“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Discriminação em regime

A África do Sul não foi o único país a ter segregação racial como política de Estado, mas foi um dos mais sangrentos.
     Em outubro de 1986 o avião do então presidente de Moçambique, Samora Machel, caiu em território sul-africano. Todos a bordo morreram e o governo da Cidade do Cabo foi suspeito pela tragédia. Coincidentemente formou-se uma comissão mista, com representantes moçambicanos e sul-africanos para apurar as causas do acidente, mas nada se provou. Impedida de ir ao sepultamento de Samora Machel, Winnie Mandela (segunda esposa do líder sul-africano Nelson Mandela)trocou cartas com a viúva, Graça Machel. Em resposta a uma delas, Graça escreveu: Aqueles que prenderam o seu marido são os mesmos que mataram o meu. Eles pensam que ao abaterem as árvores mais altas podem destruir a floresta. Mas a história nunca esquecerá os nomes de Samora Machel e Nelson Mandela.”
     A trajetória desses dois homens se cruzou a partir da luta por autonomia de seus países. Samora Machel foi o primeiro presidente de Moçambique independente, depois de uma guerra contra os portugueses que durou mais de dez anos; Nelson Mandela, líder do Congresso Nacional Africano, condenado a prisão perpétua em 1962 por alta traição por combater o Apartheid , na África do Sul.
     O regime do Apartheid, “segregação” na língua africâner, foi implantado pelo primeiro-ministro Hendrik Verwoerd em 1948. Este sistema político defendia o  desenvolvimento político separado e uma supremacia branca em relação a todos os diferentes grupos que compunham a população nacional: negros das diferentes etnias, mestiços e outros imigrantes não-brancos, como os indianos. Era herdeiro de uma ideologia cujas origens remetiam também a doutrina religiosa dos primeiros colonizadores da região, os africânderes - descendentes dos bôeres, holandeses que se estabeleceram durante o século XVII no Cabo da Boa Esperança.
     A comunidade que lá se formou desenvolveu cultura e língua própria (o africâner), e um calvinismo particular, que os fazia acreditar que eram eleitos por Deus.  Isso legitimava a ocupação do território e expulsão dos negros porque sua missão era preservar as diferenças “naturais” das raças. Misturá-las ou igualá-las seria contrariar a lei divina.
     A presença britânica na África do Sul acentuou ainda mais o abismo existente entre a população negra e os brancos. Ao tomarem o cabo dos bôeres em 1815, os ingleses forçaram uma intensa migração para além do rio Orange, o maior da África do Sul. Essa migração contou com um confronto direto entre os africânderes com os povos xhosas, suazis e zulis que habitavam a região, com um massacre destas populações.
     Os bôeres fundaram no local as repúblicas do Transvaal e o Estado Livre do Orange, anexadas ao território inglês depois da Guerra dos Bôeres, que durou até 1901. Com a guerra, muitos proprietários africânderes empobreceram e foram obrigados a trabalhar nas minas e nas fábricas, reivindicando para si melhores salários e empregos em relação aos negros.
Apenas em 1910 houve uma reconciliação entre ingleses e africânderes e surgiu União Sul-Africana, cuja liderança política era a dos descendentes dos bôeres. A legislação desse novo país excluía os direitos dos que não tinham ascendência europeia, limitando o acesso de terras aos negros, mestiços e indianos a apenas 8% do território sul-africano. A eles restavam apenas as regiões menos férteis e sem jazidas de minerais.
     Por mais espantoso que isso possa parecer nos dias atuais, a África do Sul não foi o único país a adotar a segregação como política de Estado. Além do caso mais óbvio da Alemanha de Hitler, ou das leis segregacionistas do sul dos EUA que vigoraram até a década de 1960, outras colônias europeias na África também governavam deste modo.
     Diferente da imagem idílica construída por Gilberto Freyre a respeito da colonização portuguesa na África, grande parte das colônias lusitanas possuía um estatuto especifico para a população negra. O Estatuto do Indigenato, decretado em 1954, é o exemplo mais claro disto, já que classificava a população negra em indígenas e assimilados.
     Assim como o processo de subjugação dos negros na África tem a ver com a constituição história desses países, a luta contra isto também é muito antiga.  Na África do Sul, antes da I Guerra Mundial, alguns grupos de negros tentaram o apoio de Londres contra essas medidas tão restritivas. Sem sucesso.
     Em 1912 foi fundado o Congresso Nacional dos Nativos Sul-Africanos, que na década de 1920 se transformou no Congresso Nacional Africano. Esta foi uma das organizações mais importantes da luta contra o Apartheid. Outros grupos também se organizaram como A Organização Política Africana (1902), que reunia mestiços, e o Congresso Indiano Sul-Africano (1912), formado por imigrantes indianos.
     A oposição à política de Estado se intensificou quando o regime se radicalizou ainda mais. A partir de 1930 muitos africânderes embarcaram para Alemanha para concluir os seus estudos. Ao terem contatos com a política de Hitler, notaram a possibilidade de conciliar prática e discurso, possibilitando justificar e tornar “legítimos” argumentos que antes eram baseados apenas na religião.
     Ao retornarem à África do Sul, esses brancos sul-africanos desenvolveram o “nacional-cristianismo”, além de um sistema que pudesse “proteger” a raça e a cultura africânder. Esta foi a ideia principal do Partido Nacionalista, criado em 1938, e que venceu as eleições e assumiu o governo no final da década de 1940.
     Ao assumirem o poder, os nacionalistas impuseram leis ainda mais restritivas como as que proibiam as relações sexuais e casamento interraciais, e as que separavam as residências por categorias raciais: os não-brancos deveriam viver em reservas. Além disso, restringiam o acesso aos negros a todas as áreas das cidades e os obrigavam ao uso de passaporte. Desobedecer estas ordens significava prisão e condenação.
     Toda tentativa de oposição ao governo foi reprimida de maneira truculenta como a destruição do bairro de Sophiatown, em que 60 mil pessoas foram expulsas de suas casas. Ou o massacre de Shaperville, em 1960, quando 70 pessoas foram mortas e 250 feridas. Ou, ainda, em 1976, em Soweto, quando crianças e jovens foram mortos por reivindicarem um ensino de qualidade. Em 20 anos de regime, há uma estimativa de 2 milhões de pessoas removidas de suas moradias, 4 milhões presas por não portarem o passaporte e 7 mil prisioneiros políticos.
     Até a década de 1960, as denúncias feitas à Organização das Nações Unidas (ONU) não surtiram efeito: países como EUA e Inglaterra se colocavam indiferentes ao problema, já que as relações comerciais com a África do Sul eram mais importantes que as preocupações humanitárias.
     No entanto, a partir deste período houve uma mudança no cenário internacional com uma crescente valorização de ideais como democracia, desenvolvimento nacional e justiça social. A opinião pública fora da África do Sul passou a criticar esse regime, motivando protestos em outros países. Diante das crescentes animosidades ao regime, a África do Sul deixou de fazer parte do conjunto de países que compunham a Commonwealth, grupo transnacional formado prioritariamente por ex-colônias britânicas, e se declarou república independente em 1961. Com isso manteve a política de segregar e reprimir violentamente sem qualquer contestação.
     A política internacional na década de 70 contribuiu para mudar os rumos do Apartheid. Diante da situação de extrema pobreza e caos social, a ONU decretou o embargo ao fornecimento de armas para o país e em seguida recomendou aos países membros o boicote ao fornecimento de petróleo. Em 1974, o país foi excluído da Assembleia Geral da ONU.
     As sanções internacionais não se limitaram à ONU. O país foi boicotado nos esportes e nos encontros internacionais sobre educação, cultura e leis trabalhistas. Na década de 80, ocorreram as punições econômicas. Diante deste cenário, o regime passou a adotar medidas completamente contraditórias como a ampliação de certos direitos a população asiática, ao mesmo tempo em que aumentava a repressão contra todos sul-africanos sem ascendência europeia.
     O Apartheid ainda durou até 1992, quando o seu término foi aprovado pela população branca durante o governo de Frederik de Klerk. O país só conheceu eleições livres em 1994, em que Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, instaurando um governo de unidade nacional, com garantias de que não aconteceria uma guerra de cunho racial. A África do Sul, enfim, era de todos sul-africanos.
     Quatro anos depois, Mandela se casou com Graça Machel, viúva de Samora. Mais uma vez a trajetória desses heróis se cruzaram, ainda que em diferentes planos.

