“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A Ciência e o Islã (Science and Islam)

     Jim Al-Khalili, professor de Física na Universidade de Surrey. Nasceu e foi criado em Bagdá, de mãe inglesa e pai iraquiano, deixou Iraque com sua família no fim dos anos 70, quando Sadam Hussain chegou ao poder. O físico viajara pela Síria, Irã, Tunísia e Espanha para contar a história do grande avanço científico no conhecimento que ocorreu no mundo islâmico entre os séculos VIII e XIV.
     Segundo Jim Al-Khalili: “Ainda me lembro dos meus tempos de escola no Iraque de me ensinarem sobre a era de ouro do conhecimento islâmico. Que entre os séculos IX e XII, um grande avanço no conhecimento científico ocorreu em Bagdá, Damasco, Cairo e Córdoba.
     Quero desenterrar essa história oculta para descobrir seus grandes personagens e avaliar exatamente qual foi a sua contribuição para a ciência. Há cientistas medievais muçulmanos que deviam ser falados da mesma forma que Galileu, Newton e Einstein? E, principalmente, qual a relação entre a Ciência e o Islã?
Direção: Tim Usborne
Ano: 2009
Áudio: Inglês
Legenda: Português/no post
Duração: +- 58 minutos /cada episódio

Ep.01 - A Linguagem da Ciência
“Minha viagem pela ciência do mundo medieval islâmico irá me levar à Síria, ao Irã e ao norte da África.
Comecei nas ruelas da capital egípcia do Cairo, com a percepção de que a linguagem da ciência moderna ainda tem muitas referências de origens árabes. Por exemplo, termos científicos como álgebra, algoritmo, álcali. Eu instantaneamente reconheço essas palavras como árabes. E elas estão no centro do que a ciência faz. Não haveria matemática ou física modernas sem álgebra. Nem computadores sem algoritmos ou química sem álcalis. Surpreendentemente, poucas pessoas no Ocidente hoje, inclusive cientistas, sabem desse legado medieval islâmico.

Ep.02 - O Império da Razão
O professor Jim Al-Khalili  ira investigar como uma das ideias mais importantes do mundo surgiu no império islâmico. “Descobrirei como a matemática e a experimentação se fundiram quando o império adotou uma revolução industrial medieval. E, no Cairo, descobrirei como essas ideias levaram diretamente ao mundo atual da ciência e tecnologia”.

Ep.03 - O Poder da Dúvida
No último episódio, Jim Al-Khalili  vai à Síria e ao norte do Irã para descobrir acerca dos grandes cientistas islâmicos que revolucionaram a astronomia, transformando-a numa ciência moderna.
“E também descobrirei como o homem que muitos consideram o pai da renascença científica europeia, Copérnico, utilizou-se de teorias astronômicas islâmicas. E revelarei o mistério de como a Era de Ouro da ciência islâmica chegou ao fim”.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Especial - Maçonaria

Herança medieval
Exposta ao mundo no início do século XVIII, a Maçonaria teria suas raízes na aproximação entre corporações de ofício e ordens como a dos templários.
Ziéde C. Moreira
     Alguns autores acreditam que as atividades maçônicas tenham existido nos tempos da Antiguidade, citando indícios no cenário cultural dos mundos egípcio, hebreu, grego e romano. Mas suas raízes estão situadas mais claramente na Europa da Idade Média.
     Nesse período surgiram as universidades, as companhias de comércio e as corporações de ofício, sociedades fechadas que reuniam trabalhadores especializados. Durante a Idade Média multiplicaram- se também as chamadas Ordens religiosas e as militares. Para completar o cenário, a Europa vivia inquieta pela expansão do islamismo. Para expulsar os muçulmanos da Terra Santa, os cristãos promoveram, a partir do século XI, as cruzadas.
     Antes de iniciar-se a segunda cruzada (1147-1149), alguns remanescentes da anterior, especialmente nove cavaleiros franceses, que elegeram Hugo de Paiens como seu primeiro grão-mestre, fundaram em 1118 a Ordem dos Cavaleiros do Templo de Jerusalém, também conhecida como "Ordem do Templo".
     Ao longo de duzentos anos, os templários desenvolveram atividades militares, culturais e econômicas que lhes renderam uma enorme fortuna - e despertaram atrozes inimizades. Em 1307, instigado pelo rei francês Felipe IV, o Belo, o Papa Clemente V declarou a ordem proscrita. Seu último grão-mestre, Jacques de Molay, foi queimado vivo em Paris em 1314, enquanto o rei Felipe apossava-se dos bens dos templários.
     Grande parte dos cavaleiros que escaparam da perseguição fugiu para a Escócia, onde ampliaram o ponderável apoio material e cultural (que, ali, já acontecia) à Corporação de Ofício integrada pelos
profissionais da construção arquitetural.
     Os construtores, intitulados maçons, na Europa (de masson, no francês arcaico, mason no inglês e makio, termo que os germânicos adotavam para construtores), compunham uma respeitada e próspera Corporação de Ofício, responsável pela criação de prédios monumentais e pela aplicação de uma avançada engenharia ornamental.
     Esses trabalhadores não estavam submetidos à servidão medieval, que prendia o súdito ao senhor feudal. Assim, estavam livres para circular e agir de uma região a outra. Suas técnicas e habilidades eram guardadas em sigilo e transmitidas confidencialmente. Os interessados que demonstrassem as muitas aptidões exigidas eram admitidos como aprendizes do ofício.
     O ingresso do aprendiz na Corporação dos maçons compreendia procedimentos ritualísticos, assimilados com os das celebrações exercidas pelas antigas sociedades secretas, que ocultavam seus mistérios aos profanos. Os pedreiros livres de uma Corporação de Ofício, a exemplo das outras, repartiam-se em três graus de capacitação hierárquica, investidos por meio de rituais litúrgicos próprios: aprendizes, companheiros e mestres.
     Existem versões de que três cavaleiros templários, refugiados na Escócia, teriam contratado com a Corporação de Ofício dos maçons (arquitetos pedreiros) e com a Confraria dos Cavaleiros de Santo André a fundação de uma Ordem Capitular, em 1340, organizada conforme os moldes do regime usual na Maçonaria simbólica.
     Consta que, provavelmente nas últimas décadas do século XVI, havia associações de maçons aliadas a confrarias escocesas que aceitavam a parceria com pessoas estranhas às regras da ação operativa. Os obreiros maçons da Escócia, com o apoio e o patronato da dinastia Stuart, receberam instruções e formalismos que impregnaram sua organização com inclinações para novos rumos teóricos.
     Existem registros sobre a admissão, na confraria corporativa maçónica, em 1646, do alquimista Elias
Ashmole, estranho às práticas dos obreiros construtores escoceses. O sistemático ingresso de membros teóricos induziu à introdução de temas filosóficos nos salões dos maçons práticos. Os membros teóricos
eram instruídos em artes e ciências diversas, acrescentando outros assuntos aos temas dos construtores.
Desse processo nasceu o filosofismo maçónico e a criação de novos graus, além dos três originais.
     Os núcleos de ação maçónica tomaram a designação de loja. A partir de 1691, além da palavra britânica
mason, usada para identificar o integrante de uma loja, passou-se a empregar a expressão free and accepted mason (maçom livre e aceito), que se referia ao membro não-operativo.
     As inovações metodológicas se difundiram por toda a Grã-Bretanha, de tal maneira que, em 24 de junho de 1717, dia de São João Batista, as quatro células da capital inglesa decidiram fundar a Grande Loja de Londres. Com uma administração colegiada, ela teve a incumbência de revisar e consolidar os princípios básicos, de acordo com o regulamento das atividades maçónicas anteriores.
     Em 1721, James Anderson, clérigo da Igreja Anglicana, foi encarregado de redigir um manual com os "marcos" (land marks), um compêndio que se prestasse para uniformizar o simbolismo maçónico. O livro das Constituições de Anderson foi publicado em 1723, trazendo uma série de dispositivos, extensivos a todas as lojas. Entre eles estão os princípios da igualdade dos seres humanos, da liberdade de pensamento, da amizade fraternal e do sigilo. O texto determina também que só podem ser admitidos homens adultos, livres, de bons costumes e que acreditem na existência de Deus - independentemente da religião que professam.
     Desde aqueles tempos, surgiu uma instituição formal e regular, disseminada em todos os continentes e em quase todas as nações, com o nome de Maçonaria, também cognominada Franco Maçonaria. Como consequência da multiplicação universal das lojas maçónicas (federadas em Grandes Lojas ou em Grandes Orientes, termo criado na França) e, diante do interesse pela conservação dos antigos princípios, catalogados em roteiro regulamentar credenciado, fundou-se a Grande Loja da Inglaterra, em 1751, que supervisiona a unidade mundial do funcionamento simbólico da Maçonaria.
Ziéde C. Moreira é professor aposentado na Universidade Federal Fluminense, mestre maçom instalado, grau 33, membro da Academia Maçónica de Ciências, Artes e Letras do Grande Oriente do Estado do Rio de Janeiro e autor de O caminho do ofício místico. São Paulo: Madras Editora, 2004.

