“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

sábado, 27 de agosto de 2011

Fotos da crise de 1929







                       




Candido Portinari: Guerra e Paz


     Em 1952, a Organização das Nações Unidas (ONU), pediu a cada país que doasse uma obra de arte para expor em sua sede, na cidade de Nova York. O governo brasileiro encomendou ao artista plástico Candido Portinari a criação de uma obra. Portinari produziu dois imensos painéis, de 14 metros de altura por 10 metros de largura, finalizados em 1956. Uma dessas obras recebeu o título de GUERRA, e a outra, de PAZ.
     Os quadros que não puderam ser inaugurados pelo pintor brasileiro, que teve sua entrada nos EUA impedida por negação de visto de parte do governo estadunidense, sob acusação de ser “comunista”. Até hoje os quadros estão no Conselho de Segurança, sem identificação, a ponto que os guias não sabem indicar aos visitantes a autoria dos painéis.
     Que razões levaram Portinari escolher o tema da guerra e da paz? Consciente politicamente do período que a humanidade passava a enfrentar (Guerra fria), apesar do fim do conflito mundial, um ano antes, ele escrevia:
 “... A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente anti-guerra, para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim, unidos os povos do mundo inteiro, não somente com palavras, mas com ações, levarem até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do Progresso e da Fraternidade dos Povos...”

     Os painéis de guerra e paz de Portinari continuam dramaticamente atuais no século XXI. Os sofrimentos de mulheres chorando, com filhos mortos, ajoelhadas diante dos seus corpos. As caras do povo – vítima da guerra e sujeito da paz -, que ninguém soube retratar melhor do que Portinari - o pintor da guerra e da paz, o pintor do povo.

Aprofundamento Crise de 1929

À Beira Do Abismo
A quebra da Bolsa de Nova York em 1929 lançou o mundo em uma depressão econômica que durou quase toda a década de 1930. Um fantasma do passado que volta a nos assombrar com a crise dos mercados financeiros e as recentes quedas nas bolsas de valores de todo o mundo.
Por Osvaldo Coggiola professor titular da Universidade de São Paulo (USP)