Cristiane Nascimento é pesquisadora da Revista de História da Biblioteca Nacional.

Saiba Mais - Bibliografia
Hernandez, Leila Maria Gonçalves. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005

Saiba Mais - Internet
FRY, Peter. Culturas da diferença: seqüelas das políticas coloniais portuguesase britânicas na áfrica austral. Afro-Ásia, 29/30 (2003), 271-316.
MAZRUI, Ali A (Ed.). Coleção História Geral da África. Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010. Vol. VIII.

Saiba Mais – Link

Saiba Mais – Filmes
Um Grito de Liberdade (Cry Freedom)
A história de uma amizade memorável entre dois homens inesquecíveis. A tensão e o terror da atualidade da África do Sul é poderosamente retratada neste emocionante filme realizado por Richard Attenborough, que nos conta a história de um ativista negro Stephen Biko (Denzel Washington) e de um editor liberal de um jornal branco que arrisca a sua própria vida para divulgar ao Mundo a mensagem de Biko. Depois de ter conhecimento dos verdadeiros horrores do Apartheid, através das descrições de Biko, o editor Donald Woods (Kevin Kline) descobre que o seu amigo foi silenciado pela polícia. Determinado a fazer ouvir a mensagem de Biko, Woods embarca numa perigosa aventura para escapar da África do Sul e divulgar ao mundo a impressionante história de coragem de Biko. A fascinante história mostra as facetas da humanidade nas suas vertentes mais terríveis e mais heroicas.
Direção: Richard Attenborough
Ano: 1987
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 157 minutos

Em Nome da Honra (Catch a Fire)
Os tempos são difíceis para os negros da África do Sul, mas Patrick Chamusso (Derek Luke) tem a sua casa, sua família, e um bom emprego na refinaria de óleo de Secunda. Ele não quer tomar partido no movimento anti-Apartheid, preferindo ao invés disto, levar uma vida comum. Patrick está ausente do trabalho quando terroristas tentam explodir a refinaria. Ele tirou o dia de folga para assistir o time de futebol que ele treina jogar na final, e para visitar secretamente o filho que tem com sua ex-namorada. Nic Vos (Tim Robbins), um policial branco que tenta manter a ordem em situações voláteis, prende Patrick e dois trabalhadores negros. Para manter o seu casamento, Patrick esconde o álibi que poderia salva-lo, até que a esposa é presa e espancada e ele mente que ajudou os terroristas. Mas Vos percebe a mentira em sua confissão e o liberta. Patrick volta para casa transtornado, e se junta aos ativistas na luta por um novo país.
Direção: Phillip Noyce
Ano: 2006
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 110 minutos

Mandela Luta Pela Liberdade (Goodbye Bafana)
Essa é a emocionante história de Nelson Mandela, o líder negro sul-africano que durante mais de 20 anos ficou preso pelo regime racista do Apartheid. Contada através das memórias de James Gregory, que durante todo tempo foi o guarda responsável por censurar e informar as autoridades o que se passava ao redor daquele que mais tarde se transformaria no presidente da África do Sul. Essa convivência mudaria para sempre a vida e o modo de pensar de Gregory. Aos poucos o ódio se transforma em respeito, abrindo as portas para uma grande amizade.
Direção: Bille August
Ano: 2007
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 140 minutos



Em Minha Terra (Country of My Skull)
Em 1996, o Governo Sul Africano estabeleceu a Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR) para investigar os abusos aos direitos humanos durante o Apartheid. Sob o comando do Prêmio Nobel da Paz, Arcebispo Desmond Tutu, a comissão era responsável por examinar os atos cometidos entre Março de 1960, a data do massacre de Sharpeville, e 10 de Maio de 1994, o dia do início de Nelson Mandela como Presidente. Sendo nomeados como membros da imprensa internacional juntos, Langston (Samuel L. Jackson) e Anna (Juliette Binoche) se conhecem e sentem imediatamente antipatia devido a seus pontos de vista opostos sobre os interrogatórios. À medida que o tempo passa, a experiência compartilhada de ouvir os testemunhos tocantes e penosos os aproxima.
Direção: John Boorman
Ano: 2004
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 105 minutos 