A Ordem e o Império
Trazida para o Brasil oficialmente no primeiro ano do século XIX, a Maçonaria participou ativamente do processo de independência do país.
Marco Morel
     Marcado por luzes e trevas, surgimento das maçonarias no Brasil ainda é pouco conhecido. Superdimensionadas por escritores maçons ou banalizadas por pesquisadores que não têm acesso a documentos consistentes, as maçonarias, entretanto, estavam entre as mais importantes formas de associação do período da Independência e início da construção do Estado nacional brasileiro e desafiam até hoje o conhecimento histórico.
     Apesar das especulações em contrário, a Loja Reunião, do Rio de Janeiro, é comprovadamente a primeira a ser criada e a reunir-se regularmente no Brasil, em 1801. Tal testemunho veio de um dos mais importantes líderes maçónicos, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), conhecido como "Patriarca da Independência" e que atribuiu a fundação desta "primeira Loja Simbólica Regular" no país, ligada ao Grand Orient d'lle-de-France, à iniciativa de um misterioso "cavalheiro Laurent", viajante no navio de guerra francês Hydre, que fazia a rota para a ilha Bourbon. Antes disso pode ter havido agremiações secretas não maçônicas. Ou, então, as que existiram foram tão clandestinas que não deixaram maiores rastros, atiçando a chama da curiosidade de autores do século XX que, mesmo sem documentação, procuraram "evidências", com destaque para a Conjuração Mineira de 1789, muitas vezes apontada como obra de maçons, da mesma forma que a Conjuração Baiana de 1798.
     Existiram raras e nebulosas agremiações maçónicas nos principais centros brasileiros no fim do período colonial, como Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, onde a derrotada República de 1817 tornou evidente a presença deste tipo de entidade. Hipólito da Costa, que redigiu em Londres o pioneiro Correio Braziliense entre 1808 e 1822, fazia propaganda maçónica em seu jornal.
     A referência às maçonarias no plural parece ser a mais exata, pois não havia um centro possante, homogéneo e unificado, mas uma concepção de organização que se espalhou por diversos países. As maçonarias representaram desde meados do século XVIII  , em diferentes casos de passagem de um antigo a um novo regime, uma das mais expressivas formas de organização política. Pode-se afirmar que tais associações tiveram desempenho significativo nos primeiros esboços de modernidade política, seja no caso de independências nacionais americanas ou na crise dos absolutismos europeus.
     Haveria uma ideologia maçónica? Mantendo o plural, é possível pensar em ideários maçónicos e não numa ideologia coerente, com práticas diferenciadas e até contraditórias entre si. Seria cômodo escrever que tais organizações apenas refletiam as ações e ideias de cada tempo e lugar. Isto é correto, mas não basta, pois estas instituições, permeadas por valores e interesses externos a elas, deram uma contribuição própria à vida política dos séculos XVIII e XIX. E apesar das características locais havia uma espécie de fundo comum teórico, prático e simbólico das lojas maçónicas, sem esquecer os laços internacionais que chegaram a se estabelecer.
     O ideário maçónico apresentava duas características centrais: a Razão e a Perfeição, como formadoras das Luzes. Ou seja, a racionalidade envolvida com a busca do progresso humano. E neste encontro entre segredo e esclarecimento há um paradoxo bem característico: as Luzes só poderiam florescer à sombra. Tal ideário fazia parte dos chamados princípios maçônicos, mas compunha a visão de mundo de uma época, além de tais associações.
     É prudente evitar a ligação simplista entre maçonarias e revoluções, mesmo se os Grandes Orientes e suas lojas desempenharam papel importante nas desagregações de antigos regimes, como na Revolução
Francesa e em outros países europeus. Os maçons nem sempre eram revolucionários - havia uma espécie de gradualismo evolucionista nesta liberação da Humanidade. Se cada indivíduo atingisse o degrau máximo e hierarquizado desta escala da perfeição, as revoluções se tornariam desnecessárias. A conquista de um mundo novo, neste sentido, tinha sua dimensão interior ou espiritualizada, e a liberação da sociedade seria quase uma consequência das Luzes expandidas, sem rupturas sociais.
     No período da Independência brasileira as atividades maçónicas cresceram ao lado de outros tipos de associações filantrópicas, políticas, culturais ou de ajuda mútua. É conhecido o exemplo do Grande Oriente Brasileiro de 1822, que se tornou importante foro de debate, mobilização e contato entre forças políticas
que efetivaram a separação do Brasil de Portugal - e tal escolha se explica também pelo caráter reservado. No quadro ainda do absolutismo, embora abalado pelo movimento constitucional português desde 1820, o espaço maçônico era adequado para realizar tal articulação que, tornada pública, seria ilegal.
     As reuniões do Grande Oriente se mostraram decisivas neste momento. Emissários foram enviados às demais províncias para articularem a adesão à Independência. E foi durante um desses encontros que surgiu a ideia de se chamar de "Império" o país que seria independente e de "imperador" seu primeiro governante.
     Este primeiro Grande Oriente do Brasil se tornou referência historiográfica obrigatória e mesmo formadora de memória histórica, na medida em que outras maçonarias, posteriores, se apresentavam como autênticas herdeiras desta matriz. A instituição, com sede na Rua do Conde (atual Rua Visconde de Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro), foi reconhecida pelos Grandes Orientes da França, Inglaterra e Estados Unidos e era adepta do Rito Francês Moderno, um dos modelos de organização simbólica mais difundidos na época.
     Em seus primórdios, o Grande Oriente brasileiro teve como membros mais influentes: Gonçalves Ledo
(que breve se exilaria em Buenos Aires), José Bonifácio (o grão-mestre), todo-poderoso ministro, e o próprio d. Pedro (ver box).
     O Grande Oriente brasileiro aglutinava em 1822 três lojas cariocas: Comércio e Artes, Esperança de
Niterói e União e Tranquilidade. Este primeiro avanço do movimento associativo moderno será logo reprimido pelo novo Império, com a proibição, assinada pelo irmão Guatimozim (d. Pedro I) em 21 de outubro de 1822, dos trabalhos maçónicos e das associações políticas durante todo o Primeiro Reinado. A escalada repressiva culminaria, cerca de um ano depois, com o fechamento da primeira Assembleia Constituinte brasileira, a prisão e o exílio de deputados.
     Apesar da repressão, sabe-se que algumas dessas agremiações continuaram a existir na clandestinidade no Rio de Janeiro, como a Loja Bouclier d'Honneur (Escudo da Honra) e o Apostolado, ambos em 1823 e, dois anos depois, a Vigilância da Pátria, de tendências liberais e oposicionistas, integrada por Nicolau de Campos Vergueiro (futuro senador em 1828 e regente em 1831). Sem falar do jornal Despertador Constitucional Extraordinário, redigido em 1825 pelo baiano Domingos Alves Branco Muniz Barreto, conhecido dirigente maçom, em cujas páginas havia pregações maçónicas.
     Mas será somente com a crise e o fim do Primeiro Reinado e no período das Regências (1831-1840) que os trabalhos maçónicos serão retomados de maneira regular, embora já sem a importância de 1822. Nos anos 1830 assistiu-se a um crescimento considerável das maçonarias e, ao mesmo tempo, a um verdadeiro "canibalismo" maçom, com a existência de cinco Grandes Orientes somente no Rio de Janeiro, além de dissidências e intrincadas brigas entre os grupos, revelando como era difícil a busca de fraternidade e perfeição. Neste período surgiram os primeiros textos formalmente maçónicos impressos e tornados públicos no Brasil.
Marco Morel é professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e autor de As transformações dos espaços públicos: imprensa, atores políticos e sociabilidades na cidade imperial (1820 - 1840). São Paulo: Hucitec, 2005.