     Há semelhanças e diferenças entre a atual crise financeira e a de 1929. Como hoje, o epicentro da crise de então foram os Estados Unidos, mas por razões distintas: naquele ano, os americanos estavam no ápice de um período de ascensão como potência capitalista. Entre 1870 e 1929, o produto industrial do país quadruplicou.
     Na época, já eram conhecidas as “crises cíclicas” da economia, caracterizadas por movimentos de preços — depois de um período de crescente valorização dos produtos, seguia uma baixa, num contexto liberal em que os movimentos econômicos se faziam praticamente sem obstáculos.
     As crises do século XIX se manifestaram como uma vigorosa baixa dos preços na economia. As empresas industriais reagiam baixando também os salários dos trabalhadores, e assim restabeleciam o seu equilíbrio num nível inferior. Era a fase de “depressão”, ou de “liquidação” da crise, antes que o sistema voltasse a uma dinâmica de crescimento.
     Desde 1925, apesar da euforia da expansão, a economia norte-americana apresentava problemas. A produção se desenvolvia em ritmo acelerado, mas os salários, não. Em consequência da progressiva mecanização da indústria e da agricultura, os trabalhadores perdiam vagas, e o desemprego crescia.
     Além disso, depois de se recuperarem dos prejuízos e da destruição da I Guerra, os países europeus passaram a concorrer nos mercados internacionais e a comprar cada vez menos dos Estados Unidos. Com a falta de consumidores externos e internos, começou a “sobrar” enormes quantidades de mercadorias, caracterizando uma crise de superprodução.
     As declarações otimistas dos homens de negócios continuavam, porém, a alimentar a corrente especulativa de alta no mercado. Os “capitães da indústria” reafirmavam sua esperança nos lucros futuros.
Em 12 de junho de 1928, verificou-se um primeiro recuo da Bolsa de Nova York: nesse dia, mais de 5 milhões de ações mudaram de mãos, com quedas de 23 pontos. A alta recomeçou a partir de julho. Em suas Memórias, o presidente americano da época, Herbert Hoover, estigmatizou, posteriormente, a especulação: "Há crimes piores que o assassínio, pelos quais os homens mereceriam ser injuriados e castigados".
     A animação com o aumento do preço das ações era tão grande que as pessoas tomavam empréstimos nos bancos para comprar títulos na Bolsa. Os estabelecimentos bancários de Nova York emprestavam a prazo curtíssimo, a juros de 12%, dinheiro que haviam tomado emprestado a 5% do Federal Reserve (o banco central americano).
     Enquanto o valor das ações subia, os investidores lucravam, e a euforia difundia-se com a credulidade geral. Os agentes financeiros emprestavam a seus clientes aceitando como garantia ações da Bolsa.
     O valor global das ações passou de US$ 27 bilhões a US$ 67 bilhões entre 1925 e 1929, com uma alta de US$ 20 bilhões só nos nove primeiros meses de 1929. Algumas carteiras de investimentos se valorizaram 700% em poucos meses. Havia crescimento cada vez maior — e totalmente descolado da produção.
     No início de outubro de 1929, alguns investidores começaram a apostar “na baixa”. Meses antes, em agosto, a taxa de juros havia sido elevada de 5% para 6%, numa tentativa de reduzir o volume de crédito, mas era tarde demais.
     A orgia de lucros, finalmente, estourou no dia 24 de outubro de 1929: as cotações da Bolsa de Valores de Nova York afundaram 50% em um só dia. Estes preços estabilizaram-se ao longo do fim de semana, para caírem drasticamente na quarta feira seguinte, 28 de outubro.
     Muitos acionistas entraram em pânico. Cerca de 16,4 milhões de ações subitamente foram postas à venda em 29 de outubro, a “quinta-feira negra”. O excesso de ofertas de venda, e a falta de compradores, fizeram com que os preços destas ações caíssem cerca de 80%. Até o fim do mês, seguiram-se novas derrubadas de preços e uma onda de falências (22.900 em 1929; 31.800 em 1932). Milhares de acionistas perderam grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham.
     Os preços dessas ações continuariam a flutuar, caindo gradativamente nos próximos três anos. As pessoas decidiram cortar gastos, em especial os endividados. A recessão estendeu-se aos setores industrial e comercial americano, o que levou ao fechamento inúmeras empresas, o que elevou drasticamente as taxas de desemprego.
     A venda a crédito quase desapareceu. A produção industrial caiu 45%. Os lucros afundaram. A renda nacional recuou de US$ 87,4 bilhões em 1929 para US$ 41,7 bilhões em 1932. A massa salarial, de US$ 50 bilhões para US$ 30 bilhões. Os preços encolheram 30%, na média.
     Um aspecto original da crise de 1929 consistiu na amplitude da depressão no campo. A transformação capitalista o fez entrar em cheio na crise, com repercussões gerais. A situação dos bancos era agravada porque muitos deles haviam emprestado grandes somas aos fazendeiros. Com a crise, estes tornaram-se incapazes de pagar suas dívidas. Entre 1929 e 1933, os preços dos produtos industrializados não perecíveis caíram 25%; os dos produtos agropecuários, 50%. As consequências sociais nos Estados Unidos foram espantosas. Os trabalhadores sofriam não só pelo desemprego, mas também pela redução salarial e dos horários de trabalho. Não havia seguro-desemprego, só caridade.
     Surgiram as hoovervilles (cujo nome é uma “homenagem” ao presidente Hoover), verdadeiras favelas de “excluídos”. E também as sopas populares e os abrigos para sem-teto, sempre cheios. Em Chicago, o lixo era “revisado” e reaproveitado por uma enorme massa de pobres.
     Em 1932, estimava-se que um milhão e meio de jovens faziam parte de “bandos de errantes”, sem destino. Muitos dos jovens das áreas rurais abandonaram suas fazendas e suas famílias, buscando a sorte nas cidades. Juntamente com os desempregados urbanos, viajavam de cidade a cidade, “pegando carona” em trens de carga, em busca de emprego.
     A subalimentação produziu um surto de tuberculose. O número de matrimônios caiu 30%, e o de nascimentos, 17%. Os proventos dos trabalhadores experimentaram um retrocesso global, sem precedentes.
