foi totalmente degradado. Belo Monte, cujos habitantes passavam a vida em oração e penitência para “salvar a alma”, conforme diziam, foi transformado em antevisão do Inferno. Em vez do Paraíso a que todos aspiravam, com as promessas das bem-aventuranças da pregação cristã, aguardava-os o ferro e o fogo dos canhões, o incêndio do casario e a degola indiscriminada.  

Walnice Nogueira Galvão é professora emérita da FFLCH-USP e autora de O império do Belo Monte. Vida e Morte de Canudos. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.

Saiba Mais - Bibliografia 
ARAS, José. Sangue de irmãos. Cordel. Feira de Santana, BA: EMAGRAE, 2009. 
BOMBINHO, Manuel Pedro das Dores. Canudos, história em versos – Relato inédito de testemunha ocular. Org. de Marco Antônio Villa. São Carlos: EdUFSCar, 2002.
CALASANS, José. Cartografia de Canudos. Coleção Memória da Bahia. Salvador, BA: EGBA, 1997.
VILLA, Marco Antonio (Org.) Canudos, história em versos de Manuel Pedro das Dores Bombinho. (Hedra/Edufscar/Imprensa Oficial, 2002).

Saiba Mais - Música
CD Canudos (Gereba)
CD Matuto do Cocorobó (Bião de Canudos)
CDs Toques de Canudos e Do Belo Monte ao Cocorobó (Banda de Pífanos de Bendegó)

Saiba Mais – Link

Saiba Mais - Filme
Paixão e Guerra no Sertão de Canudos
No documentário de Antônio Olavo, Paixão e Guerra no Sertão de Canudos, faz um resgate da história de Canudos, principalmente, com depoimentos de parentes de Antônio Conselheiro e de filhos dos combatentes, além dos relatos de pesquisadores (José Calazans, Manoel Neto, Sérgio Guerra e Edmundo Muniz) introduzindo várias interpretações sobre os acontecimentos históricos, que são associados a um conjunto de canções e cenários que ilustram a narração do filme, na voz de José Wilker.
Direção: Antonio Olavo
Ano: 1993
Áudio: Português
Duração: 78 minutos