sábado, 30 de novembro de 2013

Os olhos cheios de cores

Explorando contrastes estéticos e propondo uma forma mais colorida de se entender o país, o movimento tropicalista virou pelo avesso a cultura popular brasileira no final dos anos 60.
   “Por entre fotos e nomes/ os olhos cheios de cores...” Os versos de Caetano Veloso, embalados pelas guitarras estridentes, sacudiam as jovens tardes de domingo da nascente mídia eletrônica no final de 1967. Nascia o Movimento Tropicalista, com a proposta de engolir tudo que se repudiava como kitsch ou rançoso, produzindo uma nova forma, muito mais colorida, de enxergar as coisas, de entender o país, de assumi-lo ambiguamente como antigo e moderno ao mesmo tempo.
     Em vez do nacionalismo, sugeria pensar a cultura local em diálogo permanente com a cultura universal; em vez de algo impalpável tratado como popular, lidar com a realidade concreta das massas urbanas e de seus meios de comunicação. Propunha, enfim, a contaminação do cenário popular pelo show business, associando-se a guitarra do rock de Jimi Hendrix e dos Beatles ao berimbau da capoeira e à sanfona do baião de Luiz Gonzaga. E, heresia das heresias, para a crítica cultural da época, apresentar-se no Programa do Chacrinha, um ícone popular da televisão e do mau gosto.
     Pouco menos de quarenta anos antes, o poeta Oswald de Andrade, num tom muito semelhante, havia escrito o “Manifesto Antropófago”. No “Manifesto”, Oswald propunha uma experiência de contaminação com as culturas que nos cercam, o que condiz com a estética e a prática tropicalistas. Quatro anos antes, no “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, ele já ensaiava essa linha de entendimento do país, numa visão do Brasil em cores, e não em preto-e-branco. Dizia Oswald no manifesto publicado pelo "Correio da Manhã" em 1924: “Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos”.
     Quatro anos antes, no “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, Oswald já recusa o entendimento linear, fechado, para interpretar o país. A inspiração da filosofia nietzschiana não acaba nesse retrato do Brasil em que colaboram o erudito e o popular, o elevado e o carnavalesco, pois, de maneira irreverente, Oswald critica a tradição antiquária e bacharelesca há muito entranhada entre nós, como o “lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos”; “Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia”; as “frases feitas”; o “falar difícil” e “os homens que sabiam tudo [e que] se deformaram como borrachas sopradas”. Oswald então investe contra o “gabinetismo” e “a prática culta da vida” propondo uma linguagem fragmentada e não-erudita: “Como falamos. Como somos.” E a alquimia tropicalista da união de contrários já se encontra presente no projeto modernista de Oswald, que reúne o primitivo (“Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos”) e o moderno (“Leitores de jornais”), “a floresta e a escola”, o “dorme nenê que o bicho vem pegá” e as “equações”.
     Retomando a discussão sobre o Movimento Tropicalista, seria interessante pensá-lo a partir de sua diferença com a bossa nova, gênero predominante até então como proposta na música brasileira. O estilo bossa-nova, que tinha surgido em 1958, é contemporâneo de uma proposta desenvolvimentista para o país, com a ascensão de Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília.
     O projeto dos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa para Brasília vinha ao encontro de um certo consenso que havia entre artistas e intelectuais sobre a possibilidade de se criar nessa linha um projeto cultural para o país.
     O fato é que a linguagem moderna de João Gilberto e Tom Jobim, entre outros, tinha tudo a ver com o traço de Niemeyer, de busca de uma linguagem artística objetiva e funcional, que cortasse qualquer excesso. Por isso, esses intérpretes e compositores recusavam os estilos musicais da geração anterior, ligados, principalmente, à Rádio Nacional, considerados exagerados, operísticos e melodramáticos. Não por acaso a gravadora Elenco, uma das mais modernas da época, contrata o designer César Vilella para introduzir nas capas de discos uma outra concepção de design, usando desenhos geométricos e fotografias em alto contraste em preto-e-branco, em contraposição às fotos coloridas e formais dos intérpretes. Tudo muito afinado com o estilo contido dos cantores e com o desempenho discreto no palco à base de banquinho e violão.
     O advento do Movimento Tropicalista reintroduz estrategicamente no cenário a rejeição ao que já tinha sido recusado dez anos antes pela bossa nova, o que se entendia como sendo uma estética excessiva, borrada de tinta pelo kitsch. Não só isso: sugere a ambiguidade, juntando o jeito clean de João Gilberto ao “sujo” de Vicente Celestino; o intimismo da voz limpa de Nara Leão com a extroversão do Chacrinha; o fino da poesia concreta ao brega dos boleros; o purismo nacionalista dos sons regionais nordestinos às informações trazidas de fora pelo rock. Os artistas baianos redescobriram Oswald e um país rico de contrastes. Essa sensibilidade se manifesta no filme "Terra em Transe", de Glauber Rocha, na peça "O Rei da Vela", do Grupo Oficina, na atuação desafiadora do artista plástico Hélio Oiticica e no desempenho, nas canções e nos figurinos, do que à época se chamou de Grupo Baiano, virando pelo avesso o que se entendia por cultura popular brasileira.
     Caetano, em entrevista ao poeta Augusto de Campos, em abril de 1968, sugere ser possível a criação e a inventividade no circuito de comunicação de massa, verdadeiro tabu naquele momento. O cantor e compositor argumenta que o artista de sua época tem duas escolhas possíveis: ou adere aos meios de comunicação ou se dedica à pesquisa “pura”, não contaminada pelos interesses vulgares da mídia.
     Se a primeira opção, raciocinava Caetano, envolveria um compromisso do artista para com o patrocinador, o gosto do público e outros entraves à sua liberdade de experimentação musical, ela solucionaria, por outro lado, o risco de se cair, justamente em decorrência de um excesso de resguardo, numa espécie de ostracismo no cenário cultural. É a partir dessa reflexão que Caetano assume radicalmente os novos meios de comunicação, pois, embora atuassem como “freio”, se constituiriam em via privilegiada, no mundo contemporâneo, para o exercício de inovações musicais. Apesar dos entraves postos no caminho do músico, os novos meios de comunicação não seriam mais perniciosos do que o excesso de seriedade – atitude assumida, segundo Caetano, pelos criadores da bossa nova ao longo da década de 60.
     Assim, numa tomada de posição contra o excesso de austeridade, Caetano procura conciliar João Cabral e Oswald de Andrade, o rigor e a alegria, a experimentação e o deboche, a “informação” e a “redundância”, ou, como lembra Augusto de Campos, “o fino e o grosso”. Nessa entrevista, Caetano define o tropicalismo como um “neoantropofagismo”.
     Hélio Oiticica fez coro com os músicos baianos ao adotar radicalmente a perspectiva estética de Oswald de Andrade na busca de uma nova imagem para a cultura brasileira. Sua formação se inicia como artista plástico ligado aos projetos construtivistas, lidando com as ideias de contenção e equilíbrio presentes no neoconcretismo, movimento carioca das artes plásticas de que participou no final da década de 50. A partir de 1964, Oiticica revolucionou sua vida e obra através de sua experiência com os casebres “nos verdes das favelas”, que, como Oswald, eram vistos por ele como “fatos estéticos”. E foi naquele ano que ele conheceu o morro da Mangueira, seus moradores, sua escola de samba e seu carnaval. Tornando-se frequentador do morro e passista da escola, Oiticica procurou enxergar a favela e sua população com “olhos livres”. Os barracos e as manifestações culturais dos moradores do morro eram vistos por ele para além de seus aspectos folclóricos na cultura popular brasileira, pois foi a partir da descoberta da Mangueira que sua obra se voltou definitivamente para o uso inovador do corpo e para a participação do espectador nas suas instalações. Trabalhos como os Parangolés e conceitos como o Crelazer abriram novos horizontes para as artes e para a cultura brasileira, ligando-se diretamente às suas andanças pelas favelas cariocas. Sua identificação com a Mangueira, suas vielas e barracos foi consequência de uma trajetória artística que sempre questionou padrões acadêmicos pré-definidos. A obra Tropicália, de 1967, foi a síntese estética dessa revolução.
     Em textos escritos sobre o tropicalismo, Oiticica destacou o projeto de modernização da música popular de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Afirmava que suas ações ganhavam contornos “dramáticos”, pois levavam para a arena da cultura de massas temas ligados aos “problemas universais na arte de vanguarda”. Esse era um debate que, até o surgimento dos músicos, travava-se apenas nos meios acadêmicos ou na crítica cultural especializada. Para Oiticica, as manifestações de Gil, Caetano e os Mutantes não eram simples apresentações de músicos. Quebrando os padrões estéticos que imperavam no show business brasileiro da época, ainda ligados ao estilo de contenção e refinamento da bossa nova, os tropicalistas não mais vestiam smoking em suas performances. Também dispensavam em suas apresentações o banco servindo de apoio ao violão e uma orquestra ou conjunto musical discreto no fundo do palco. Os tropicalistas adotaram inovações, como o uso de guitarras, amplificadores, cenários e figurinos. O excesso banido pelos anos da bossa nova voltava à cena, fazendo parte de uma organização estratégica em que tais elementos não eram apenas acessórios “aplicados sobre uma estrutura musical”, mas sim uma síntese criativa de diferentes áreas da arte, como a música, o teatro e as artes plásticas. Oiticica observava em várias frentes – shows, capas de disco, roupas – a existência de uma linguagem visual complexa e universal. No palco tropicalista, “os elementos não se somam como 1+1=2, mas se redimensionam mutuamente”. Nos trabalhos e apresentações dos baianos – e no seu trabalho também – o artista plástico procurou ir ao encontro dos elementos descritos por Oswald em “Pau-Brasil”: a “síntese”, o “equilíbrio”, a “invenção”, a “surpresa”, uma “nova escala” e uma “nova perspectiva”.
     O tropicalismo rompeu radicalmente com o país em preto-e-branco, contido e de smoking, e inaugurou um país colorido, fragmentado e universal, criando uma nova imagem para o Brasil. A cor local é recuperada, sem dúvida, embora não atenda a expedientes exóticos, folclorizantes. Mesmo porque o movimento incorpora, como prescrevia Oswald de Andrade no “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, “o melhor da nossa tradição lírica” – como as canções sentimentais e melodramáticas divulgadas pela Rádio Nacional –, sem deixar de contemplar “o melhor da nossa demonstração moderna” – como as canções da bossa nova interpretadas por João Gilberto. O tropicalismo, paradoxalmente, adotou uma prática colorida e aberta o suficiente para incluir a estética cool do preto-e-branco. É como se o receituário de Oswald, no sentido de sermos “apenas brasileiros de nossa época”, não se completasse sem o modelo de desafinação legado pelos bossa-novistas. Segundo Caetano, em “Saudosismo”, canção de 1968, os tropicalistas teriam aprendido com João Gilberto “pra sempre a ser desafinados”. 