     Grupos étnicos minoritários e imigrantes dos países mais atingidos passaram a ser discriminados porque, supostamente, competiam com a "população nativa" pelos empregos. A discriminação era alentada por grupos nacionalistas de direita. Isto fez com que as taxas de imigração caíssem sensivelmente no Canadá e nos Estados Unidos. Apenas nesses dois países, o número de desempregados elevou-se para 18 ou 20 milhões.
     A crise de 1929 teve consequências inteiramente novas. Todo o aparelho de crédito sobre o qual vivia a economia americana se desestruturou. Esse processo chega ao pior momento no início de 1933, numa ameaça de bancarrota geral, no momento exato em que o democrata Franklin Delano Roosevelt chegava ao poder.
     Ao mesmo tempo, a retirada dos créditos americanos de curto prazo resultou, em 1931, no desmoronamento financeiro da Europa Central e na impossibilidade, para a Grã-Bretanha, de honrar seus compromissos externos.
     A crise atingiu o mundo todo. Em 1932, a produção mundial tinha caído 33% em valor; o comércio mundial, 60%; o Birô Internacional do Trabalho, em um cálculo que pode ser considerado modesto, contabilizava 30 milhões de desempregados. Os países mais atingidos pela crise, além dos Estados Unidos, foram à Alemanha, Austrália, França, Itália, o Reino Unido e o Canadá.
     Não se tratava da primeira quebra da Bolsa, depois de uma grande alta especulativa. Desta vez, porém, as consequências foram tais que se achou que a quebra fosse a causa da crise propriamente dita. Mas certos índices econômicos já haviam mudado de sentido antes de outubro, embora muito ditos entendidos de então julgassem ter descoberto o segredo de uma prosperidade econômica contínua.
     As consequências políticas não foram menores. Empossado em 4 de março de 1933, Roosevelt aumentou os poderes presidenciais. A “democracia americana” pendeu por um fio. A posse de Roosevelt, com seu “discurso da virada”, aconteceu exatamente um dia antes que Adolf Hitler, na Alemanha, conseguisse os “poderes totais” para governar por decreto. A crise parecia enterrar as “democracias”.
     Diferente de uma crise cíclica de tipo clássico, a depressão econômica não se resolveria “sozinha”. As primeiras medidas eficazes foram adotadas a partir de 1932-1933, quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha nazista, e foram, anos mais tarde, teorizadas pelo economista britânico John Maynard Keynes.
     Segundo Michel Beaud, “a uma saída capitalista para a crise, que impunha enormes sacrifícios à classe operária e se arriscava assim a levar a inquietantes confrontos, Keynes propunha uma outra saída capitalista que, mediante uma retomada a atividade, possibilitasse reduzir o desemprego, sem amputar o poder de compra dos trabalhadores”.
As políticas possuíam um fundo comum: a intervenção do Estado para a solução dos problemas econômicos. Embora as variantes da política intervencionista fossem de caráter nacional, algumas medidas foram comuns: protecionismo alfandegário, desvalorização monetária, subvenções governamentais a empresas privadas e aumento dos gastos públicos. Nos Estados Unidos, especificamente, o New Deal significou medidas intervencionistas visando a atenuar a crise, atuando com um caráter emergencial.
     Foi com base na Lei de Guerra de 1917 que foi proclamado o fechamento de todos os bancos. Durante as férias bancárias, o Tesouro elaborou a [Emergency Banking Act], negociada com os grandes monopólios, para contrabalançar o peso da ala intervencionista do governo, que reclamava a nacionalização de todo o sistema do crédito.
     Roosevelt fez aprovar o [New Deal] (Novo Acordo, cujo nome foi inspirado no #Square Deal# do ex-presidente Theodore Roosevelt), fornecendo ajuda social às famílias e pessoas que necessitassem e criando empregos por meio de parcerias entre o governo, empresas e consumidores. Nos anos seguintes, diversas agências governamentais foram criadas para administrar os programas de ajuda social.
     O papel do regime de Roosevelt consistiu em salvar temporariamente o capitalismo, abandonando o tradicional liberalismo econômico americano. Usou os recursos financeiros do Estado para socorrer as empresas bancárias e comerciais e fez votar as leis que restringiram a concorrência e permitiram a alta dos preços, favorecendo o capital monopolista. Manteve o descontentamento das massas trabalhadoras urbanas e rurais sob controle dentro de uma política de concessões, como um sistema de aposentadorias e de seguro-desemprego.
     O capitalismo americano, auxiliado pelo Estado, aliviou-se da crise. A produção elevou-se acima do nível de 1932 e pode novamente proporcionar lucros em certos ramos. Essa retomada foi devida mais aos gastos governamentais do que a uma reativação da indústria privada.
Tudo isso fez a economia norte-americana retornar aos níveis anteriores a 1929 nas vésperas da Segunda Guerra, embora o desemprego jamais tenha sido extinto, persistindo a grande cifra de mais de oito milhões de desempregados em 1940. Isso só seria solucionado com a passagem para uma economia de guerra.
     Na Alemanha, a crise de 29 agravou os resultados da hiperinflação de 1923. Às classes médias desesperadas, os nazistas propunham remédios contra a angústia: xenofobia, racismo e nacionalismo exacerbado, acompanhados de uma demagogia anticapitalista que culpava os judeus pela crise.
     O partido nazista usava a violência e o terror contra seus “inimigos”, para demonstrar a seu “público” sua determinação em atingir seus objetivos. Os países democráticos não foram poupados pela onda: sem chegar à polarização da Alemanha, na Grã Bretanha tanto o Partido Comunista quanto o Partido Fascista britânico receberam considerável suporte popular.
     Na segunda metade da década de 1930, depois da vitória do fascismo na Itália (1923) e do nazismo na Alemanha (1933), a Guerra Civil Espanhola resumiu o destino da Europa. A vitória de Franco, auxiliado por Hitler e Mussolini, selou o caminho para a Segunda Guerra Mundial. Nos diversos países, a economia de guerra pôs fim definitivo à crise. A “economia” (capitalista) se salvou, mas o mundo viveria o maior conflito da história da humanidade.