sábado, 13 de agosto de 2016

Relatos de um desastre anunciado

Caderno escrito por Anna de Assis revela bastidores do casamento conturbado, mais de 100 anos após a morte de Euclides da Cunha.
     “Vim para matar ou morrer”, anunciou Euclides da Cunha à soleira da porta da residência de seu maior rival, Dilermando de Assis. A ameaça antecedeu o que os jornais cariocas chamaram de “A tragédia da Piedade”, um caloroso tiroteio no subúrbio do Rio de Janeiro que resultou na morte de um dos escritores mais aclamados do Brasil. Os acontecimentos da manhã do dia 15 de agosto de 1909 findaram um matrimônio conflituoso de quase 20 anos: Euclides abraçou a morte, em defesa da honra. No dia anterior, sua esposa, Anna Emília Ribeiro, a S’Anninha, se retirara para a casa de Dilermando com o filho bastardo nos braços, após uma briga em que pedira a separação. Anna foi condenada pela opinião pública como a adúltera que provocou a tragédia, e Dilermando, o campeão de tiro que assassinou o gênio destemperado. Mas um documento descoberto recentemente mostra outras dimensões destes heróis e vilões que foram personagens até de minissérie de TV. 
     “Não venho ofender nem acusar”, justificou-se S’Anninha na primeira página do pequeno caderno em que se propunha a narrar episódios da vida conjugal com o primeiro marido. Uma vida, segundo ela, marcada por infelicidade, desgosto e humilhação. “Venho cumprir com um sagrado dever e dar desencargo à minha consciência e tranquilidade a meu espírito, dizendo que de nós três: Euclides, Dilermando e eu, três criminosos, o mais responsável sou eu. Sim! E isso porque, abrindo as portas do lar a um desconhecido de meu marido, ausente, longe, perdido no extremo norte do Brasil, abria também as do crime, fechando-as sobre a primeira vítima enlaçada e escolhida pela fatalidade”. 
     Até a sua morte, em 1951, Anna não falou publicamente sobre o ocorrido. Segundo a família, ela costumava dizer que o silêncio era sua defesa. Não se calou para sempre: deixou um testemunho que ficou guardado por mais de 100 anos numa estante em Belo Horizonte. O manuscrito intitulado O Caso do homicídio de Euclides da Cunha por Dilermando de Assis – Exposição e narrativa dos fatos feitos escrito do próprio punho da mulher da vítima estava entre as coisas de Gregório Seabra Jr. (1874-1941). Assistente do advogado Evaristo de Moraes, que defendeu Dilermando nos dois julgamentos que o absolveram por legítima defesa, em 1911, pelo assassinato de Euclides da Cunha e, em 1916, pelo do filho, Quidinho. Em maio passado, o bisneto de Seabra Jr., Luiz Henrique Oliveira, encontrou o documento e decidiu devolvê-lo à família de S’Anninha.  “Era o desejo de meu bisavô e, depois, meu pai, mas naquela época não existia internet. Ninguém podia ler, era assunto confidencial”, conta. 
     Feita a vontade dos antepassados, hoje o caderno está nas mãos de Anna Sharp, neta de S’Anninha e Dilermando, que é escritora e assumiu um compromisso com a memória da avó. Assim que terminar o livro Vozes do passado, sobre a Tragédia da Piedade, pretende doar o manuscrito à Biblioteca Nacional.  Por ora, o material está fora do alcance de pesquisadores e jornalistas, com exceção de alguns trechos, aos quais a reportagem teve acesso.  
     Sharp diz que o testemunho de S’Annninha no “diário” confirma a história contada à sua mãe, Judith Ribeiro de Assis, por sua vez, autora de Anna de Assis: História de um trágico amor (1989). Para a neta, a avó foi uma mulher à frente de seu tempo, que não aceitava a submissão ao marido, que a maltratava. Amou demais e pagou por isso. A terapeuta imagina que o documento é “a entrevista que nunca deu, contando tudo em detalhes, desde a primeira noite com Euclides. As núpcias foram um estupro, ele rasgou todas as roupas dela, chamando-a de ‘vaca’. Ela conta essa brutalidade, o ódio que ele tinha das mulheres”.
     Euclides da Cunha é retratado como um homem que tinha acessos de raiva, antes mesmo de saber que era traído. Nesses momentos de cólera, o escritor xingava a esposa, cuspia-lhe na face e a ameaçava. Em uma página, ela narra que ele “insultava-me como um alucinado, rompendo nos maiores destemperos, tomando os meus vestidos e despedaçando-os todos nas maiores ameaças”. Segundo ela, o marido “queria impor-me o amor e pretendia-o por meio dos insultos e das brutalidades!”. Em uma passagem forte, S’Anninha acusa-o de tê-la forçado a beber seu escarro de sangue que fora depositado em um balde, após uma crise de tosse tuberculosa. “Dispus-me a suportar com paciência o meu triste fardo, tratando com a estima natural e derivada convivência diária. Detestava-o, no entanto, e o temia”, escreve.