Santuza Cambraia Naves é autora de “Da bossa nova à tropicália”. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001, e professora do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio.
Frederico Oliveira Coelho é doutorando em Letras na mesma instituição. Ambos integram o Núcleo de Estudos Musicais – CESAP/UCAM.

Saiba Mais Link
Não à guerra civil
Sem resistir ao golpe, João Goulart partiu para o exílio e evitou uma luta sangrenta entre reformistas e golpistas.
A salvação da pátria
Para os jornais paulistanos, o golpe militar foi a defesa da lei e da ordem. 
O sol sem peneira
O apoio da sociedade civil foi fundamental para a longa vida da ditadura militar no Brasil. 

Saiba Mais Filmes
Tropicália
Com depoimentos reveladores, raras imagens de arquivo e embalado pelas mais belas canções do período, “Tropicália” nos dá uma panorama de um dos mais fascinantes movimentos culturais do Brasil. O documentário resgata uma fase da história do Brasil em que cena musical fervilhava e os festivais revelavam vários novos talentos. Ao mesmo tempo, o Brasil sofria com a ditadura dos generais no poder, o que fez com que Caetano e Gil fossem exilados do país. Com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal costa, Arnaldo Baptista, Sérgio Dias, Rita Lee, Tom Zé e outros.
Direção: Marcelo Machado
Ano: 2012
Áudio: Português
Duração: 89 minutos


 Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now!
Este documentário traz um olhar direcionado para um dos movimentos culturais mais efervescentes da história do Brasil, a Tropicália. O filme reúne entrevistas, intervenções artísticas, esquetes e imagens do show de André Abujamra, criando uma ligação entre os eventos ocorridos no final da década de 1960 e os dias atuais.
Direção: Francisco César Filho, Ninho Moraes
Ano: 2011
Áudio: Português
Duração: 76 minutos





Uma noite em 67
Filme sobre a final do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, 21 de outubro de 1967, que revolucionou a música brasileira. Entre os candidatos aos principais prêmios figuravam Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo, protagonista da célebre quebra da viola no palco. As músicas: "Roda Viva", "Ponteio", "Alegria, Alegria", "Domingo no Parque". Com imagens de arquivo e apresentações de músicas hoje clássicas, o filme registra o momento do tropicalismo, os rachas artísticos e políticos na época da ditadura e a consagração de nomes que se tornaram ídolos.
Direção: Renato Terra / Ricardo Calil
Ano: 2010
Áudio: Português
Duração: 85 minutos

Terra Em Transe (1967)
Na fictícia República de Eldorado, Paulo Martins (Jardel Filho) é um jornalista idealista e poeta ligado ao político conservador em ascensão e tecnocrata Porfírio Diaz (Paulo Autran) e sua amante meretriz Silvia (Danuza Leão), com quem também mantêm um caso formando um triângulo amoroso. Quando Porfírio se elege senador, Paulo se afasta e vai para a província de Alecrim, onde conhece a ativista Sara (Glauce Rocha). Juntos eles resolvem apoiar o vereador populista Felipe Vieira (José Lewgoy) para governador na tentativa de lançarem um novo líder político, supostamente progressista, que guie a mudança da situação de miséria e injustiça que assola o país. Ao ganhar a eleição, Vieira se mostra fraco e controlado pelas forças econômicas locais que o financiaram e não faz nada para mudar a situação social, o que leva Paulo, desiludido, a abandonar Sara e retornar à capital e voltar a se encontrar com Sílvia. Se aproxima de Júlio Fuentes (Paulo Gracindo), o maior empresário do país, e lhe conta que o presidente Fernandez tem o apoio econômico de uma poderosa multinacional que quer assumir o controle do capital nacional. Quando Diaz disputa a Presidência com o apoio de Fernandez, o empresário cede um canal de televisão para Paulo que o usa para atacar o candidato. Vieira e Paulo se unem novamente na campanha, até que Fuentes trai ambos e faz um acordo com Diaz. Paulo quer partir para a luta armada mas Vieira desiste.
Direção: Glauber Rocha
Ano: 1967
Áudio: Português
Duração: 109 minutos

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Construtores do Brasil

     A série Construtores do Brasil traz a biografia de 25 personalidades que tiveram papel predominante na formação política, histórica e geográfica do País.
     Há personagens conhecidos e outros nem tanto, a começar pelo índio Ajuricaba, chefe da tribo dos Manaus, no rio Amazonas, que no século XVIII lutou contra a ocupação portuguesa. Ou Plácido de Castro, gaúcho que liderou seringueiros no Norte do País e, com isso, foi um dos principais responsáveis pela anexação ao Brasil do atual estado do Acre.
     Ajuricaba não é o único líder indígena na série. Tibiriçá, um dos fundadores de São Paulo, e Filipe Camarão, herói da luta contra os holandeses, também são homenageados.
     Os heróis de lutas contra dominadores ou colonizadores têm papel de destaque. Além de Ajuricaba, Plácido de Castro e Filipe Camarão, são biografados Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Anita Garibaldi, Frei Caneca, Henrique Dias e Maria Quitéria, além de políticos, militares e estadistas como o barão do Rio Branco, o almirante Tamandaré, o duque de Caxias, Bento Gonçalves, José Bonifácio de Andrade e Silva, Luís Carlos Prestes e o bandeirante Raposo Tavares.
     O bandeirante é um dos representantes dos personagens que ajudaram o Brasil a ter a formação geográfica atual - um dos critérios de escolha dos homenageados. Padre Manuel da Nóbrega e o navegador Pedro Álvares Cabral também entram nessa categoria.
     Quatro ex-presidentes da República (Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek), um imperador (Dom Pedro I) e uma regente (a princesa Isabel) são os dirigentes do País que constam da lista.