Questão de fé
Ideais de liberdade religiosa e ensino laico puseram a Maçonaria em rota de colisão com a Igreja Católica, num conflito que, no Brasil, culminou com a prisão de bispos em 1874.
Eliane Lúcia Colussi
     A historiografia brasileira dedicou pouco espaço aos estudos sobre a Maçonaria. Em 1939, Gustavo Barroso (1888-1959) chamou a atenção sobre a importância da instituição maçônica na sua História secreta do Brasil. Um dos principais expoentes do pensamento conservador-católico, o autor afirmava que a história brasileira poderia ser explicada através da teoria do complô judaico-cabalístico-maçônico. A conspiração, que combinava elementos místicos e étnicos, agia subterraneamente e seria a responsável por muitos dos desfechos da política brasileira.
     Diversos mitos presentes até hoje na Maçonaria no Brasil tiveram sua origem nas teses de Barroso, entre os quais ela ser fonte de influência na política. Ao longo dos séculos XVIII e XIX, a ordem fez pesada oposição ao absolutismo e à Igreja, congregando a elite econômica e intelectual ascendente. Essa postura gerou uma série de conflitos com o clero, que reagiu tentando restaurar e até mesmo endurecer um catolicismo autoritário, quase medieval.
     O crescente desprestígio do catolicismo no século XIX motivou a Igreja a adotar políticas que revigoraram o chamado ultramontanismo - movimento que pregava a retomada da autoridade papal "além das montanhas" que separavam a Itália do resto da Europa. O ultramontanismo foi uma reação a leis que, nos países católicos, subordinavam a Igreja à autoridade do Estado, como acontecia no Brasil. Do outro lado, o pensamento anticlerical reunia um amplo leque de pensadores, incluindo liberais, maçons, nacionalistas, positivistas, anarquistas e socialistas.
     O confronto entre clérigos e maçons recrudesceu quando repercutiram no Brasil os ventos da política de romanização católica. Implementada pelo Papa Pio IX (1848-1879), essa política pretendia, a partir da retomada de posicionamentos conservadores, do prosseguimento de uma política de centralização da Igreja em torno da figura do papa e da intransigência liberal, reverter o quadro negativo enfrentado pelo catolicismo em escala mundial.
     Um dos espaços importantes na disputa entre os posicionamentos clericais e anticlericais foi a política institucional. Os maçons transitavam com muita intimidade neste terreno. Muitos pertenciam ao Partido
Conservador e outros tantos, ao Partido Liberal. A Maçonaria não orientava seus integrantes a seguirem uma ou outra corrente política. A liberdade de expressão tanto religiosa como política, constituía-se em ponto fundamental a ser respeitado pelos maçons.
     Tal postura não significava, porém, que a Maçonaria evitasse exercer algum tipo de influência no cenário político. No período em que se radicalizou a luta entre a ordem e a Igreja Católica, houve diversas iniciativas que revelaram a necessidade de uma atuação mais intensa dos maçons na política. Tratava-se de defender a liberdade de imprensa e discutir temas que envolviam a relação de Igreja e Estado, como o ensino religioso na rede pública, subsídios para a vinda de padres estrangeiros para o Brasil e a destinação de recursos para a construção e reforma de igrejas.
     As irmandades religiosas foram outro espaço de disputas entre Maçonaria e Igreja Católica, especialmente a partir de 1872, quando aconteceu a chamada Questão Religiosa. Até então, era pública a presença de muitos integrantes do clero nas lojas maçônicas e de maçons nas irmandades religiosas - a maioria dos integrantes da Maçonaria no Brasil era formada por católicos. Apesar da aparente contradição, esse fato estava em sintonia com a situação mundial da ordem: a religião predominante num país tende a ser a mais comum dentro das lojas locais.
     A Igreja Católica no Brasil, porém, mobilizou-se contra essa situação e passou a contra-atacar, publicando bulas e cartas pastorais condenando a Maçonaria e as sociedades secretas. Os documentos de condenação previam várias penalidades aos anticlericais, incluindo a expulsão de padres maçons que não abjurassem a ordem e a suspensão dos trabalhos das irmandades e confrarias que estivessem sob suspeita de influência maçônica.
     No início da década de 1870 o pensamento ultramontano já dominava o clero brasileiro. Havia um conflito de consciência entre a lealdade às diretrizes da Santa Sé e às leis do Império. A Constituição de 1824 determinava que a publicação e aplicação no Brasil de decretos, bulas e cartas papais dependiam do beneplácito (consentimento) do imperador. Em 1872, os bispos de Olinda, d. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, e de Belém, d. Antônio de Macedo Costa, resolveram cumprir as ordens de Roma. Desobedecendo ao beneplácito, suspenderam as irmandades religiosas que haviam se recusado a expulsar os maçons de seus quadros.
     Em muitas cidades do Brasil ocorreu uma verdadeira caça às bruxas no interior das irmandades. Houve até mesmo a interdição dos templos de irmandades que não quiseram excluir das suas fileiras os membros maçons. Em 16 de janeiro de 1873, d. Vital lançou o interdito, como penalidade pela desobediência de expulsar os maçons de seus quadros, à Irmandade do Santíssimo Sacramento. No Pará, d. Macedo Costa editou uma pastoral em 25 de março de 1873 proibindo a presença de maçons nas irmandades. Foram punidas as Irmandades da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos e da Ordem Terceira de São Francisco.
     As irmandades recorreram ao imperador que ordenou aos bispos que cancelassem a suspensão. Como eles se recusaram a obedecer, foram presos e condenados "no grau médio do Artigo 96 do Código Criminal que previa quatro anos de prisão com trabalhos". Anistiados em 1875, os prelados mantiveram suas decisões contra as irmandades, o que contribuiu para que as relações entre Igreja e Império ficassem cada vez mais estremecidas. Por trás da presença ou não de maçons nas irmandades religiosas grande tema da Questão Religiosa foi a subordinação da Igreja Católica ao Estado brasileiro.
     Além da liberdade política e religiosa, a educação popular foi sempre um tema muito caro à Maçonaria, com ideias comuns à dos liberais no século XIX. Eles acreditavam que a sociedade moderna, necessariamente laica e secular, originária da revolução intelectual dos finais do século XVIII, deveria assentar-se no conhecimento científico e racional, eliminando os vestígios medievais da influência católica.
     As divergências entre as duas instituições adquiriram contornos de uma disputa político-institucional na educação. A ideia que se tinha era a de que por meio da educação das crianças e dos jovens se construiria o "futuro". Mas qual seria esse futuro? Para a maçonaria, ele estava intimamente ligado ao racionalismo/cientificismo, a modernidade e ao progresso. Para tanto era fundamental retirar das escolas públicas a obrigatoriedade do ensino religioso. Uma das vitórias nessa luta foi um decreto de 1874, que dispensava das aulas de religião os alunos não católicos. O fim do ensino religioso obrigatório só viria com a Constituição republicana de 1891. A Igreja Católica lutou bravamente contra a adoção do sistema educacional laico no Brasil. Seu discurso alertava os católicos contra “o falso brilho das doutrinas da época".
     É possível compreender o complexo quadro político e cultural brasileiro do século XIX também a partir da luta dessas duas instituições. O campo das ideias e das disputas em torno delas foi muito mais amplo do que os posicionamentos anticlericais e clericais abordados aqui. Num quadro em que a vida social se desenvolvia em poucos espaços públicos, a Maçonaria tornou-se efetivamente um lugar onde ocorria a sociabilidade da maior parte da elite. A Igreja Católica precisou empenhar-se muito para recuperar os espaços perdidos ou, talvez, até então não consolidados.
Eliane Lúcia Colussi é professora de História na Universidade de Passo Fundo (RS) e autora de A maçonaria gaúcha no século XIX. 3. ed. Passo Fundo: Ediupf, 2003.

