“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Em defesa da Palestina

“Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?”
O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças.
     Para justificar-se, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que essa carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.
     Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.
     São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.
     Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.
Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.
     Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.
     Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pode arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda-chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?
     O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nessa operação de limpeza étnica.
     E, como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.
     A chamada “comunidade internacional” existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?
     Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas rendem tributo à sagrada impunidade.
     Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E, como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama uma ou outra lágrima, enquanto secretamente celebra essa jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.
Saiba Mais - Documentários:
A Palestina Ainda é a Questão
Documentário de John Pilger (Palestine Is Still The Issue) que retrata a vida de sofrimento e humilhação do povo palestino nos territórios ilegalmente ocupados pelas forças militares do estado sionista de Israel. Ao final, John Pilger repete as perguntas que o grande arcebispo antiapartheid Desmond Tutu havia feito pouco tempo antes: "Será que os judeus esqueceram em tão pouco tempo o sofrimento, a humilhação e as mortes que seus antepassados padeceram há apenas duas gerações?
Por que eles agora estão praticando contra o humilde povo palestino atrocidades semelhantes às sofridas por seus antepassados nas mãos dos nazistas?"
Direção: Tony Stark
Ano: 2003
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 53minutos
Tamanho: 499 MB
Atirar num Elefante
Os ataques israelenses não poupam ninguém, crianças, mulheres, ambulâncias e tudo o que se mova pode ser alvo da covardia e brutalidade de um dos exércitos mais truculentos do mundo. O documentário To Shoot An Elephant (TSAE) narra a rotina na Faixa de Gaza a partir de 27 de dezembro de 2008, quando Israel começou a operação militar Chumbo Fundido em Gaza, onde passou 21 dias atirando e que causaram a morte de 1.412. Convertido em narração direta e privilegiada dos bombardeios, o filme, quer ser ferramenta para fazer frente à propaganda israelense e ao silêncio internacional.
Direção: Alberto Arce / Mohammad Rujailah
Ano: 2009
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 113minutos
Tamanho: 837 MB

Ocupação 101: voz da maioria silenciosa
Um documentário instigante e poderoso na raiz atual e histórica do conflito israelense-palestino. Ao contrário de qualquer outro filme já produzido sobre o conflito - "Ocupação 101” apresenta uma análise abrangente dos fatos e verdades escondidas em torno da polêmica interminável e dissipa muitos de seus antigos mitos e equívocos.
O filme também detalha a vida sob o governo militar israelense, o papel dos Estados Unidos no conflito e os principais obstáculos que se interpõem no caminho de uma paz duradoura e viável. As raízes do conflito são explicadas através de experiências de primeira mão sobre-o-terreno dos principais estudiosos do Oriente Médio, ativistas pela paz, jornalistas, líderes religiosos e trabalhadores humanitários cujas vozes foram demasiadas vezes reprimidas em jornais americanos.
O filme cobre uma ampla gama de tópicos - que incluem - a primeira onda de imigração de judeus da Europa na década de 1880, as tensões de 1920, a guerra de 1948, a guerra de 1967, a primeira Intifada de 1987, o Processo de Paz de Oslo, a expansão do assentamento, o papel do Governo dos Estados Unidos, a segunda Intifada de 2000, a barreira de separação e a retirada de Israel de Gaza, bem como depoimentos dilaceradores de corações de muitas vítimas desta tragédia.
Direção: Abdallah Omeish / Sufyan Omeish
Ano: 2007
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 88 minutos
Tamanho: 803 MB
Palestina, História de uma Terra (1880-1991)
Diariamente no noticiário internacional, o conflito entre israelenses e palestinos parece uma história antiga. Porém, poucas pessoas sabem como essa guerra começou. Com imagens marcantes e históricas, o documentário (Palestine, histoire d'une terre) é uma oportunidade de conhecer o início dos desentendimentos entre os dois povos; a criação do Estado de Israel e a luta pela criação de um Estado palestino, desde o fim do domínio do Império Otomano até as negociações mais recentes entre árabes e israelenses.
Documentário organizado a partir de imagens de arquivos históricos raros divididos em dois períodos. A primeira parte, de 1880 a 1950, mostra a convivência harmônica no final do século XIX entre muçulmanos, judeus e cristãos na Palestina até a fuga em massa de trabalhadores árabes em Israel; jurisdição militar, toques de recolher, censura e leis de circulação. A segunda parte, que compreende o período entre 1950 a 1991, fala sobre as tropas Israelenses massacrando e expulsando os povos árabes de suas casas e cidades apropriando-se de todos seus territórios até os Acordos de Paz.
Diretora: Simone Bitton
Ano: 1997
Áudio: Português
Duração: 117 minutos

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