01-Bento Gonçalves
Nos dez anos da Guerra dos Farrapos (1835-1845) contra o Império, Bento Gonçalves foi o estrategista militar e presidente da República de Piratini, fundada pelos revoltosos. Apesar de aceitar o cargo, nunca foi entusiasta do separatismo do Rio Grande do Sul.
Nasceu em Triunfo (RS), em 23 de setembro de 1788, e morreu em 18 de julho de 1847, na cidade de Pedras Brancas (RS).
02-Plácido de Castro
Gaúcho radicado no Acre, liderou os seringueiros que, com trabalho e sangue, incorporaram aquele torrão ao território brasileiro. Sua ação de defesa abriu a frente diplomática com que o Brasil negociou o Tratado de Petrópolis com a Bolívia em 1902.
Nasceu em São Gabriel (RS), no dia 9 de dezembro de 1873, e morreu em 9 de agosto de 1908, em Benfica (AC).
03-Floriano Peixoto
Filho de lavradores, passou de soldado raso a Marechal do Exército. Exerceu a Presidência defendendo os interesses nacionais e o povo brasileiro. Seu maior feito foi derrotar as tentativas de restauração da Monarquia, e assim consolidou a República.
Nasceu em Ipioca (AL), no dia 30 de abril de 1839, e morreu em 29 de junho de 1895, na cidade de Barra Mansa (RJ).
04-Frei Caneca
Padre carmelita, intelectual e guerreiro, foi um liberal republicano. Participou da Revolução Pernambucana de 1817 e chefiou a Confederação do Equador em 1824. Condenado ao patíbulo, teve de ser fuzilado porque nenhum carrasco aceitou enforcá-lo.
Nasceu no Recife (PE), no ano de 1779, e morreu na mesma cidade, em 13 de janeiro de 1825.
05-Tiradentes
Líder da Conjuração Mineira de 1789, o alferes Joaquim José da Silva Xavier passou à história como um precursor idealista e ousado da Independência do Brasil. A Coroa portuguesa mandou executá-lo e esquartejá-lo, além de amaldiçoar seus descendentes.
Nasceu em São José Del-Rei (hoje cidade de Tiradentes), em Minas Gerais, no ano de 1746, e morreu em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro (RJ).
06-Filipe Camarão
Índio potiguar, chamado Poti em sua tribo. Convertido ao cristianismo, recebeu o nome de Antônio Filipe pelos jesuítas que o educaram, numa homenagem a Filipe IV, rei da Espanha. Chefiou tropas na luta contra os invasores holandeses. Guerreou de Pernambuco à Paraíba e na primeira Batalha de Guararapes (1648), recebendo o título de dom.
Nasceu por volta de 1600, na Capitania do Rio Grande (atualmente, Rio Grande do Norte), e morreu em 1648, no Recife (PE).
07-José Bonifácio de Andrada e Silva
Cientista e homem de letras, foi o maior estadista brasileiro. Organizou um projeto nacional que incluía a libertação nacional, a abolição da escravatura, a reforma agrária e a integração dos índios. Arquitetou a fundação e a consolidação do Império do Brasil.
Nasceu em Santos (SP), no dia 13 de julho de 1763, e morreu no dia 6 de abril de 1838, em Niterói (RJ).
08-Princesa Isabel
Na primeira vez em que assumiu a Regência do Império, em virtude de viagem de seu pai, o Imperador Pedro II, sancionou a Lei do Ventre Livre. Na terceira, assinou a Lei Áurea, aprovada no Parlamento para decretar a inevitável abolição da escravatura.
Nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 29 de julho de 1846, e morreu em 14 de novembro de 1921, na Normandia (França).
09-Raposo Tavares
Bandeirante polêmico, combateu os holandeses no Nordeste e conquistou territórios espanhóis no Sul. Num feito épico, a sua Bandeira de Limites, em 1647, percorreu 10 mil km de São Paulo ao Pará e definiu as linhas de fronteira do Brasil.
Nasceu em Beja de S. Miguel (Portugal), em 1598, e morreu em 1658, na cidade de São Paulo (SP).
10-Ajuricaba
Príncipe dos manaus, tribo do Amazonas, tornou-se símbolo da insubmissão dos índios à opressão colonial. Nunca aceitou a ocupação portuguesa e liderou ataques guerrilheiros aos traficantes de escravos. Capturado, atirou-se no rio e cobriu-se de lendas.
Viveu no Século XVIII. Nasceu no estado do Amazonas e morreu no Pará.
11-D. Pedro I
Era o mais brasileiro dos integrantes da Família Real que se mudou para o Brasil em 1808. Conduzido por José Bonifácio de Andrada e Silva, o jovem e impetuoso príncipe português fundou o Império do Brasil com a célebre frase "Independência ou Morte".
Nasceu em 12 de outubro de 1798, na cidade de Queluz (Portugal), e morreu em 24 de setembro de 1834, na mesma cidade.
12-Pe. Manoel de Nóbrega
Homem de Estado sob o hábito de catequista, mudou o rumo da colonização no litoral e em 1554 fundou São Paulo no sertão. "Não há acontecimento importante na História do Brasil daquela época a que não esteja ligado o seu nome", disse o escritor Stefan Zweig.
Nasceu na província de Entre-Douro-e-Minho (Portugal), em 18 de outubro de 1517, e morreu em 18 de outubro de 1570, no Rio de Janeiro (RJ).
13-Zumbi dos Palmares
Zumbi é símbolo da penosa e brava luta dos negros contra a escravidão. Como uma espécie de rei do Quilombo de Palmares, incentivou a fuga dos escravos e enfrentou várias expedições de extermínio até retirar-se para a guerrilha. Traído, foi morto numa emboscada.