I Guerra Mundial (1914-1918) - Complemento


Da Grande Guerra à Primeira Guerra
     A guerra de 1914 a 1918 repercutiu no mundo de maneira tão impactante que, para muitos historiadores, representa o início do século XX. Hoje usamos o nome de "Primeira Guerra Mundial", mas não foi sempre assim. Quando a guerra começou, muitos Líderes  políticos e militares europeus acreditavam que o conflito duraria pouco tempo. Porem, essa previsão estava completamente equivocada- houve a participação de muitos países, a guerra se estendeu no tempo e no espaço, com consequências destrutivas para as sociedades envolvidas.
     Quando a guerra acabou, em 1918, os europeus tomaram consciência de suas dimensões e passaram a chamá-la de "Grande Guerra". Esse nome perdurou ate a eclosão de outro conflito bélico, de 1939 a 1945, que também envolveu inúmeros países. Em um curto período, o mundo enfrentou duas grandes guerras, com imensas destruições materiais e milhares de mortes. Com isso, a "Grande Guerra" foi renomeada, sendo conhecida como "Primeira Guerra Mundial"; a seguinte, que durou de 1939 a 1945, foi chamada de "Segunda Guerra Mundial".
     Portanto, somente após a eclosão e expansão desse conflito, a guerra de 1914 a 1918 passou a ser chamada de Primeira Guerra Mundial.
     Com a Grande Guerra, ou Primeira Guerra, ocorreu uma importante alteração na forma de combate, com inovações tecnológicas a serviço do extermínio humano em grande escala. Alguns inventos aperfeiçoados durante a guerra foram a pistola de mão e o avião, no qual foi acoplada uma metralhadora, fazendo surgir a aviação de caça.
     O tanque de guerra foi uma invenção inglesa logo adotada pelos franceses. Inicialmente, os soldados dentro do tanque utilizavam fuzis e metralhadoras; depois, foi instalado um canhão de pequeno calibre. Os alemães desenvolveram o submarino, cuja atuação era restrita a segurança e vigilância, com pouca mobilidade, permanecendo pouco tempo submerso. A mais mortífera e cruel invenção tecnológica foram os gases venenosos usados pelos alemães. Calcula-se que o uso do gás mostarda - assim chamado devido a seu cheiro - tenha causado a morte de 100 mil soldados nas trincheiras.
     Outra terrível característica na guerra de 1914 a 1918 foi a vitimização em grande escala das populações civis. Milhares de homens, mulheres e crianças indefesos foram massacrados. Em algumas situações, ocorreram verdadeiros genocídios, como no caso armênio.

O Massacre Dos Armênios
     A Primeira Guerra Mundial também foi palco de um grande genocídio, cujas vítimas foram os armênios residentes no Império Turco Otomano. Estima-se que, entre 1915 e 1918, cerca de 1 milhão de armênios tenham morrido em campos de concentração ou em fuzilamentos sumários de homens, mulheres e crianças.
     Os militares turcos acusavam os armênios de apoiarem secretamente a Rússia, pois em sua maioria eram cristãos ortodoxos. Porém, o massacre dos armênios resultou de um preconceito antigo dos turcos contra essa minoria, rejeitada por razões étnicas e religiosas.
     Detalhes desse massacre, com requintes de crueldade, aparecem no filme Rua Paraíso, dirigido por Henri Verneuil. (Franca, 1992), que conta a história de uma família armênia que fugiu da Turquia para Paris, em 1921.
http://uploaded.net/file/bd7attwj 

A sociedade das trincheiras, pelos soldados.
     A Primeira Guerra Mundial ficou conhecida pelos horrores das trincheiras. Milhares de soldados, de ambos os lados, ficavam durante meses confinados nas trincheiras, padecendo com a fome, as doenças, o medo e a degradação humana. Alguns relatos dos próprios soldados impressionam. Leia alguns:

     O campo de batalha é terrível. Há cheiro de azedo, pesado e penetrante de cadáveres. Homens que foram mortos no último outubro estão meio afundados no pântano e nos campos de nabo em crescimento. (...) Um pequeno veio de água corre através da trincheira, e todo mundo usa a água para beber e se lavar: e a única agua disponível. Ninguém se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos adiante. No cemitério de Langermark os restos de uma matança foram empilhados e os mortos ficaram acima do nível do chão. As bombas alemãs, caindo sobre o cemitério, provocam uma horrível ressurreição.
(De Um fatalista na Guerra, de Rudolf Binding, que serviu em uma das divisões da Jungdeutschland.)