O simbolismo maçônico
Alguns significados dos principais símbolos usados pelos maçons em seus rituais:
Acácia - Acácia mimosa, a planta símbolo por excelência da Maçonaria encontrada largamente em cemitérios: representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza de espírito de todo maçom.
Avental Símbolo do trabalho maçônico: branco, e de pele, para os aprendizes (com a abeta erguida) e companheiros (com a abeta baixada); branco orlado de vermelho ou azul (dependendo do rito), e com diversos símbolos maçônicos para os mestres.
Colunas - Símbolos dos limites do mundo criado, da vida e da morte, do elemento masculino e do elemento feminino, do ativo e do passivo, do mundo material e do espiritual.
Compasso Símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as próprias lojas maçônicas ou o Universo maçônico.
Delta luminoso com o olho que tudo vê – Triângulo luminoso com um olho no centro, símbolo da força expandindo-se; também representa o próprio Grande Arquiteto do Universo e sua onisciência.
Esquadro - Resultante da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e também da ação do homem sobre a matéria e sobre si mesmo.
Malhete - Pequeno martelo, emblema da vontade ativa, do trabalho e da força material; instrumento de direção, poder e autoridade.
Pavimento em mosaico - Chão em xadrez de quadrados pretos e brancos, com que devem ser revestidos os templos; símbolo da diversidade do globo e das raças, unidas pela Maçonaria; símbolo também da dualidade entre os mais diversos temas, como bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas.
Pedra bruta - Símbolo das imperfeições do espírito que o maçom deve procurar corrigir; e também da liberdade total do aprendiz e do maçom em geral. Simboliza o caminho inicial na preparação do maçom.
Templo - Símbolo da construção maçônica por excelência, da paz profunda para que tendem todos os maçons. Local de trabalho e das ritualísticas.
Três pontos - Símbolo com várias interpretações, aliás conciliáveis: fé, esperança e caridade; liberdade, igualdade e fraternidade; luz, trevas e tempo; passado, presente e futuro; sabedoria, força e beleza; nascimento, vida e morte. O triângulo formado por esses três pontos representa também a primeira forma geométrica perfeita, dotada de tamanho e área num espaço.
Consultoria: Fabiano Jacobi, mestre maçom Adonhiramita do GOB GOERj, Loja Scripta et veritas, n1641

Fonte: Revista Nossa História / Ano 02 - nº 20 - Junho-2005

Saiba Mais - Filmes:
Mauá - O Imperador e o Rei
Com direção de Sérgio Rezende, o filme retrata a biografia de Irineu Evangelista de Souza, personalidade da história brasileira que se destacou como empresário no Segundo Império do país. Irineu construiu a primeira indústria brasileira, uma fundição e estaleiro em Ponta de Areia, Niterói (RJ).
Gaúcho, Mauá nasceu na cidade de Arroio Grande e o início de sua vida não indicava um destino tão brilhante. Ainda garoto, Irineu se tornou órfão, quando seu pai foi morto por ladrões de gado. Dois anos depois, sua mãe decidiu se casar novamente com João Jesus, que mandou o enteado para o Rio de Janeiro com Batista, seu tio.
No Rio, Irineu vai trabalhar no armazém do português Pereira de Almeida, onde descobre sua aptidão para os negócios. Torna-se funcionário de confiança e um cobrador impiedoso. Seu talento é reconhecido pelo escocês Richard Carruthers, que o emprega em sua firma de exportação e lhe dá as primeiras noções das teorias econômicas. No entanto, Carruthers decide voltar a sua terra natal e deixa Irineu no comando. Em uma viagem a Liverpool, Mauá se encanta com a potência das fábricas e decide arriscar tudo para construir uma indústria no Brasil.
Direção: Sérgio Resende
Ano: 1999
Áudio: Inglês/legendado
Duração: 134 minutos

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como andam os princípios do Vaticano II?