Zumbi nasceu em uma das aldeias do então Quilombo de Palmares, entre Pernambuco e Alagoas, provavelmente em 1655, e foi morto na atual Serra dos Dois Irmãos, em Viçosa (AL), em 20 de novembro de 1695.
14-Tibiriça
Na cripta da Catedral da Sé de São Paulo, ao lado de personalidades como o regente Feijó e o inventor Bartolomeu de Gusmão, jaz Tibiriçá. Sogro de João Ramalho, amigo de Martim Afonso de Sousa, o tuxaua guaianá ajudou os jesuítas a fundar São Paulo. Está na raiz de 16 gerações de mamelucos, entre eles muitos quatrocentões paulistas que vieram a constituir um povo novo nos trópicos.
Nasceu em São Paulo (SP), em data desconhecida, e morreu na mesma cidade, em 1562.
15-Juscelino Kubitschek
Com as bandeiras da concórdia e do desenvolvimento, JK implantou programas de infra-estrutura e expandiu a indústria com o lema "50 anos em 5". Em sua obra resplandece Brasília. Erguida na solidão do Planalto, a nova capital mudou a geografia do Brasil.
Nasceu em Diamantina (MG), no dia 12 de setembro de 1902, e morreu no dia 22 de agosto de 1976, em Resende (RJ).
16-Anita Garibaldi
Casada com o libertador italiano Giuseppe Garibaldi, que se engajara na Revolta dos Farrapos em 1836, participou com o marido de combates aqui e na Europa. É reconhecida no Brasil e na Itália como paladina da liberdade nos dois continentes.
Nasceu em Laguna (SC), em 1821, e morreu na cidade de Ravena (Itália), em 4 de agosto de 1849.
17-Getúlio Vargas
Líder civil da Revolução de 1930, comandou a modernização do Estado brasileiro com políticas nacional-desenvolvimentistas. No seu legado sobressaem as bases da industrialização, a legislação trabalhista e a participação do Brasil na II Guerra.
Nasceu em São Borja (RS), em 19 de abril de 1882, e morreu em 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro (RJ).
18-Almirante Tamandaré
Aos 15 anos, Joaquim Marques Lisboa embarcou como praticante de piloto em um navio de guerra, para seguir uma carreira de glórias militares. Conhecido como Almirante Tamandaré, entre seus feitos está a espetacular vitória brasileira na até então maior batalha naval das Américas, a de Riachuelo (1865), na Guerra do Paraguai.
Nasceu em Rio Grande (RS), no dia 3 de dezembro de 1807, e morreu no Rio de Janeiro (RJ), em 20 de março de 1897.
19-Duque de Caxias
Maior chefe militar da História do Brasil, Luís Alves de Lima e Silva foi o único brasileiro a receber o título de duque. Conduziu as tropas da Tríplice Aliança à vitória na Guerra do Paraguai, mas ficou conhecido como o Pacificador, por sempre propor a paz antes do combate.
Nasceu em 25 agosto de 1803, na Vila de Porto da Estrela, Capitania do Rio de Janeiro, atual município de Duque de Caxias (RJ). Morreu em 7 de maio de 1880, em Valença (RJ).
20-Pedro Álvares Cabral
Ao zarpar do Rio Tejo, em 8 de março de 1500, com a maior armada até então organizada em Lisboa, o almirante tinha a missão oficial e pública de ir à Índia. Mas seu grande feito foi tomar posse da que seria a maior obra do Ciclo dos Descobrimentos portugueses.
Nasceu na cidade de Belmonte (Portugal), em 1467 (ou 68), e morreu em Santarém (Portugal), em 1520 (ou 26).
21-Henrique Dias
Negro liberto, chefiou um batalhão de homens livres e escravos na guerra contra os holandeses no Nordeste, inclusive nas decisivas Batalhas de Guararapes. Foi ferido sete vezes. Condecorado pela Coroa portuguesa, pediu a liberdade para seus soldados.
A data de seu nascimento é desconhecida. Morreu em junho de 1682, em Recife (PE).
22-Deodoro da Fonseca
Chefe militar de grande prestígio na tropa, desferiu um golpe na escravidão quando decidiu que o Exército não mais perseguiria negros fugitivos. Proclamador e primeiro presidente da República, preferiu renunciar a lançar o país numa guerra civil.
Nasceu na cidade de Alagoas (atual cidade de Marechal Deodoro), em Alagoas, no dia 5 de agosto de 1827, e morreu em 23 de agosto de 1892, no Rio de Janeiro (RJ).
23-Maria Quitéria
Na luta pela Consolidação da Independência na Bahia, uma surpresa: o soldado Medeiros, bravo e audaz, era na verdade Maria Quitéria de Jesus. Pelo exemplo de altivez e independência, tornou-se símbolo do movimento de emancipação feminina.
Nasceu em Feira de Santana (BA), no ano de 1792, e morreu em 21 de agosto de 1853.
24-Luís Carlos Prestes
Chefiou a grande marcha da Coluna Prestes durante 29 meses e 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil. Foi secretário-geral do Partido Comunista. Comandou o movimento modernizador e preparatório da Revolução de Trinta.
Nasceu em Porto Alegre (RS), no dia 3 de janeiro de 1898, e morreu no Rio de Janeiro (RJ), em 7 de março de 1990.
25-Barão do Rio Branco
Professor, político, jornalista, diplomata e historiador, José Maria da Silva Paranhos Júnior foi unanimidade nacional como chanceler de quatro governos, de 1902 a 1912. Consolidou as fronteiras e formulou uma política diplomática à altura da grandeza do Brasil.
Nasceu em 20 de abril de 1845, e morreu em 10 de fevereiro de 1912, no Rio de Janeiro (RJ).

