João Canossa, editor executivo da Editora
Fiocruz, diz que o projeto serve de vitrine para os títulos publicados e que,
provavelmente, a disponibilização de obras na internet não deve prejudicar as
vendas nas livrarias. “Na medida em que um acesso mais amplo é garantido a
interessados nos temas publicados por nossa editora, há uma contribuição
significativa para a difusão do conhecimento e, ainda, para a formação de
leitores qualificados”. Não só no Brasil, mas em outros países falantes de
língua portuguesa, já que a SciELO é uma rede internacional.
Atualmente, o grupo
possui 75 livros na ferramenta, como História Oral: desafios para o século XXI, organizado pela historiadora Verena Alberti e
Marieta de Moraes Ferreira, Antropologia da saúde:traçando identidades e explorando fronteiras, por
Paulo César Alves e Miriam Rabelo; e Filosofia, história e sociologia das ciências I:abordagens contemporâneas, de
Vera Portocarrero.
Adriana Luccisana, supervisora do projeto
e integrante da equipe de coordenação e organização, comenta que “a Rede SciELO
Livros compartilha objetivos, recursos, metodologias e tecnologias com a Rede
SciELO de periódicos científicos de modo a contribuir com o desenvolvimento da
comunicação científica em ambos meios de publicação”. A ideia é de levar
títulos interessantes a estudantes e pesquisadores e que possam servir de base
para pessoas que estejam próximas ou não destes núcleos de produção de
conhecimento.
Outros
projetos
Há uma infinidade de obras em domínio
público presentes nas estantes das bibliotecas públicas virtuais, que permitem
pegar livros “emprestados” por tempo indeterminado. É o caso, por exemplo, de
um dos nossos mais célebres escritores. Machadode Assis conta até com um site especial,
feito pelo Ministério da Educação, que disponibiliza em formato PDF a obra
completa do primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Até as correspondências do escritor podem ser baixadas para o seu computador
ou tablet.
O site Domínio Público,
do Ministério da Educação, por exemplo, é o oásis dos novos leitores, com mais
de 180 mil obras à disposição. Quem não tem tablet não precisa
se preocupar: os livros são disponibilizados, na maioria das vezes, em formato
PDF e HTML, padrão das páginas de internet que pode ser visto em qualquer
computador. Desde 2004, já foram feitos mais de 30 milhões de downloads de
livros diversos.
Apenas sobre História Geral, são 1.263
obras – 726 delas em português. A mais acessada é “A escravidão”, de Joaquim Nabuco, lida virtualmente por mais de 33
mil pessoas. Outro que se destaca é “História do Brasil: 1500-1627”, de Frei Vicente de Salvador. Quem não leu o célebre
“Capítulos de História Colonial(1500-1800)”, de João Capistrano de
Abreu, pode começar a qualquer momento.
Obviamente, a benesse não
se restringe aos autores nacionais. Basta um clique para ter acesso a obras
de William Shakespeare, Fernando Pessoa e Dante Alighieri – best seller online, com mais de
1,7 milhão de livros baixados –, passando por Pero Vaz de Caminha e Luís de Camões. Não há por que se preocupar com o idioma: o site
oferece 16 opções – de latim a sânscrito! –, incluindo, obviamente, versões em
português.
Bibliotecas virtuais estaduais e independentes
Outras opções interessantes são o GoogleLivros e os sites
independentes Biblio e eBooksBrasil. Porém, há
alguns problemas: o Google não permite a busca por disciplina, mas torna-se uma
boa opção para quem sabe o que procura. Já os outros não têm uma navegabilidade
muito fácil de lidar.
Mas o melhor é que a ideia
se irradia por outros estados. O governo do Amazonas, por exemplo, criou sua
própria Biblioteca Virtual onde é possível encontrar o “Almanaque do Amazonas para 1908”, repleto de informações sobre Manaus no início do
século XX, com direito a fotos e informações gerais da cidade. Já a editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) resolveu disponibilizar, gratuitamente, 120 títulos acadêmicos em formato digital. Desde o ano passado, mais de 60 mil pessoas fizeram
o download.
“Democratização da leitura”
Por outro lado, vários sites e blogs
disponibilizam obras inteiras pirateadas – em alguns casos, envoltas num viés
ideológico de democratização da leitura. Num manifesto na internet, os idealizadores do
projeto argumentam que a democratização do acesso à tecnologia e a precariedade
dos espaços físicos de leitura obrigam a “reconhecer a falência do governo em
prover sua população com as ferramentas tradicionais de inclusão cultural, como
as bibliotecas”.
O projeto – que conta com mais de 50 mil
usuários cadastrados – parte da hipótese de que “as bibliotecas digitais têm o
potencial de provocar mudanças no hábito de leitura e ampliar o acesso a
livros”. Até aí, tudo bem. Só falta combinar com os autores que, afinal,
precisam sobreviver para manter a "causa".
Num desses sites são
oferecidos, só de História Geral, 19 títulos, como o “Livro das moedas do
Brasil – 1643 até o presente”, de Cláudio Amato, Irlei Neves e Arnaldo Russo, e
até os oito volumes de “História da Geral África”. Nenhuma editora escapa, ao
ponto de algumas capas de livros ganharem até selo do site pirata.
Iniciativas em prol de pesquisadores e leitores
Mas como a nova ordem veio para ficar, a
Biblioteca Nacional, claro, não ficaria de fora e está com um laboratório de
digitalização a todo vapor, seguindo a tendência das bibliotecas mundo afora. A BN faz parte do projeto Biblioteca Digital
Mundial, juntamente com instituições de Alexandria, Egito e Rússia. O projeto
prevê a digitalização de documentos, cartas, fotos e mapas nas seis línguas
oficiais da ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo), além do português,
graças à participação da Biblioteca Nacional. Estão sendo digitalizados 1.500
mapas raros dos séculos XVI a XVIII, além de 42 álbuns com cerca de 1.200 fotos
da Coleção Thereza Christina Maria, doada pelo Imperador D. Pedro II à BN.
Mas, quem não aguenta de saudade do
cheirinho de papel, a internet também oferece uma solução. O site Trocando Livros
faz, justamente, o que o nome propõe: você cria uma lista de livros que quer
trocar e fica aguardando o interesse de algum usuário. Quando houver a
solicitação, você envia pelos correios e ganha um crédito para solicitar outro
livro. E quem estiver de olho na estante alheia, pode comprar crédito por uma
quantia pré-fixada.
Saiba
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