     Não há registro da guerra entre quatro paredes sem ser pelos relatos de S’Anninha – incluindo o último depoimento à polícia. Mas o caso é que a moça não escondeu a traição durante três anos, tendo engravidado duas vezes do amante. Da primeira, nasceu Mauro, que teve uma morte misteriosa, por inanição, aos 7 dias de vida. S’Anninha acusa Euclides de tê-la proibido de amamentar o bebê. Da segunda, surgiu Luiz, registrado como da Cunha, mas que o escritor chamava raivosamente de “a espiga de milho num cafezal”, devido aos cachos loiros que a criança herdou do cadete. 
     Biógrafos do escritor chegaram a supor que S’Anninha se entregou aos desejos da carne devido à ausência prolongada do marido em casa. Em dezembro de 1904, poucos anos após ter sido correspondente do jornal O Estado de S. Paulo na Guerra de Canudos, Euclides, autor já conhecido por Os Sertões (1902), embarcou para uma expedição à Amazônia. Só regressaria ao Rio de Janeiro em 1906, encontrando Anna Emília grávida de três meses. A própria S’Anninha se acusa: “se errei, errava porque queria errar. Tinha liberdade de ideias, de sentimentos, de amar. Portanto, não digam que foi a liberdade derivada da ausência de Euclides a causa do meu passo. Não! Não, porque sempre a tive, mesmo com a sua presença que me não tolhia”. 
     O historiador Leopoldo Bernucci, professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade da Califórnia, pondera que o caderno precisa ser analisado por especialistas. E observa que “o sexo teve uma força decisiva no jeito como S’Anninha seguia com a vida”, já que ela não pensou nas consequências desta paixão para um homem público. Segundo Bernucci, que há 20 anos estuda a poesia de Euclides da Cunha, o escritor, ao contrário da mulher com quem se casou, era pouco ligado ao amor e menos ainda à figura feminina: perdeu a mãe aos 3 anos e foi criado por parentes, já que o pai viajava sempre a trabalho. Desde jovem, outros sentimentos lhe eram mais significativos, como honra, lealdade e honestidade. “A mulher, para ele, era uma parte do protocolo social. Acredito que não teve um pendor muito forte para a relação amorosa. Ele tinha suas perturbações mentais, era muito nervoso, explosivo.
Ficava evidente no meio social e as pessoas tentavam se manter afastadas”. Sua poesia, por exemplo, apesar de romântica, era política, tinha apreço pelos ideais da Revolução Francesa. Poucas foram as vezes em que se aventurou a escrever sobre amor e, segundo o professor, quando o fazia, era de forma superficial. Para ele, “Euclides foi vítima de seu tempo e de si mesmo”.
     Mary del Priore, autora de Matar para não morrer, indica que é preciso relativizar o relato autobiográfico, principalmente neste caso, em que S’Anninha teria escrito seu depoimento logo após a morte do marido, em um momento em que era condenada fortemente pela opinião pública. A historiadora comenta que “a questão da honra masculina e a virilidade eram coisas muito importes para o homem do fim do século XIX e início do XX. Homens preferiam morrer a ter a honra questionada”. 
     A defesa da honra matou quatro pessoas. O primeiro foi Euclides da Cunha, que num acesso de raiva partiu para Piedade com uma pistola emprestada nas mãos, alvejando não só Dilermando, mas o irmão Dinoráh, jogador de futebol do Botafogo, que cometeu suicídio por complicações posteriores. Logo depois, Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, para limpar o nome da família, atacou pelas costas Dilermando, então marido de Anna Emília. Teve o mesmo destino do pai. O quarto morto seria o próprio Dilermando, que faleceu de infarto em 1951. “Ele foi o mais prejudicado, pois foi condenado a carregar nas costas a pecha de causador de um desastre do qual foi vítima. Seu erro: tinha apenas 17 anos e apaixonou-se por uma mulher bem mais velha, que sabia o peso dos passos que deu para a desonra da família”, afirma Mary del Priore. 
     A tragédia começou no altar e culminou num desastre com muitas vítimas. Como o professor Bernucci lembrou, “aquele casamento foi uma combinação que não deu certo desde o começo”. Uniu sob o mesmo teto uma mulher que preferiu amar sem se ater às convenções sociais e um homem para quem uma ideia tradicional de família era mais importante do que a própria vida.

Saiba Mais – Bibliografia
ASSIS, Judith Ribeiro de. Anna de Assis: História de um trágico amor. Rio de Janeiro: Bestbolso, 2008. 
DEL PRIORE, Mary. Matar para não morrer. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. 2009.
GALVÃO, Walnice Nogueira. Euclides da Cunha – Autos do processo sobre sua morte. São Paulo: Terceiro nome, 2009. 

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