sábado, 26 de outubro de 2013

Sem razão e com força

Fantasma da ditadura de Pinochet continua a povoar o imaginário do Chile 40 anos depois do golpe.
   O início da década de 1970, o Chile era visto como uma exceção na América Latina, e orgulhava-se disto. Desde 1925 mantinha a mesma ordem constitucional e elegia seus representantes democraticamente. Os principais partidos haviam sido fundados há décadas, organizavam-se por padrões ideológicos (esquerda, centro, direita) e tinham sólida base social. Os movi­mentos estudantil e sindical eram fortes. Os governos aplicavam políticas consideradas ainda hoje avança­das, como a reforma agrária promovida no governo do presidente Eduardo Frei (1964-1970). Por fim, acreditava-se no profissionalismo dos militares, que mantinham um distanciamento do ambiente político considerado adequado ao respeito à supremacia da autoridade civil.
     Este contexto levou a maioria da esquerda a crer que era possível avançar em reformas estruturais rumo ao socialismo mantendo a institucionalidade democrática. Seu líder era Salvador Allende, médico, maçom, fundador do Partido Socialista (PS), político de larga experiência e eleito presidente em 1970 pela Unidade Popular (UP), em aliança com o Partido Comunista e o Partido Radical. Allende obteve 36,22% dos votos, seguido pelo candidato da direita, Jorge Alessandri Rodriguez, do Partido Nacional (34,9%), e pelo democrata-cristão Radomiro Tomic (27,81%). O Congresso Nacional, composto por larga maioria oposicionista, ratificou a vitória de Allende - medida exigida pela legislação eleitoral então em vigor.
     Ao contrário do socialismo real - inclusive de Cuba, que vivia em júbilo revolucionário desde 1959 - Allende falava em uma "via chilena ao socialismo", na qual existissem pluralismo, democracia e liberdade. Mas também se diferenciava da social-democracia europeia, que abrira mão do socialismo.
     Os tempos eram turvos para as ideias de Salvador Allende. Vivia-se a Guerra Fria e, desde sua eleição, os Estados Unidos assumiram a tarefa de sufocar o governo da UP, apoiando oposicionistas na criação do que ficou conhecido depois como um "cenário de caos" no Chile. Liberados na década passada, documentos do Departamento de Estado norte-americano comprovam o envolvimento direto do presidente Richard Nixon e de seu secretário de Estado, Henri Kissinger, em tratativas pela derrubada de Allende desde 1970. Foi estreita a participação da embaixada norte-americana na trama golpista. Some-se a isto a indisposição da classe alta e de parte da classe média chilenas com a agenda econômica socialista e com a intensa agitação popular do período. A preocupação com a "ordem" marca a cultura política chilena e, mirando com os olhos de hoje, parece ingênuo acreditar que tal plataforma política, num país conservador cujo lema pátrio é "Pela razão ou pela força", não resultaria num golpe de Estado.
     O golpe de 11 de setembro de 1973 cinde e traumatiza a sociedade chilena, e apresenta ao mundo a soturna personagem de Augusto Pinochet, um militar de trajetória medíocre e dado ao carreirismo, que fora nomeado Comandante-em-Chefe do Exército por Allende poucas semanas antes do golpe. O cenário da violência golpista, com Allende e alguns poucos aliados civis resistindo em armas ao bombardeio do palácio de La Moneda, até o desfecho com a morte do presidente, foi de confronto entre duas personalidades díspares. De um lado, um general que não hesitou em usar da violência e da perfídia para chegar ao poder; do outro, um presidente fiel à ordem constitucional e que pagou com a vida a lealdade do seu povo, como disse no seu discurso de despedida. A truculência militar enterrou o governo democrático e constitucional.
     A primeira marca da ditadura de Pinochet é o terrorismo de Estado e a extrema violência no combate aos opositores. Desde o regresso à demo­cracia, em 1990, foram reconhecidas pelo Estado chileno mais de 40 mil vítimas da ditadura, das quais mais de 3 mil foram assassinadas e boa parte segue desaparecida. Os próprios Estados Unidos se constrangeram em seguir apoiando Pinochet, particularmente após o assassinato do ex-senador socialista Orlando Letelier em plena Washington, em 1976. Tanto o governo liberal de Jimmy Cárter (1977-1980) como o conservador de Ronald Reagan (1981-1989) cobraram explicações do Chile sobre o caso.
     Mas a ditadura chilena também se caracteri­zou pela chamada "modernização conservadora". Junto a economistas ortodoxos influenciados por Milton Friedman, os "Chicago boys", Pinochet fez do Chile um pioneiro laboratório de políticas neoliberais, privatizando, abrindo a economia e reduzindo direitos sociais e trabalhistas a ní­veis apenas possíveis num cenário de extrema repressão política. Como resultado, enquanto os países vizinhos viviam recessões fenomenais, o Chile experimentou altos índices de crescimento econômico, alicerçados na abertura da economia ao mercado externo, na prioridade à produção e à exportação de commodities (como cobre, frutas e salmão) e de produtos industrializados com bai­xa tecnologia agregada (como os vinhos), o que reduziu o seu parque industrial. Para as classes alta e média, a situação representou novas pos­sibilidades de consumo, comparáveis aos países desenvolvidos. Em contrapartida, o índice de po­breza subiu de 20% da população em 1973 para 40% em 1990. Para estes, restava a baixa qualida­de dos serviços públicos, como a previdência, a saúde e a educação.
     Pinochet deixou o governo do Chile em 1990, depois de derrotado em um plebiscito dois anos antes sobre sua permanência no poder por mais oito anos. Sucedeu-o a Concertación, coalizão de partidos de centro-esquerda liderada pelos democrata-cristãos e pelos socialistas. Entretanto, 43% dos chilenos votaram pela permanência de Pinochet no poder em 1988, o que demonstra sua popularidade duradoura e incomum em face de outros ditadores do Cone Sul.
     Durante o governo da Concertación, o Estado chileno promoveu diversas iniciativas em prol da "verdade e da reparação das violações dos direitos humanos cometidas na ditadura", conseguindo, nesta matéria, resultados muito mais importan­tes dos que os vistos até agora no Brasil. Já em 1990, poucos meses após sua posse, o presidente Patrício Aylwin criou a Comissão Nacional de Ver­dade e Reconciliação, que apresentou relatório no ano seguinte, detalhando casos de violação dos direitos humanos ocorridos após 1973. A partir de 1992, a Corporação Nacional de Reparação e Reconciliação, criada pelo governo nacional, deu continuidade ao trabalho de identificação das violações da ditadura e estabeleceu pensões e indenizações para vítimas e familiares de vítimas. Em 2003, o presidente socialista Ricardo Lagos apresentou o documento "Não há amanhã sem ontem", que deu origem à Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, que novamente realizou importantes investigações.
     Militares envolvidos nas violações dos direitos humanos durante a ditadura foram punidos por tribunais chilenos, entre eles Manuel Contreras, chefe da Dina, a polícia política de Pinochet. O ditador procurou manter uma segura distância destes casos, imputando responsabilidades ape­nas aos seus antigos subordinados. Mas, em 1998, foi detido enquanto fazia tratamento de saúde em Londres, após pedido de extradição para a Espanha por crimes de genocídio. Tal situação au­mentou a divisão dos chilenos: os partidários de Pinochet alegavam violação à soberania nacional, enquanto seus opositores e vítimas comemora­vam o vexame internacional. Após complicada tratativa diplomática, com o governo chileno atu-ando contra a extradição, Pinochet regressou ao Chile alegando que sua saúde frágil o impedia de responder em juízo.
     Outro 11 de setembro - data do golpe de 1973 - complicaria definitivamente a vida de Pinochet. Após sofrerem o maior atentado terro­rista de sua história, em 2001, os Estados Unidos iniciaram uma varredura bancária atrás de casos de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo. Vieram assim a público contas secre­tas de Pinochet no Riggs Bank, em Washington, abertas com identidades e passaportes falsos. Progressivamente, outras contas do ditador e de sua esposa e filhos apareceram em diversos países. Sem comprovar a origem dos recursos, foram processados por corrupção pela justiça chilena. Quando morreu, em 10 de dezembro de 2006 - Dia Internacional dos Direitos Humanos - Pinochet ainda respondia a processos. No ano seguinte, sua esposa e os cinco filhos foram pre­sos por corrupção.
      Allende e Pinochet ocupam lugares distintos na atual memória chilena. Em pesquisas realizadas no Chile em 2006, 82% dos entrevistados responderam que a imagem que Pinochet lega para a história é a de um ditador, e os que o viam como "um dos melhores presidentes" do país caíram de 27% para 12% em dez anos. Já a presidência de Allende foi considerada como "um bom governo com ideias mal aplicadas" por 63% dos entrevistados em 2003. Em 2008, ano do seu centenário, Allende foi eleito, em um programa de TV, o chileno mais importan­te da história. Em 2010, 67,7% dos entrevistados de uma pesquisa nacional acreditavam que Pinochet sempre soube das violações dos direitos humanos.
     O Chile atual é muito diverso do país deixado por Salvador Allende. Apesar da expressiva redução da pobreza, resultante do aumento dos investimentos sociais nos governos da Concertación, os chilenos desconfiam das instituições, clamam por qualidade da democracia e melhores serviços públicos. O PS de Allende abraçou o reformismo social-democrata, combinando o respeito às regras da democracia e à economia de mercado com políticas públicas redistributivas, mas abandonando a ruptura com a ordem capitalista que caracterizava a estratégia pré-1973.
Rodrigo Freire de Carvalho e Silva é Professor de Ciência Política na Universidade Federal da Paraíba e Autor de A Tranformação da Esquerda Latino-Americana. Um Estudo Comparado do Partido dos Trabalhadores (PT) No Brasil e do Partido Socialista (PSCH) no Chile (Editora UFPB, 2013).