A assembleia que se reuniu de 1962 a 1965 em Roma trouxe ventos de primavera para o mundo católico. Especialistas avaliam a atual crise na igreja e os ecos do Concílio no mundo.
Mauro de Bias         
A assembleia que se reuniu de 1962 a 1965 em Roma trouxe ventos de primavera para o mundo católico, operando reformas e abrindo novas perspectivas. Meio século depois, que saldo restou do otimismo da época? Confirmações, enrijecimentos, mudanças de rota... Especialistas avaliam os ecos do Concílio no mundo atual.

Frei Betto, teólogo.
Aqueles que hoje comandam a Igreja Católica conservam uma visão negativa do mundo.
     A Igreja Católica se encontra em um impasse. Promoveu o Concílio Vaticano II, quando aprovou importantes mudanças estruturais, mas não levou os documentos à prática após a morte do papa Paulo VI. João Paulo II e Bento XVI simbolizam o empenho em fazer a Igreja retroceder frente ao programa conciliar. Portanto, não penso que haja necessidade de um Concílio Vaticano III, e sim que se apliquem as decisões do Vaticano II.
     Aqueles que hoje comandam a Igreja Católica conservam uma visão negativa do mundo (acusado de relativismo de valores); sentem-se incomodados com o pluralismo religioso; insistem em manter, como estrutura básica da instituição, o modelo paroquial, próprio de uma sociedade pré-moderna, na qual relações humanas eram determinadas por proximidade geográfica; miram com desconfiança a mulher, impedida de acesso ao sacerdócio, como ser ontologicamente inferior ao homem; conservam uma visão deturpada da sexualidade, a ponto de condenarem relações sexuais que não tenham como estrito objetivo a procriação dentro do matrimônio; abominam as relações homoafetivas, e têm pouca sensibilidade ao mundo da miséria e da pobreza.
     No entanto, dentro dessa mesma Igreja Católica vicejam novos modelos pastorais, como as Comunidades Eclesiais de Base e a Teologia da Libertação, que facilita a releitura da Bíblia pela ótica dos oprimidos e das mulheres.

Ana Maria Tepedino, teóloga (PUC-Rio)
Não conseguimos implementar tudo, mas há renovação dentro das igrejas, com pequenas experiências nos movimentos e comunidades.

     O Concílio visava a refletir sobre identidade e missão da Igreja Católica, buscar caminhos próprios e, com outras instituições, descobrir o que se poderia fazer pelo mundo. O Vaticano II mudou profundamente a Igreja e suas relações. Havia grande efervescência social, intelectual, política, econômica e religiosa.     
     Diante desse quadro, João XXIII convocou os bispos do mundo inteiro, professores de universidades católicas, movimentos e associações, pastores e teólogos de outras igrejas para dialogar e refletir.
Houve mudanças em relação aos leigos, agora convidados a uma participação maior e mais efetiva na Igreja. Houve mudança na linguagem, menos abstrata e mais metafórica e simbólica, que melhora a compreensão e nos chama a um novo protagonismo. E na hierarquia, a vivência de uma comunhão e corresponsabilidade maior entre os bispos. Surge uma teologia em que a Igreja é povo de Deus em comunhão, e expressa a relação de Pai, Filho e Espírito Santo, entre si e conosco, como modelo na perspectiva de abertura aos outros, da nossa relação com o transcendente, com a natureza e com a realidade.
     Muita gente gostaria de um novo concílio. Não conseguimos implementar tudo, mas há renovação dentro das igrejas, com pequenas experiências nos movimentos e comunidades, nas paróquias, nas organizações eclesiais, nas obras em que os responsáveis agem com seus dons pessoais, fazendo caminho para a experiência de Deus (espiritualidade).

Padre Sérgio Costa Couto (Arquidiocese do Rio de Janeiro)
Encontramos muito progresso, mas aqui e ali alguma coisa descarrilou. Devemos retomar seus textos, que ainda têm muito a nos falar.

     “Poucas vezes, ao longo de sua história, teve a própria Igreja, e todos os observadores de boa vontade, tão forte sensação de ser movida por uma grande esperança”. Esta observação otimista foi de Joseph Lortz, em 1965. Não é apenas a palavra de um historiador sério que reflete sobre a documentação, mas o ânimo de um padre que vivia aquele momento do Concílio Vaticano II. Segundo historiadores e testemunhas, o clima de universalidade superava as divergências.
     Os documentos, acaloradamente discutidos e emendados, eram por fim aprovados com maiorias espantosas: mais de 2.000 votos contra três ou quatro, por exemplo! Contudo, a Igreja também vive no seu tempo. Não conseguimos evitar as influências do “mundo”. Algumas são melhores do que outras. Em 1968, em pleno processo de aplicação das disposições conciliares, somos atingidos por um ambiente de revolução. Os documentos eram cada vez menos lidos, superados por um “espírito do concílio”, que, como jovem rebelde e inconsequente, recusava a própria e milenar herança.
     Nestes 50 anos, encontramos muito progresso, mas aqui e ali alguma coisa descarrilou. Devemos retomar seus textos, que ainda têm muito a nos falar. No Vaticano II, temos uma orientação para nossa época, como o Concílio de Trento o fez para a sua. Durante os pontificados de Paulo VI, João Paulo II (sobretudo) e Bento XVI não faltaram documentos urgindo, corrigindo e exortando, segundo a necessidade do momento. Quantos os conhecem? Penso ser este o problema de nosso tempo: a Igreja se expressa, mas a sua expressão chega fragmentada; cada um lê o que quer. Nossa missão é apresentar a fé cristã ao homem de hoje, mas fazê-lo com tranquilidade e sem esconder que algumas de suas exigências podem pesar, mas nunca serão impossíveis com a graça de Deus.


