Chefe Seattle
Em 1855, o
presidente dos Estados Unidos (Franklin
Pierce - 1853 a 1857), propôs comprar uma grande área
de terra dos índios Suquamish, onde hoje é o estado americano de Washington,
prometendo uma reserva para que nela eles pudessem viver. A resposta do chefe
Seattle é tida como uma profunda declaração de amor ao Meio Ambiente. As
reflexões do líder Suquamish ainda têm uma surpreendente atualidade.
“O grande chefe de Washington mandou dizer
que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua
amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não
precisa de nossa amizade.
Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois
sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa
terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com
a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das
estações do ano.
Minhas palavras são como as estrelas que
nunca empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o
calor da terra? Tal ideia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou
do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é
sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa,
cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são
sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas
árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.
Portanto, quando o grande chefe de
Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós.
O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos
viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto,
vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque
esta terra é para nós sagrada.
Esta água brilhante que corre nos rios e
regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te
vendermos a terra, terás de te lembrar, que ela é sagrada e terás de ensinar a
teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos
lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água
é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede.
Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos
nossa terra, terás de te lembrar, e ensinar a teus filhos que os rios são
irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a
um irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende
o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é
um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que
necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de conquistá-la,
ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se
importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam
esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele
trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser
compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua
voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.
Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A
vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez
isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada entende.
Não há sequer um lugar calmo nas cidades
do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na
primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um
selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E
que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de
noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada
compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície
de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia,
ou recendendo a pinheiro.
O ar é precioso para o homem vermelho,
porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem. O
homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em
prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa
terra, terás de te lembrar, que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu
espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o
seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te
vendermos nossa terra, deverás mantê-la preservada, feita santuário, como um
lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a
fragrância das flores campestres.
Assim, vamos considerar tua oferta para
comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco
deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e desconheço que possa ser
de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria,
abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em
movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro
possa ser mais importante do que o bisão que matamos apenas para o sustento de
nossa vida.
O que é o homem sem os animais? Se todos
os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito.
Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está
relacionado entre si.
Deves ensinar a teus filhos que o chão
debaixo de seus pés é as cinzas de nossos antepassados; para que tenham
respeito ao país, conta a teus filhos que as riquezas da terra são as vidas de
nossos parentes. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a
terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os
homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos. A terra não pertence
ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas
estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado
entre si. Tudo quanto agride a terra agride os filhos da terra. Não foi o homem
quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele
fizer à trama, a si próprio fará.
Os nossos filhos viram seus pais
humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E
depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos
adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os
nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns
invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que
têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrarão, para chorar sobre os
túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o
nosso.
Nem o homem branco, cujo Deus com ele
passeia e conversa de amigo para amigo, pode ser isento do destino comum.
Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o
homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez
julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa
terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade
para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar
dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. Os brancos também vão acabar;
talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continua sujando sua própria
cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com
fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum
desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem
vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como
será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as
brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas
colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá
acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à
caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.
Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos
com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmitem
a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que
oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã.
Somos, porém, selvagens. Os sonhos do
homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso
próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos
prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme
desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança
não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu
povo continuará vivendo nestas florestas e praias, porque nós a amamos como ama
um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.
Se vendermos nossa terra, ama-a como nós a
amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca se esqueçam de como era a
terra quando tomaram posse dela. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o
seu coração, conserva-a para os seus filhos e ama-a como Deus ama a todos nós.
Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele.
Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino".
Filmes:
Dança com Lobos
Kevin Costner virou um astro da noite para o
dia com esse épico majestoso vencedor de sete estatuetas da Academia de Artes
de Hollywood. Ele vive John Dunbar, um tenente da União, condecorado por
bravura durante a Guerra de Secessão, conquista
o privilégio de escolher o lugar onde gostaria de servir,
escolheu um forte isolado na fronteira selvagem dos índios Sioux. Dunbar
enfrenta uma série de perigos e trava contatos com uma tribo indígena que
inicialmente parece hostilizá-lo. Acompanhado de seu cavalo Cisco e de um lobo
com quem faz amizade, passa a ser chamado de "Dança com Lobos", pelos
peles-vermelhas. A convivência com os nativos faz com que o oficial ganhe
respeito da tribo, principalmente depois de uma empolgante caçada de búfalos.
Mas logo a cavalaria aponta no horizonte e Dunbar precisa enfrentar o maior
dilema de sua vida.
O último dos Moicanos do
diretor/roteirista Michael Mann, é uma história de amor sem fronteiras, uma
recriação detalhada da turbulenta América colonial e uma saga excitante sobre a
guerra entre ingleses e franceses, no século XVIII, por um pedaço do solo
americano. Daniel Day-Lewis interpreta Hawkeye, um homem criado por índios e
que luta por justiça e pelos princípios moicanos. Madeleine Stowe é Cora Munro,
filha de um oficial britânico. Eles se apaixonam e juntos enfrentam a ira do
cruel e vingativo Magua, nesta superprodução vencedora do Oscar de Melhor Som,
em 1992.
Filmes:
Dança com Lobos
Direção: Kevin Costner
Ano: 1990
Duração: 174 minutos
Tamanho: 558 MB
O Último dos Moicanos
Direção: Michael Mann
Ano: 1992
Áudio: Inglês/legendado
Tamanho: 417 MB
Gênio é aquele que enxerga o óbvio antes de todos!.
ResponderExcluirHá quem diga: "Que gênio não é aquele que prevê o futuro, este seria o profeta. Gênio é aquele que comprenede o mundo que vive". Abraço fraternal.
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