     Estamos tão cansados que dormimos mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não somos revezados. Os aviões lançam projeteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas - pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de agua. É o próprio inferno!
(De uma carta encontrada no bolso de um praça alemão na batalha de Somme.)

     Ao ouvir alguns gemidos quando eu ia para as trincheiras, olhei para um abrigo ou buraco cavado ao lado e achei nele um jovem alemão. Ele não podia se mover porque suas pernas estavam quebradas.
Implorou-me que lhe desse agua, eu corri atrás de alguma coisa e encontrei um pouco de café que logo lhe dei para beber. Ele dizia todo o tempo "Danke, Kamerad, danke, danke" (Obrigado, Camarada, obrigado, obrigado). Por mais que odeie os boches (gíria de origem francesa que designa o alemão de forma insultuosa) ,quando você esta combatendo, a primeira reação que ocorre ao vê-los caídos por terra e feridos é sentir pena (...).
     Nossos homens são muito bons para com os alemães feridos. Na verdade, gentileza e compaixão com os feridos foram talvez as únicas coisas decentes que vi na guerra. Não é raro ver um soldado inglês e outro alemão lado a lado num mesmo buraco, cuidando um do outro, fumando calmamente.
(Tenente Arthur Conway Young, França, 16 de setembro de 1919.)

(Relatos extraídos de: MARQUES, Adhemar; BERUTI, Flavio; FARIA, Ricardo. História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 2003. p. 119-120.)

O Brasil e a Grande Guerra
     O Brasil sofreu as consequências pela Grande Guerra europeia, embora o presidente Hermes da Fonseca tenha declarado a neutralidade do Brasil no conflito. Adotou, entre outras medidas, a proibição de que navios de guerra entrassem nos portos brasileiros e a convocação de brasileiros para lutar na Europa.
     Com a declaração de neutralidade, a Alemanha não poderia atacar navios mercantes brasileiros que levavam café para Inglaterra e França. Apesar disso, as exportações brasileiras de café caíram sensivelmente quando a Alemanha impôs o bloqueio marítimo a esses dois países.
     Os cafeicultores brasileiros sofreram grandes prejuízos. O governo também foi prejudicado com a queda na arrecadação, já que o principal imposto incidia sobre as exportações. Como alternativa para reduzir o prejuízo, o governo aumentou os impostos pagos pela população.
     Também devido a guerra, o Brasil ficou impossibilitado de importar produtos industrializados da Europa. Então, o governo passou a apoiar indústrias que produzissem bens para substituir as importações. Os benefícios incluíam tarifas protecionistas e subsídios. Assim, a produção industrial brasileira aumentou nos setores têxteis, de papel, de borracha, de cimento e de maquinas elétricas.
     Apesar da neutralidade brasileira, em fevereiro de 1917, o comando de guerra alemão decidiu aumentar o bloqueio naval a Inglaterra e passou a atacar inclusive os navios de países neutros. Mesmo com o protesto do governo brasileiro, um submarino alemão torpedeou o cargueiro Paraná, carregado com 4,5 toneladas de café, em 5 de abril desse ano. Depois que o navio afundou o submarino ainda disparou tiros de canhão contra os marinheiros sobreviventes.
     Nesse contexto, no dia 11 de abril, o Brasil, acompanhando os Estados Unidos, rompeu relações diplomáticas com a Alemanha. Em maio, dois outros navios brasileiros foram atacados, mas o governo manteve a postura de neutralidade. Porém, nas ruas surgiram movimentos de protesto, exigindo uma reação do governo. Então, o presidente Wenceslau Brás suspendeu a neutralidade do Brasil na guerra, autorizando que navios dos países que combatiam a Alemanha atracassem em portos brasileiros.
     Em 26 de outubro de 1917, o governo brasileiro declarou guerra à Alemanha. A iniciativa mais importante foi a criação da Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), formada por dois cruzadores leves e quatro contratorpedeiros, com o total de 1.502 homens, com a missão de patrulhar o circuito entre  São Vicente, Dacar (no Senegal, África) e o estreito de Gibraltar. A pequena frota partiu em 16 de julho de 1918 para Dacar, mas a missão foi prejudicada por problemas mecânicos nos navios e pela gripe espanhola. De Dacar, a frota foi para Gibraltar, mas quando chegou a guerra já tinha acabado.