Novos rumos para velhos dogmas
O Concílio Vaticano II tentou manter o catolicismo sintonizado com um mundo que mudava vertiginosamente. Mas terá sido bem interpretado?
     Até a década de 1960, o padre celebrava a missa em latim e de costas para os fiéis. Neste mesmo período, a Igreja Católica afirmou que a separação entre o Estado e a religião era um fruto positivo da filosofia moderna. Estas e outras profundas transformações abalaram alguns importantes alicerces em que a Igreja de Roma se baseou a partir do século XVI, com o Concílio de Trento (1545-1563). Era a crise da identidade tridentina, levada a termo com a realização do Concílio Vaticano II (1962-1965), o maior evento religioso do século passado, a 21ª grande reunião de bispos e alguns religiosos de todo o mundo com o intuito de discutir os rumos que a Igreja deve tomar.
     A Igreja foi se isolando e se fechando desde o século XVI, primeiramente como reação ao cisma protestante, que adveio das inquietações teológicas de Martinho Lutero (1483-1546), e, posteriormente, ao pensamento liberal e à doutrina comunista. Tornava-se uma “fortaleza sitiada”, interpretando a emergência da modernidade como um grande mal que se abatia sobre o cristianismo. No século XIX e no início do XX, esta tendência foi reforçada ainda mais com os papas Gregório XVI (1831-1846), Pio IX (1846-1878) e Pio X (1903-1914), que lançaram inúmeras condenações contra os principais elementos da cultura moderna, ficando conhecida como ultramontana, “detrás os montes”, ou seja, referente àqueles que estão aquém dos Alpes, com Roma e apoiando todas as decisões do Sumo Pontífice. Porém, essa tendência passou a conviver com diferentes movimentos no seio do catolicismo que, ao contrário, defendiam uma Igreja capaz de dialogar com o mundo, mais aberta à participação do fiel em suas atividades, e que respondesse de forma mais plausível aos desafios do mundo.
     Quando o Concílio Vaticano II foi convocado, o mundo já estava bem diferente daquele dos séculos anteriores: já vira duas grandes guerras, o surgimento do nazifascismo, a emergência e a consolidação de Estados comunistas por todo o mundo, a concretização das democracias liberais, o desenvolvimento dos meios de comunicação, a liberalização moral, o pluralismo religioso e a diminuição da influência das instituições religiosas na esfera pública. O Vaticano II foi a resposta da Igreja aos novos desafios colocados pelo novo mundo que surgia. Ou seja, uma grande tentativa de atualizar a Igreja – realizar seu aggiornamento, palavra em italiano que significa atualização, muito utilizada pelos bispos e religiosos participantes do concílio.
     O fato é que este concílio se diferenciou de todos os anteriores, pois não tinha sido convocado para condenar uma forma de se pensar e agir, nem para promulgar dogmas, como acorrera nos vinte já então realizados. Em quatro anos, de 1962 a 1965, inúmeras questões doutrinais, morais e políticas foram debatidas em uma assembleia instalada na nave central da Catedral de São Pedro, no Vaticano, com a presença de milhares de bispos e religiosos, vindos dos quatro cantos do planeta. A Igreja precisava dar uma resposta a esse mundo em transformação, reafirmar seu papel na contemporaneidade e apontar novos rumos. Precisava demonstrar que não era uma instituição tradicional e milenar já sem contato com a realidade circundante e sem ressonância no mundo.
     Foram debatidos temas que mudaram significativamente o rosto do catolicismo. Pretendia-se passar de uma Igreja fechada em si mesma a uma Igreja aberta ao mundo, capaz de seguir sua missão, levando a mensagem evangélica a todos os confins do mundo, e assim aprender com ele. Uma profunda mudança de compreensão de si mesma, que ainda se continua a sentir.
     A assembleia produziu quatro constituições, nove decretos e duas declarações. Um ponto de seus documentos mais centrais, a Constituição Pastoral Gaudium et spes (07/12/1965), afirma que a Igreja “está firmemente persuadida de que pode receber preciosa e diversificada ajuda do mundo, não só dos homens em particular, mas também da sociedade, dos seus dotes e atividades (…) caminha juntamente com a humanidade inteira. Experimenta com o mundo a mesma sorte terrena”. Com essa ideia, entendia-se o mundo moderno não mais como um inimigo a ser combatido, mas – naquilo em que trazia de positivo em relação ao homem e seus maiores dramas – um aliado.
     As principais questões discutidas foram as litúrgicas, isto é, aquelas relativas aos ritos do catolicismo; questões ecumênicas, sobre as relações entre os cristãos separados; sacerdócio; a missão; a educação; o diálogo inter-religioso e a liberdade religiosa. Entre estes temas, uma nova perspectiva é assumida, consolidando a imagem de “Povo de Deus”, a imagem de todos o fiéis, que agora são compreendidos como aqueles que exercem um “sacerdócio comum nos Sacramentos”. O lugar dos leigos é elevado a uma importância jamais assumida na história do catolicismo.
     Mas o caminho que levou à promulgação dos textos finais e seus avanços foi marcado por tensões entre sensibilidades diversas no interior do concílio. Logo apareceram grupos que buscaram orientar o concílio em suas decisões. Dois deles se mostraram extremamente aguerridos para fazer valer suas posições nos resultados finais: um, mais progressista, com a presença maciça de bispos de Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda e da América Latina, inclusive do Brasil, como Hélder Câmara (1909-1999), que defendiam uma distensão entre a Igreja e os valores modernos; e outro, que pode ser chamado de conservador e era minoria, com a presença marcante de italianos, ligados à Cúria Romana, franceses, norte-americanos e também alguns brasileiros, como Geraldo de Proença Sigaud (1909-1999) e Antônio de Castro Mayer (1904-1991). Além destes três bispos, que desempenharam importantes papéis no concílio, o Brasil teve mais 243 representantes, entre eles José Ivo Lorscheiter (1927-2007), Jaime de Barros Câmara (1894-1971), Eugenio de Araujo Sales (1920-2012) e Clemente José Carlos Isnard (1917-2005).
     Durante as reuniões, houve um crescente embate entre essas duas concepções, que acabou resultando em um movimento de conquista das mentes dos padres conciliares a partir de palestras, encontros e até mesmo panfletagem. O grupo que saiu “vitorioso” do concílio foi aquele defensor do diálogo com o mundo moderno, reconhecido como a “maioria conciliar”, pois conseguiu inserir nos textos finais a sensibilidade que os marcava, especialmente a compreensão de que o concílio não deveria condenar abertamente nenhuma corrente moderna de pensamento. Porém, a “minoria conciliar” – desejosa, entre outras coisas, de um novo dogma mariano, da manutenção da liturgia do Concílio de Trento e de uma condenação formal do comunismo – conseguiu inserir seus posicionamentos em alguns trechos dos textos finais. 
     As resoluções conciliares foram encontrando aplicação progressiva sob o comando do papa Paulo VI nos anos que se seguiram ao final do concílio, em dezembro de 1965. Porém, as posições contrárias presentes nos debates conciliares estenderam-se ao período posterior. Por um lado, grande entusiasmo e otimismo disseminavam-se em alguns meios, e, junto de alguns deles, também posicionamentos teológicos e litúrgicos que excediam em muito as determinações do concílio. De outro, aqueles não tão otimistas, defensores de uma aplicação calma e cautelosa, além dos que, como Marcel Lefebvre e Antonio de Castro Mayer, radicalizam seu discurso assumindo uma posição anticonciliar, afirmando inclusive ser o concílio ilegítimo.
     Hoje, entre os historiadores do catolicismo, há discussões sobre os significados do Concílio Vaticano II, sua atualidade, ou se um novo concílio se faz necessário. A questão central se debruça sobre os papados de João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI. O primeiro cumpriu e o segundo cumpre os programas do concílio? Ou, ao contrário, como defendem alguns, eles dificultaram sua aplicação ao interpretar o concílio de maneira restrita?

Rodrigo Coppe Caldeira é professor da PUC-MG e autor de Os baluartes da tradição: o conservadorismo católico brasileiro no Concílio Vaticano II (CRV, 2011).

Saiba Mais - Bibliografia
ALBERIGO, Giuseppe. Breve História do Concílio Vaticano II. Aparecida: Santuário, 2006.
BEOZZO, José Oscar. A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas, 2005.

