Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU),
enquanto os países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2 trilhões em
doações de países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em
apenas um ano, US$ 18 trilhões em ajuda pública. A ONU alertou que a crise
econômica mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres,
agravando os problemas da fome, da desnutrição e da pobreza.
O setor financeiro internacional recebeu
apenas em 2008, quase dez vezes mais recursos públicos do que todos os países
pobres do planeta nos últimos cinquenta anos. O dado foi divulgado nesta
quarta-feira (24)pela campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) pelas
Metas do Milênio, destinada a combater a fome e a pobreza no mundo. Enquanto os
países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2trilhões em doações de
países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em apenas um
ano, US$ 18 trilhões em ajuda pública.
A ONU alertou que a crise econômica
mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres,
lembrando que, na semana
passada, a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que a
crise deixará cerca de 1
bilhão de pessoas passando fome no mundo.
A revelação foi feita no início de uma
conferência entre países ricos e pobres, que ocorre na sede da ONU, em Nova
York, para debater o impacto da crise. Segundo o diretor da Campanha pelas
Metas do Milênio, Salil Shetty, esses números mostram que a destinação de
recursos públicos ao desenvolvimento dos países mais pobres não é uma questão
de falta de recursos, mas sim de vontade política.
“Sempre digo que se você fizer uma
promessa e não cumprir, é quase um pecado, mas se fizer uma
promessa a pessoas pobres
e não cumprir, então é praticamente um crime”, disse Shetty à BBC. “O que é
ainda mais paradoxal”,
acrescentou, “é que esses compromissos (firmados pelos países ricos para ajudar
os
mais pobres) são
voluntários”. “Ninguém os obriga a firmá-los, mas logo eles são renegados”,
criticou o
funcionário da ONU.
Um dos efeitos desta perversa distorção
foi apontado pela FAO: a quantidade de pessoas desnutridas
aumentará no mundo em
2009, superando a casa de um bilhão. “Pela primeira vez na história da
humanidade, mais de um
bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de desnutrição em todo
o mundo”, advertiu a
entidade. A FAO considera subnutrida a pessoa que ingere menos de 1.800
calorias
por dias.
Do total de pessoas subnutridas hoje no
mundo, 642 milhões concentram-se na Ásia e na região do Pacífico e outras 265
milhões vivem na África Subsaariana. Na América Latina e Caribe, esse número é
de 53 milhões de pessoas. Em 2008, o total de desnutridos tinha caído de 963
milhões para 915 milhões. O motivo foi uma melhor distribuição dos alimentos. Mas
com a crise, o quadro de fome no mundo voltará a se agravar. Segundo a
estimativa da ONU, um milhão de pessoas deverão passar fome no mundo nos próximos
meses.
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