O tempo humano
No início da história humana, homens e mulheres perceberam que algumas manifestações da natureza eram cíclicas, ou seja, havia acontecimentos que se repetiam com regularidade.
Não se tratava de algo inútil. Saber com antecedência quando colher frutos e sementes, caçar ou cultivar a terra era vital para garantir a sobrevivência. Por isso, as primeiras comunidades humanas procuraram maneiras de medir a duração dos ciclos. A própria natureza fornecia sinais que marcavam os ciclos.
Com base no nascer e no pôr do Sol, criou-se a ideia de dia. O ciclo completo de fases da Lua - que dura cerca de 29 dias - gerou o conceito de mês. As estações do ano e a posição de certas estrelas - que voltam ao mesmo ponto do céu a cada 12 meses aproximadamente – foram a base para o surgimento da ideia de ano.
Com essas informações, os primeiros grupos humanos elaboraram calendários. Os calendários são uma espécie de tabela que permite registrar os ciclos passados e planejar o tempo futuro.
A medida do tempo
Os povos da Antiguidade criaram calendários cuja base era a observação astronômica. A maior parte desses calendários seguia três referenciais: o movimento aparente do Sol, da Lua e das estrelas. Através do estudo do movimento desses corpos celestes, foram elaborados quatro tipos de calendários.
Calendário Solar - a base é o ano, o tempo que a Terra demora em dar uma volta em torno do Sol (medido em 365 dias e 1/4 de dia).
Calendário Lunar - a base é o mês lunar, a soma das quatro fases da Lua: nova, quarto crescente, cheia e quarto minguante, totalizando aproximadamente 29dias.
Calendário Lunar - a base é o mês lunar, a soma das quatro fases da Lua: nova, quarto crescente, cheia e quarto minguante, totalizando aproximadamente 29dias.
Cada povo com o seu calendário
Cada sociedade humana criou uma forma própria de medir o tempo e fazer seu calendário, de acordo com suas necessidades. Observe a seguir alguns exemplos de calendários de sociedades antigas.
Egípcio - Os egípcios usavam um calendário solar de 365 dias. O primeiro dia do ano era determinado pela primeira aparição de Sótis, que coincidia com o início das cheias do rio Nilo, geralmente no nosso mês de junho. O ano era dividido em 3 estaçôes de 4 meses cada: estação da cheia do Nilo, estação do cultivo dos campos e estação da colheita.
Martius (março) - Era o primeiro mês do calendário tradicional romano. Trata-se de uma homenagem ao deus da guerra, Marte. Com o fim do inverno no hemisfério Norte, os exércitos em campanha reiniciavam os ataques em março.
Aprilis (abril), maius (maio) e junius (junho) - Possuem origem desconhecida. Segundo a tradição, esses nomes, assim como março, teriam sido dados pelo fundador de Roma, Rômulo.
Quintilis - Era o quinto mês do ano. No século I a.c., em homenagem a Júlio César, passou a ser chamado de Julius (julho).
Sextilis - Era o sexto mês do ano. Em homenagem a Otávio Augusto, no século I ganhou o nome de Augustus (agosto).
September, October, November, December - eram o sétimo, oitavo, nono e décimo mês no antigo calendário.
Januarius - homenagem ao deus Janus, deus do início e fim de todas as coisas.
Februarius - mês das Februas, homenagens aos mortos.
Os calendários atuais
O antigo calendário romano seguia as fases da Lua. Como o ano lunar (cerca de 354 dias) é menor que o solar (365 dias e 6 horas, aproximadamente), em meados do século I a.c. o calendário de Roma estava 6 dias adiantado em relação às estações do ano. As estações frias e quentes não começavam nos dias e meses tradicionais. Consequentemente, o plantio e a colheita não coincidiam mais com as antigas datas .
• A reforma de Júlio César
Júlio César, quando se tornou governante de Roma, ordenou a elaboração de um novo calendário que fizesse os meses e estações voltar a coincidir.
Com base no calendário solar egípcio, foi determinado que o ano em Roma passaria a ter 365 dias, divididos entre os 12 meses romanos. Alguns meses teriam 30 dias e outros 31. O início do ano já havia mudado de Martius (março) para januarius (janeiro).
A cada ano, porém, ficavam faltando 6 horas para completar o ciclo solar. Isso resultava na defasagem de 1 dia a cada 4 anos, ou quase um mês (25 dias) por século.
Para compensar essa defasagem, os astrõnomos determinaram que a cada 4 anos fosse acrescentado um dia ao mês de fevereiro. É o chamado ano bissexto.