Saiba Mais – Links
Em defesa de uma Igreja Católica acuada pela Reforma Protestante, os jesuítas ganharam o mundo.
Desde o início
Cristãos-novos chegaram com portugueses no século XVI e se integraram rapidamente à sociedade da época.
Uma escolha de fé?
Em “Habemus Papam”, papa foge na hora de assumir o cargo com medo de não ser apto para liderar a Igreja. Filme faz uma leve caricatura dos bastidores do conclave e problematiza a situação da Itália hoje

sábado, 26 de janeiro de 2013

Missão quase impossível

Os jesuítas se surpreenderam com a cultura nipônica. Mas para difundir o cristianismo no Japão, eles enfrentaram traições e até massacres.
     Quando entraram em contato com os japoneses, em meados do século XVI, os padres da Companhia de Jesus julgaram ter encontrado a nata dos povos ultramarinos. Tendo uma cultura fortemente marcada pelo respeito às tradições e às hierarquias, o povo nipônico animou as expectativas dos católicos de uma larga difusão do cristianismo. No entanto, não foi bem assim que aconteceu. Por cerca de um século, os missionários enfrentaram muitas resistências no Japão.
     A aproximação entre portugueses e japoneses se deu em 1543, quando comerciantes lusitanos aportaram na ilha de Tanegashima, em Kyushu, região no sul do país. No século XVI, o Japão se encontrava em processo de unificação política. No período, chamado de Sengoku-Jidai (do século XV ao XVII), o território foi dividido em várias províncias autônomas. Os mercadores souberam tirar proveito da anarquia política e do enfraquecimento do governo do xógum – líder político-militar que assessorava o imperador –, oferecendo espingardas e porcelana à aristocracia guerreira japonesa em troca de prata. Os jesuítas chegaram poucos anos depois, em 1549, mas com intenções bem mais ousadas: iniciar as missões.
     Os padres encontraram o budismo e o xintoísmo, duas tradições religiosas que se entrelaçavam na região, e, aparentemente, o cristianismo não enfrentaria nenhuma hostilidade religiosa. Auxiliados por um intérprete cristão japonês, Anjirô, cujo nome cristão era Paulo de Santa Fé, os jesuítas Francisco Xavier, Cosme de Torres e João Fernandes foram recebidos em uma embaixada pelo daimyô (aristocrata) da província de Satsuma. Quando seguiram rumo à capital do Japão, Miyako (atual Kyoto), os padres conheceram a real situação do país, que vivia um momento de fraqueza do poder imperial. Embora tivessem sido recebidos pelo xógum, sua empreitada foi malsucedida porque eles não conseguiram autorização para evangelizar o povo. Os missionários se estabeleceram, então, em Yamaguchi, na província de Suô, em Honshu, onde o padre Xavier foi autorizado a iniciar a missão.
     Para Xavier, as dificuldades com a língua e com a escrita ideográfica eram um dos obstáculos a serem enfrentados. Por isso, era preciso que os missionários aprendessem o idioma e investissem na criação de um corpo de cristãos japoneses para lhes servirem de auxiliares e intérpretes, os chamados dojukus. Experiente em lidar com a aristocracia guerreira japonesa, o jesuíta pensou na possibilidade de converter o maior número de daimyôs e de samurais, com a intenção de estimular uma reação em cadeia na sociedade japonesa, já que a população estava hierarquicamente submetida à autoridade dessas elites.
     Essa estratégia até deu certo de início, mas esbarrou em sérios problemas. Devido à autonomia das províncias e à falta de unidade do país, era difícil manter as missões em vários locais. Quando os religiosos avançavam sobre novas cidades, as anteriores eram perdidas. Outro grande entrave era que, além de serem reféns do jogo político dos daimyôs – mais interessados nas armas estrangeiras do que na diversidade religiosa –, os jesuítas eram acusados de incitar a população contra sacerdotes japoneses. Por isso, os padres foram violentamente expulsos da maioria das comunidades em que tentaram penetrar.
     Em outras regiões, o catolicismo conseguiu melhor inserção, pois os jesuítas puseram em prática suas estratégias de conversão e suas obras de caridade. O padre Luís de Almeida foi responsável pela criação de um hospital e de um orfanato na cidade de Funai, em Bungo. Outros missionários se destacaram pela confecção de imagens religiosas e de catecismos em japonês, graças às técnicas de impressão trazidas pelos próprios religiosos. Em 1563, em Kyushu, a presença cristã ganhou um importante aliado: o daimyô de Hizen, Omura Sumitada, converteu-se e foi chamado de D. Bartolomeu. No tempo em que esteve no poder, defendeu a causa cristã, mandando queimar e destruir os templos e os santuários, além de autorizar a perseguição às pessoas que se negassem ao batismo.
     Já na capital, Miyako, a vida dos padres não era confortável. Embora fundassem ali uma pequena igreja, tiveram que resistir à perseguição dos bonzos – conselheiros religiosos – e dos gentios. O xógum, após ter seu castelo invadido, acabou cometendo o seppuku – técnica de se matar cortando as próprias vísceras – em 1565. Por medida de segurança, os jesuítas foram expulsos da capital e, novamente reclusos em Kyushu, puderam dar atenção a suas antigas freguesias.
     Enquanto isso, durante a guerra civil que dividia o Japão, o daimyô Oda Nobunaga vinha se destacando nos campos de batalha. O aristocrata percebeu que poderia tirar proveito da aliança com os estrangeiros, e, seduzido pelas espingardas europeias, defendeu os jesuítas para enfraquecer o poder político dos bonzos. No tempo em que liderou a guerra, parte de Kyushu e de Honshu, a maior ilha do Japão, estiveram sob seu domínio. Nesses locais, as missões prosperaram e os jesuítas puderam voltar a pregar na capital. Os padres concentravam grande parte de sua logística no povoado de Nagasaki, cujo porto se tornou um dos mais importantes para os negócios dos mercadores na década de 1580.
     Dois jesuítas se destacaram nesse período: Luís Fróis e Alessandro Valignano. O primeiro ganhou projeção ao se esforçar na compreensão do idioma, na produção de catecismos, na confecção de livros e tratados e na redação de um grande volume de cartas – 252 no século XVI. Circulou por quase todas as áreas de atuação dos jesuítas no Japão, o que deu a ele uma visão mais ampla do fenômeno missionário. Já Valignano esteve no Japão três vezes. Na primeira visita, o padre já havia se preocupado em investir na capacitação dos dojukus, adaptando o método jesuítico aos costumes locais. Participou também dos preparativos para a criação da Santa Casa da Misericórdia de Nagasaki.
     Quando tudo parecia bem para a expansão jesuítica, Nobunaga foi traído por um membro do seu exército e cometeu oseppuku. Foi a partir daí que as relações luso-nipônicas sofreram uma reviravolta. Seu sucessor, Toyotomi Hideyoshi, alegou que a cultura cristã desarticulava as tradições do bushido – o código de conduta dos samurais – e do xintoísmo, ameaçando as estruturas de poder e as hierarquias da sociedade japonesa. Partidário de uma nova estratégia política, rompeu com os missionários ao promulgar, em 1587, o Édito de Hakata, primeiro documento anticristão japonês, que determinava a expulsão dos jesuítas da região central do país.
     A partir do Édito de Hakata, da rivalidade luso-espanhola e das demais ordens religiosas no Extremo Oriente, o monopólio dos jesuítas sobre o Japão ficou mais vulnerável. Apesar disso, o cristianismo não recuou. Em Funai, foi construída uma diocese em 1588, e Nagasaki continuou a prosperar.
     Os portugueses tentaram se aproximar de Hideyoshi, promovendo uma embaixada liderada por Valignano em 1591. Porém, a ação não surtiu o efeito esperado e o édito foi mantido. Um ano depois, quando Hideyoshi reuniu os damiyôs vassalos de Kyushu para invadir a Coreia, os dominicanos chegaram ao Japão. Para estimular a rivalidade institucional entre os jesuítas e as ordens cristãs, o regente do imperador título adotado – autorizou a presença dos franciscanos no país em 1593. Mas o radicalismo de Hideyoshi foi ainda maior: ordenou o assassinato coletivo de vinte e seis cristãos, entre os quais alguns religiosos franciscanos e jesuítas, além de leigos japoneses. Ocorrido em 1597, o episódio ficou conhecido como o primeiro Martírio de Nagasaki. A partir daí, tanto os jesuítas quanto as demais ordens religiosas sentiram-se ameaçados. Após a morte de Hideyoshi, em 1598, o daimyô Tokugawa Ieyasu assumiu o xogunato, unificando o Japão.
     Nesse novo governo, os nanban-jins, como eram conhecidos os portugueses, perderam terreno no país. Além disso, as viagens entre Macau e Nagasaki foram interrompidas pela Companhia das Índias Orientais. Em 1609, os holandeses aumentaram sua presença em Kyushu e foram autorizados por Tokugawa Hidetada, filho de Ieyasu, a estabelecer uma feitoria na região.
     As restrições à presença estrangeira e ao cristianismo deram aos japoneses convertidos uma nova característica. Após 1614, ano de publicação de outro édito anticristão, o país ficou fechado para os estrangeiros. Muitos missionários passaram a viver clandestinamente no país, chamados de kakure kirishitan (cristão escondido). Os católicos utilizaram várias técnicas para se camuflar entre a população, a fim de não levantar suspeitas. Sabe-se que essas comunidades secretas resistiram até meados de 1685, quando os Tokugawa resolveram investir definitivamente contra a presença estrangeira no Japão.

