“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

sábado, 27 de agosto de 2011

Candido Portinari: Guerra e Paz


     Em 1952, a Organização das Nações Unidas (ONU), pediu a cada país que doasse uma obra de arte para expor em sua sede, na cidade de Nova York. O governo brasileiro encomendou ao artista plástico Candido Portinari a criação de uma obra. Portinari produziu dois imensos painéis, de 14 metros de altura por 10 metros de largura, finalizados em 1956. Uma dessas obras recebeu o título de GUERRA, e a outra, de PAZ.
     Os quadros que não puderam ser inaugurados pelo pintor brasileiro, que teve sua entrada nos EUA impedida por negação de visto de parte do governo estadunidense, sob acusação de ser “comunista”. Até hoje os quadros estão no Conselho de Segurança, sem identificação, a ponto que os guias não sabem indicar aos visitantes a autoria dos painéis.
     Que razões levaram Portinari escolher o tema da guerra e da paz? Consciente politicamente do período que a humanidade passava a enfrentar (Guerra fria), apesar do fim do conflito mundial, um ano antes, ele escrevia:
 “... A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente anti-guerra, para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim, unidos os povos do mundo inteiro, não somente com palavras, mas com ações, levarem até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do Progresso e da Fraternidade dos Povos...”

     Os painéis de guerra e paz de Portinari continuam dramaticamente atuais no século XXI. Os sofrimentos de mulheres chorando, com filhos mortos, ajoelhadas diante dos seus corpos. As caras do povo – vítima da guerra e sujeito da paz -, que ninguém soube retratar melhor do que Portinari - o pintor da guerra e da paz, o pintor do povo.

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