“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Munduruku lutam pelo território

“Esse é um projeto (a construção da hidrelétrica no rio Tapajós) que traz morte. Acaba com a vida, a cultura, expulsa e tira dignidade do povo Munduruku. Dizima crenças, a cultura e a identidade desse povo”.
     Indígenas do povo Munduruku ocuparam na última sexta-feira, dia 28 de novembro, a sede da Funai na cidade de Itaituba, no sudoeste do Pará. Alguns veículos de comunicação estão noticiando o fato, mas a maioria deles não contextualiza a situação, de modo a facilitar uma interpretação agressiva da atitude dos índios. O que não se explica, no entanto, é a violência que os Munduruku estão vivenciando diariamente, sob pressão do governo brasileiro, em aliança com interesses privados. O objetivo da pressão é a construção da hidrelétrica no rio Tapajós, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
     O que os povos Munduruku querem é a publicação do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Sawré Muybu Dajê Kapap Eypi, como garantia de permanência do povo no local que ocupam há centenas de anos. O relatório já está pronto. Basta que a Funai o publique e o que emperra o processo são os interesses envolvidos na região. Como o órgão não avança, os indígenas iniciaram um processo de estudo e demarcação próprios, com apoio de entidades da sociedade civil. (Leia carta de autodemarcação dos Munduruku)
     Mas a queda de braço ainda está longe de terminar. A resposta da sociedade civil à tentativa de imposição da hidrelétrica tem sido forte. Segundo previsões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a megausina São Luís do Tapajós, no Pará, deveria entrar em operação em 2016. Os conflitos socioambientais (que não se limitam à questão com os índios, mas incluem a redução de áreas de floresta amazônica) já empurraram a previsão para 2020.
     Mas a briga continua, como mostra o documentário abaixo, lançado em novembro. A documentarista Nayana Fernandez, brasileira de 33 anos, percorreu aldeias da tribo indígena ao longo do rio Cururu, afluente do Tapajós, para registrar a luta dos munduruku contra o complexo hidrelétrico. O projeto prevê a construção de mais de 20 barragens na bacia do Tapajós, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O resultado das filmagens é o documentário “Índios Munduruku: Tecendo a Resistência”, lançado simultaneamente no Brasil e na Inglaterra. A produção independente contou com o apoio de organizações britânicas e de lideranças da etnia mundurucu.
     Ana Laide Barbosa, do Projeto Xingu Vivo para Sempre afirma no vídeo: “Esse é um projeto que traz morte. Acaba com a vida, a cultura, expulsa e tira dignidade do povo Munduruku. Dizima crenças, a cultura e a identidade desse povo”.   
     O link do documentário está abaixo, na íntegra. Para mais informações sobre a luta do povo Munduruku, acesse o site sobre a autodemarcação no Tapajós.
Reino Unido/Brasil, 25min
Dir.: Nayana Fernandez

Um comentário:

  1. Obrigada por ajudar na conscientização acerca de uma questão demasiadamente delicada. Obrigada mesmo!!!

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