As Consequências...
     As consequências da Grande Guerra foram trágicas para as sociedades europeias. Calcula-se que o número de alemães mortos teria ultrapassado 1 milhão, enquanto a França teria perdido cerca de 1 milhão e 500 mil homens, a maioria jovens com menos de 25 anos de idade. Cerca de 10 milhões de pessoas morreram no conflito, entre militares e civis. Milhões de mulheres tornaram-se viúvas, com filhos para criar. Os países europeus envolvidos no conflito, sobretudo a Alemanha, saíram da guerra arruinados.
     A partir de então, os países da Europa conheceram certo declínio econômico. A Inglaterra, apesar de seu extenso e rico império colonial, perdeu um pouco da posição de grande potencia mundial. Já os Estados Unidos, que se industrializavam a passos largos desde fins do século XIX, aceleraram sua ascensão econômica. Entrando na guerra somente em 1917, lucraram muito com o conflito, vendendo mercadorias e fornecendo empréstimos para os países envolvidos, principalmente os da Tríplice Entente.
     Outra importante consequência da guerra em boa parte da Europa foi o desgaste dos ideais liberais como caminho para a prosperidade das nações. A democracia liberal passou a sofrer fortes criticas e, a partir da década de 1920, ganharam prestigio as ideologias autoritárias de direita e de esquerda.
     Como resultado, as décadas seguintes seriam marcadas pelo confronto aberto entre partidos nacionalistas radicais e partidos comunistas vinculados à orientação soviética. Depois da Primeira Guerra Mundial, as democracias liberais ficaram desacreditadas e, em alguns casos, condenadas, como na Itália e na Alemanha. 

FONTE: "História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, vol.3/Ronaldo Vainfas...(et.al.) SP. Saraiva 2010. 

Saiba Mais – Link:
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) 

domingo, 14 de agosto de 2011

AMEAÇA REAL À INTERNET

Rejeitada pela sociedade, lei que pode censurar troca de conteúdos avança no Legislativo. Saídas são denúncia e lei que estabelece direitos civis de uso da rede
Por Instituto Telecom, terça-feira, 02 de agosto de 2011.

A polêmica do Projeto de Lei 84/99, que tipifica crimes na internet, teve início desde sua apresentação na Câmara. Apesar disso, quatro anos depois, em 2003, o PL foi aprovado e seguiu para o Senado, quando recebeu um texto substitutivo do então senador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB/MG). Mais uma vez, o projeto não só foi aprovado no Senado como, reencaminhado para a Câmara, tramita agora em regime de urgência em cinco comissões: Ciência e Tecnologia; Comunicação e Informática; Constituição, Justiça e Cidadania; Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, de onde seguirá para votação no plenário.

Para os parlamentares contrários ao substitutivo,  neste momento resta apenas a possibilidade de apresentarem emendas supressivas às propostas aprovadas no Senado uma vez que, caso o texto seja rejeitado na íntegra, será validada a versão original aprovada em 2003. Já a sociedade civil e o setor acadêmico – partes diretamente afetadas pela lei – nem sequer foram convidadas a participar da decisão nestes 12 anos de debate.

Chamada de AI-5 Digital, pelas entidades civis contrárias à sua aprovação, a “Lei Azeredo” foi inspirada na Convenção de Budapeste, que tratou sobre o tema do cibercrime e foi assinada poucos meses após os atentados ao World Trade Center, em 2001. Por trás das justificativas para a aprovação da Convenção estava o interesse de grandes empresas e governos em acabar com a neutralidade da rede e, dessa forma, controlarem o acesso à internet.
Há alguns dias, numa tentativa de conter os prováveis estragos no direito à liberdade de expressão dos brasileiros, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) entrou em acordo com o deputado Eduardo Azeredo para que seja realizado um seminário sobre o assunto antes da votação do texto nas comissões. O requerimento para a audiência foi apresentado em 28 de julho, e ainda aguarda uma resposta.

Uma das principais críticas à lei é a sua abordagem generalizada. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), se aprovada, a lei pode criminalizar ações cotidianas como possuir um blog, fazer a digitalização de filmes e músicas e o desbloqueio de aparelhos celulares. Atividades extremamente importantes para o desenvolvimento do país como as redes abertas (P2P), pesquisas e o uso de obras protegidas por copyright como fonte de informação e educação serão diretamente afetadas.

Um país que ainda não foi capaz de aprovar o Marco Civil para Internet, dificilmente tem a maturidade necessária para construir leis e regras capazes de determinarem o que pode ser considerado crime ou não na rede. O Marco Civil reivindicado pela sociedade trata de pontos que precedem em relevância o debate da Lei Azeredo, dentre eles o livre acesso à internet como direito básico, a neutralidade da rede, a criação de regras de responsabilidade civil para provedores e usuários e medidas capazes de preservarem a liberdade de expressão e a privacidade. Além de princípios e diretrizes para garantirem o bom funcionamento da rede.