Jorge Henrique Cardoso Leão é pesquisador do Núcleo de Estudos Japoneses (UFSC) e autor da dissertação “A arte de evangelizar: jesuítas, dojukus e mediações culturais no Japão (1549-1587)” (UERJ, 2010).

Saiba Mais - Bibliografia
BOXER, Charles Ralph. The Christian Century in Japan (1549-1650). Califórnia: University of California Press, 1951.
COSTA, João Paulo de Oliveira e. Portugal e o Japão: o século Nanban. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1993.
PINTO, Ana Fernandes. Uma Imagem do Japão: a aristocracia guerreira nipônica nas Cartas Jesuíticas de Évora, 1598.Macau: Instituto Português do Oriente e Fundação Oriente, 2004.
THOMAZ, Luís Felipe. Nanban Jins: os portugueses no Japão. Lisboa: CTT Correios, 1993.

Saiba Mais - Link

Saiba Mais - Filme
Kagemusha: a sombra do samurai
No século XVI o Japão passou por uma guerra civil. Os chefes de clã ansiavam alcançar a Kyoto, a capital, cuja conquista significava a soberania sobre o Japão. Entre os mais fortes há três rivais: Shingen Takeda (Tatsuya Nakadai), Nobunaga Oda (Daisuke Ryu) e Ieyasu Tokugawa (Masayuki Yui). Em 1572, Shingen marcha em direção a Kyoto. Nobunaga e Ieyasu juntam-se para impedi-lo e são repelidos. Então Shingen cerca o forte de Ieyasu, o castelo Noda. Após dois anos de cerco, a luta ainda continua e em breve virá um inverno inclemente, que não poupará nenhum dos lados. No meio desta guerra há um segredo que poucos conhecem: trata-se de um ladrão comum que, por causa da semelhança surpreendente com Shingen, foi escolhido para fazer se passar por ele enquanto o verdadeiro Shingen fica a salvo. Porém, Shingen resolve presenciar a queda do castelo Noda e é alvejado. Surgem rumores que Shingen está morto, mas o que aconteceu é que ele foi ferido e ordenou aos seus conselheiros que, se ele vier a falecer, que sua morte seja ocultada por pelo menos três anos, que os domínios deles sejam guardados tendo o cuidado de nunca se deslocar, pois se ignorarem estas ordens e atacarem será o fim do clã Takeda. Ele pede que considerem isto como seu testamento. Seus exércitos abandonam o cerco e, enquanto retornavam, Shingen vê Kyoto e morre. Assim seu desejo é mantido e, para que seus inimigos não ataquem e as tropas se mantenham motivadas, seu sósia devidamente treinado toma seu lugar como chefe do clã. Assim por um período de três anos o kagemusha, seu sósia, é tratado por todos, inclusive pelo filho e pela amante, como se fosse o real Shingen. Só os conselheiros mais íntimos sabem a verdade, pois é importante que amigos e inimigos acreditem que Shingen está vivo. Seu sósia, que no início fazia esta tarefa com bastante insegurança, gradativamente vai aprendendo todos os sutis detalhes que compunham o modo de ser de Shingen. Assim ele cria respeito no clã Takeda e medo nos inimigos, que creem que o grande guerreiro está vivo.
Direção: Akira Kurosawa
http://ul.to/p69uwv8uAno: 1980
Áudio: Japonês/legendado
Duração: 180 minutos

Saiba Mais – Documentários
Japão - Memórias de um Império Secreto
Os japoneses têm escritas e cerimônias tão diferentes de todas outras nações. As coisas que fazem é além da imaginação e deve ser verdade o que dizem que Japão é o mundo inverso da Europa.
Para os primeiros ocidentais no Japão esse era um mundo misterioso, era a fábula da ilha de Zipangu que Marco Polo tinha apenas ouvido, a terra de riquezas que Cristóvão Colombo tinha partido para encontrar.
Quando os portugueses chegaram ao Japão em 1543 eles encontraram um país estourando em guerra civil
no meio desse caos um guerreiro samurai emergiria ele criaria um regime tão forte que durou mais de 250 anos, testemunhas desse mundo, ambos ocidentais e japoneses escreveram sobre esses tempos de mudança. Lá estão histórias da florescente cultura de rituais poéticos e de luta violenta pelo poder, é a saga da abertura comercial com a Europa e depois o fechamento das portas para o Ocidente.
Essas são memórias do império secreto do Japão.

Direção: Deborah DeSnoo, Lyn Goldfarb
Ano: 2004
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 55 minutos/cada episódio
http://ul.to/r7ftu6p4
Episódio-01- O Estilo dos Samurais
Em meios as vindas de europeus ao Japão e ao trabalho dos Jesuítas em converter a nação ao cristianismo, Tokugawa Ieyasu, um samurai, unifica o Japão e estabelece uma dinastia que irá governar o Japão por mais de 250 anos.
Episódio-02- A Vontade do Xogum
O neto de Ieyasu, Tokugawa Iemitsu, assume os comandos japoneses e começa uma campanha para expulsar os estrangeiros do Japão.
Episódio-03- O Retorno dos Bárbaros
Isolados do Ocidente, no começo do século 18, floresce toda uma cultura e economia bem definida, tornando o Japão uma das cidades mais prósperas do mundo. Mas forças estrangeiras estão chegando.