Esse calendário ficou conhecido como juliano. Depois ele foi usado pelos cristãos, que adotaram como marco inicial o Ano 1, a data presumida do nascimento de Cristo.
• O calendário gregoriano
A reforma de Júlio César apresentava um problema. O ano de 365 dias e 6 horas era 11 minutos e 14 segundos maior que o ano solar. Em consequência, a cada 128 anos o calendário usado pelos cristãos se adiantava 1 dia inteiro.
No século XVI, esse adiantamento já estava em 10 dias.
Muitos astrônomos fizeram propostas de reforma do calendário. O problema era encontrar alguém que tivesse o poder necessário para impor a nova contagem de tempo ao Ocidente. Essa pessoa foi um papa, o chefe da cristandade ocidental: GregórioXIII.
Por decreto do papa, o ano de 1582 perdeu 10 dias. A quinta-feira de 4 de outubro de 1582 foi seguida da sexta-feira de 15 de outubro. Estava resolvida a defasagem herdada do passado.
Para evitar que se ganhasse mais 1 dia a cada 128 anos, resolveu-se eliminar alguns anos bissextos.
Assim, só seriam bissextos os anos centenários que fossem divisíveis por 400. Na regra antiga, todos os
anos divisíveis por 4 eram bissextos.
Parece complicado, mas não é: o ano de 1600 foi bissexto (é divisível por 400), mas 1700, 1800 e 1900
não foram.
O ano 2000 foi bissexto, mas 2100,2200 e 2300 não serão. O ano de 2400 será bissexto.
Na prática, apenas 1 em cada 4 anos centenários será bissexto, eliminando 3 dias a cada 400 anos, exatamente a defasagem existente.
O calendário gregoriano resolveu os problemas do calendário juliano e é adotado por muitas nações na
atualidade, inclusive pelo Brasil.
• Nem todos são gregorianos
O calendário gregoriano não é o único utilizado no século XXI. Nem a contagem de tempo cristã é a única existente. Muitas sociedades seguem seus calendários tradicionais, por serem mais bem adaptados às suas necessidades e crenças.
É o caso do calendário judaico, que é lunissolar, composto de 12 meses de 29 ou 30 dias. Para compensar a defasagem de 11 dias em relação ao ano solar, é acrescentado um novo mês de tempos em tempos.
O marco inicial do calendário judaico é a criação do mundo. Segundo o livro sagrado dos judeus, a Torá, o ano 1 judaico corresponde ao ano de 3760 a.c. do calendário gregoriano.
O calendário islâmico, usado pelos povos que adotam a religião muçulmana, é inteiramente lunar. O ano é composto de 354 dias. Portanto, seus dias e meses não se fixam às estações. As festas e feriados islâmicos movem-se lentamente por todas as estações do ano.
Os muçulmanos consideram o ano 1 de seu calendário a Hégira, ou fuga de Maomé da cidade de Meca para Medina, que no calendário gregoriano ocorreu no ano de 622.
FONTE:
História, ensino médio organizadores Fausto Henrique Gomes Nogueira, Marcos Alexandre Capellari. - 1. ed. - São Paulo: Edições SM,2010. - (Coleção ser protagonista)
Conexões com a História / Alexandre Alves, Letícia Fagundes de Oliveira. - 1.ed. - São Paulo. Moderna, 2010.
História: das cavernas ao terceiro Milênio /Patrícia Ramos Braick. Myriam Becho Mata. 2. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.
Narradores de Javé
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada estratégia: decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.
O mais esclarecido é o carteiro Antônio Biá, que apesar das desavenças com os moradores locais se torna o responsável por reunir as histórias sobre a origem de Javé.
Ao entrevistar vários dos moradores mais antigos, Antônio Biá percebeu que todos contavam a história "puxando a sardinha" para as suas respectivas famílias. E a graça reside no fato da memória oral privilegiar alguns detalhes que favorecem uns em detrimento de outros. Como diz o nosso Biá: "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito". E o filósofo "javélico" está correto, nenhum historiador consegue ser 100% isento ao transpor fatos ocorridos para o papel.
Acaba sendo impossível escrever tantas discrepâncias históricas, e Antônio Biá sabe muito bem que nada impedirá o desaparecimento de Javé, pois trata-se do "progresso".
Direção: Eliane Caffé
Ano: 2003
Áudio: Português
Direção: Eliane Caffé
Ano: 2003
Áudio: Português
Duração: 100 minutos
Tamanho: 600 MB
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