Nós, do Instituto Telecom, defendemos que o Marco Civil da Internet deve ser aprovado antes de qualquer discussão que vise regular os conteúdos e dados da rede. É preciso ouvir todas as partes envolvidas para ser capaz de tomar decisões que podem mudar completamente o rumo e a liberdade do país. A decisão da sociedade civil é pela não aprovação desta lei. Isto está mais do que claro. Só na última semana, o deputado Emiliano José (PT-BA) apresentou ao presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), uma petição contrária à proposta sobre crimes na internet com 163 assinaturas de representantes dos setores empresarial, civil e acadêmico.

O Brasil não pode, de forma alguma, retroceder nas conquistas duramente alcançadas pela sociedade após décadas de ditadura. Aprovar a Lei Azeredo sem levar em conta os argumentos contrários e os desejos da sociedade, é levar o país a um novo AI-5.

FONTE: OUTRAS PALAVRAS [http://www.outraspalavras.net]

DEFENDA A LIBERDADE NA INTERNET

O Congresso poderá votar um projeto de lei que restringiria radicalmente a liberdade da internet no Brasil, criminalizando atividades on-line cotidianas tais como compartilhar músicas e restringir práticas essenciais para blogs.

A pressão da opinião pública derrotou um ataque contra a liberdade da internet em 2009 e nós podemos fazer isso de novo! O projeto de lei tramita neste momento em três comissões da Câmara dos Deputados e os parlamentares estão observando atentamente a reação da opinião pública nos dias que antecedem à grande votação. 


Envie uma mensagem agora mesmo às lideranças das comissões de Constituição e Justiça, Ciência e Tecnologia e Segurança Pública e depois divulgue a campanha entre seus amigos e familiares em todo o Brasil!

Clique aqui e Oponha-se ao PL 84/99 contra cibercrimes


OU

 Assine a petição para impedir a votação prematura do PL Azeredo, colocando-a na Comissão de Defesa do Consumidor. Ela será entregue pelo Idec na Câmara dos Deputados. Assine agora!
http://www.idec.org.br/campanhas/facadiferenca.aspx?idc=24


Muito Além De Delinquência (Por trás dos saques na Inglaterra)