Saiba Mais - Bibliografia
BANDEIRA, Luiz Alberto Muniz. A fórmula para o caos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008,
GARCES, Juan. Allende e as armas da política São Paulo: Scritta Editoral, 1993.
MUNUZ, Heraldo. A sombra do ditador. Rio de Janeiro: Zahar, 2010,
VERDUGO, Patrícia. A caravana da morte. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

Saiba Mais – Links

Saiba Mais – Filmes
A Batalha do Chile - A Luta de Um Povo Sem Armas
    Considerado um dos melhores e mais completos documentários latino-americanos, A Batalha do Chile é o resultado de seis anos de trabalho do cineasta Patrício Guzmán. Dividido em três partes (A insurreição da burguesia (1975), O golpe militar (1977) e O poder popular (1979)), o filme cobre um dos períodos mais turbulentos da história do Chile, a partir dos esforços do presidente Salvador Allende em implantar um regime socialista (valendo-se da estrutura democrática) até as brutais consequências do golpe de estado que, em 1974, instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet.
     Patrício Guzmán foi além dos temas espetaculares, filmando desde assembleias de fábricas, passando por trabalhadores do campo, moradores de bairros construindo um abastecimento alternativo, até militantes de direita. É um registro e uma análise bastante completa do que foi a caminhada chilena pela via democrática ao socialismo, abordando temas difíceis como as nacionalizações, o apoio ambíguo da presidência ao processo de construção do "poder popular" que se dava com as ocupações de fábricas e latifúndios e a construção da participação direta através de assembleias locais e regionais, e as contradições entre este poder popular e um Estado que acabou paralisado pela maioria conservadora do Congresso e as ações de sabotagem apoiadas pela CIA e pelas elites. Com o golpe em 1973, Guzmán se refugiou em Cuba, onde terminou de editar a terceira parte do documentário apenas em 1979. Foram praticamente 10 anos de trabalho.
Direção: Patrício Guzmán
Ano: 1975 - 1977 - 1979
Áudio: Espanhol/Legendado
http://ul.to/jadmreau
A Insurreição da Burguesia (97 min. 482 MB)
“Salvador Allende põe em marcha um programa de profundas transformações sociais e políticas. Desde o primeiro dia a direita organiza contra ele uma série de greves enquanto a Casa Branca o asfixia economicamente. Apesar do boicote, em março de 1973 os partidos que apoiam Allende obtém mais de 40% dos votos. A direita compreende que os mecanismos legais já não servem. De agora em diante sua estratégia será o golpe de estado”. (Patrício Guzmán)
O Golpe de Estado (88 min. 386 MB)
“Entre março e setembro de 1973 a esquerda e a direita se enfrentam nas ruas, nas fábricas, nos tribunais, nas universidades, no congresso e nos meios de comunicação. A situação se torna insustentável. Os Estados Unidos financiam a greve dos caminhoneiros e fomentam o caos social. Allende tenta, sem sucesso, um acordo com as forças da Democracia Cristã. Os militares começam a conspirar em Valparaíso. Um amplo setor da classe média apoia o boicote e a guerra civil. Em 11 de setembro Pinochet bombardeia o palácio do Governo”. (Patrício Guzmán)
O Poder Popular (79 min. 364 MB) 
“A margem dos grandes acontecimentos narrados nos episódios I e II acontecem também outros fenômenos originais, às vezes efêmeros, incompletos, contatos nesta terceira parte. Numerosos setores da população e, em particular, as camadas populares que apoiam Allende organizam e põem em marcha uma série de ações coletivas: armazéns comunitários, cadeias industriais, comitês camponeses etc. com a intenção de neutralizar o caos e superar a crise. Essas instituições, em sua maioria espontâneas, representam um ‘estado’ dentro do Estado”. (Patrício Guzmán)

NO
Chile, 1988. Pressionado pela comunidade internacional, o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito nacional para definir sua continuidade ou não no poder. Acreditando que esta seja uma oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes do governo resolvem contratar René Saavedra (Gael García Bernal) para coordenar a campanha contra a manutenção de Pinochet. Com poucos recursos e sob a constante observação dos agentes do governo, Saavedra consegue criar uma campanha consistente que ajuda o país a se ver livre da opressão governamental.
Direção: Pablo Larraín
http://ul.to/9dl78umhAno: 2012
Áudio: Espanhol/Legendado
Duração: 117 minutos


Missing - Desaparecido
Num restaurante em Santiago do Chile, um jovem jornalista norte-americano, residente nesse país, acaba escutando uma conversa na mesa ao lado, entre um agente da CIA e militares chilenos, que deixa clara a participação do governo norte-americano no golpe militar que depôs o governo socialista de Salvador Allende e inaugurou a ditadura do general Augusto Pinochet.
A obra de Costa Gavras focaliza inicialmente o cotidiano do jornalista no Chile, até seu desaparecimento, dias após o golpe de Estado do general Pinochet. O filme prossegue até o final com a busca desesperada do pai e da mulher do jornalista, na tentativa de encontrá-lo.
O Chile pós-golpe de Estado, os primeiros dias da repressão e todo horror da ditadura chilena, considerada uma das mais violentas da América Latina, são fielmente retratados pelo filme, que venceu a Palma de Ouro e o prêmio de melhor ator no festival de Cannes, além do Oscar de melhor roteiro adaptado...
Direção: Costa Gavras
Ano: 1982
http://ul.to/89uz0bdb
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 117 minutos
Estado de Sítio
Em ousada operação, um grupo de guerrilheiros sequestra diplomata brasileiro e um cidadão americano de nome Philipe Michael Santore (Yves Montand), funcionário de uma agência americana. Ato contínuo passam a exigir a libertação de militantes presos. Desse momento em diante o filme é narrado em flashbacks relatando suas atividades, a grande repercussão internacional e a articulação dos meios de repreensão ao movimento. Filme do mestre Costa-Gravas que esclarece, de forma notável, fatos de nossa história recente.
Direção: Costa Gavras
Ano: 1972
Áudio: Francês/Legendado
http://ul.to/kfj3qcu0Duração: 119 minutos