Por trás dos saques na Inglaterra, decadência dos serviços públicos, domínio do Estado pelas finanças, sensação de desigualdade e desamparo
Alessandro Dal Lago, no Liberazione
Tradução: Daniela Frabasile e Pep Valenzuela
     Não surpreendem que as revoltas que explodiram em quase todas as grandes cidades inglesas sejam recebidas pelo governo, pelos tabloides e pelos maiores meios de comunicação, pelo menos inicialmente, com os clichês habituais: além da referência óbvia a “bandos”, a instrumentalização dos protestos por criminosos, as “gangs jovens”, os “provocadores que chegaram de fora” e assim por diante. É o exorcismo de sempre frente aquilo que poderia ser mais ou menos previsto e que tem notáveis precedentes nas metrópoles ocidentais: dos riots de Los Angeles em 1992 até a explosão das periferias parisienses em 2005.
     Uma rápida análise dos vídeos transmitidos pela BBC, ou por sites como os do The Guardian  e Al Jazeera  deixa claro, porém, que a realidade é completamente diferente. A revolta é capilar, amplamente espontânea, por mais que tenha sido facilitada pela disponibilidade de tecnologias de informação de baixo custo, e, sobretudo transversal. Nas ruas, veem-se jovens encapuzados, adolescentes que enfrentam a polícia e gente de todas as idades que saqueia lojas. De toda origem e proveniência, mas se agrupam por viverem nos distritos mais pobres que rodeiam o centro privilegiado e de moda de uma das capitais financeiras do mundo.
     Não surpreende que, além da polícia, muito odiada, o alvo dos saques sejam lojas como Sony, Foot Locker, McDonald's, joalherias e magazines de grandes marcas. Ou seja, os símbolos tangíveis da opulência alta ou média de que, evidentemente, uma grande parte da população londrina está excluída. Exatamente como em Los Angeles em 1992, quando a população de South Central ocupou os bairros ocidentais e acomodados na metrópole. Ou em Paris, em 2005, quando os habitantes das “banlieues” atacaram a ferro e fogo os Campos Elíseos.
     O saque está relacionado à luta de classes, em uma forma elementar e pré-política. Exatamente isso que o establishment inglês, exorciza falando de mero vandalismo, e as primeiras e tímidas vozes de especialistas de várias comunidades locais, ou ativistas sociais, começa a definir como aquilo que realmente é: reação aos cortes [de serviços públicos] impostos pelo governo conservador.
     Por outro lado, as manifestações do ano passado contra o aumento das taxas universitárias eram um sinal do mal-estar juvenil diante da proletarização dos membros mais fracos das camadas médias. O bem-estar de uma das sociedades consideradas mais estáveis do Ocidente foi sempre uma imagem falsa. Ou melhor, é um bem-estar limitado aos que vivem das finanças e de seus derivados (comércio, informação, serviços, luxo, etc.), mas que não chega ao resto da sociedade, amplamente desindustrializada e empobrecida.
     A proibição até das partidas de futebol, tradicionalmente considerado na Inglaterra como um esporte capaz de absorver os conflitos sociais e de geração, diz muito. Não se trata somente de uma medida de ordem pública. É um sinal de que a sociedade inglesa, por debaixo da aparência de seus rituais de massas, está profundamente em crise.
     O que mais surpreende é que ninguém tenha relacionado às revoltas inglesas com a crise financeira, que há anos atinge o Ocidente e hoje parece prestes a converter-se em catástrofe. Londres particularmente, como terceiro centro financeiro no mundo, é a expressão do domínio das finanças sobre a economia real.
     No mundo, o volume das transações financeiras é, hoje, seis vezes maior que o das trocas comerciais. O ataque à dívida pública, ou seja, a soberania do Estado, por parte da especulação internacional, encontra somente as respostas habituais de uma política econômica recessiva e submetida às imposições das “agências de risco”, ou dos bancos norte-americanos e ingleses. Mas aonde podem levar os cortes das pensões, da formação superior, da segurança social e da assistência médica? Exatamente ao que está acontecendo na Inglaterra.
     Nesse sentido, Londres e Birmingham, Bristol e Manchester antecipam o que inevitavelmente acontecerá na Espanha, Itália e provavelmente na França, quando a sociedade tiver que pagar o preço de uma política amplamente liberal e das guerras insensatas que estão esgotando os recursos dos Estados ocidentais. Certamente, as revoltas não podem ser previstas, mas uma crise social sem precedentes está por vir, ou, na realidade, já começou.

Alessandro Dal Lago é autor e pesquisador italiano de diversos livros sobre antropologia. Muitas de suas pesquisas tratam da formação do inimigo na sociedade contemporânea, a migração internacional, estilos de vida e noite sobre o conflito na metrópole.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Documentários sobre a Crise de 1929

Relembrando 1929 - O ano da queda da bolsa de Nova York

A crise de Wall Street se espalhou por todo o mundo como uma infecção contagiosa. Ela humilhou os ricos e destruiu as poupanças de milhões de pessoas. A crise trouxe desemprego em massa e desacelerou o comércio entre nações. A crise também modificou o cenário político, deixando-o propício para o aparecimento de ditadores como Hitler, Mussolini e Stalin. Relembrando 1929, acompanha a trilha da década de 20 em que os americanos celebraram o pós guerra como líderes mundiais da indústria, o jazz ditou o estilo de vida de uma geração e filmes de Hollywood estrelavam artistas de alcance global. A partir deste contexto, o filme retrata a terrível queda e expõe a pobreza que se seguiu à crise. Ao final, vemos como um herói incomum, Franklin Delano Roosevelt trouxe soluções e otimismo para uma nação fragilizada.
Direção: Paul Dickin
Ano: 2008    
Áudio: Português
Clique para assistir on-line

1929: A Grande Quebra (2009)
O ano de 1929 passou à história como o ano no qual estourou a maior crise econômica do sistema capitalista. Os “Felizes Anos Vinte” foram um tempo de prosperidade e bonança econômica para os Estados Unidos que, ao contrário dos seus aliados europeus, haviam ressurgido fortes e dominantes da Primeira Guerra Mundial. Esta seria uma época dourada caracterizada por fortes investimentos, crédito fácil e especulação que atingiria o seu auge em Outubro de 1929, após a devastadora queda da Bolsa de Wall Street. As consequências dramáticas não tardariam a fazer-se sentir: incalculáveis perdas econômicas, mais de três mil bancos na bancarrota e um grande número de famílias na mais completa ruína. O documentário aproxima-se desta época conturbada através dos testemunhos de pessoas que viveram este período histórico. Conta além disso com arquivo inédito da época e com a opinião de especialistas que irão comparar aquela época com a atual para compreender a situação que o mundo enfrenta neste momento.
Direção: Joanna Bartholomew
Ano: 2009
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 60 min