Questão de
gosto
Em O diabo e a Terra de Santa Cruz, de Laura de Mello e Souza.
Empadinhas de vento
Em O Rio de Janeiro do meu tempo, de
Luís Edmundo.
Culinária assassina
No século XVII os tupinambás foram levados
para a França e viraram atração na corte do rei Luís XIII. As
relações franco-tupis remontam, pelo menos, a 1550. Mas, antes desta
saga francesa, o índio brasileiro chegou à Inglaterra, Gilberto Freyre
conta a história de um cacique levado na década de 1530 pelo viajante
William Hankins para ser apresentado ao rei Henrique
VIII. O indígena causou grande sensação em Londres. Mas o final de sua aventura
não foi muito feliz. Ele morreu pouco depois de ter sido apresentado ao público
europeu. Segundo Freyre, não se sabe se por causa do frio ou da culinária
inglesa...
Em Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre.
Homenagem
suspeita
Antes do Código Civil de 1916 as pessoas
podiam mudar seus nomes livremente. Fato curioso ocorreu no Nordeste por conta
desta facilidade em 1887. Um dos protagonistas foi João Ramos, que fazia parte
de um grupo abolicionista de Pernambuco, o Club do Cupim. Ele deu cobertura a
um escravo que havia conseguido escapar. Assim que este chegou ao Ceará, província
na qual a escravidão já havia sido abolida, escreveu uma carta de agradecimento
ao seu benfeitor, E assinou como João Ramos, adotando o nome do homem que o
ajudou, Mas o abolicionista não aceitou muito bem a homenagem e anotou na mesma
carta: "tomou para si o meu nome e tem a petulância de escrever-me,
divertindo-se comigo" Dar fuga a um escravo era uma coisa, mas dar seu
próprio nome a um fugitivo, aí era outra história...
Em Império: a corte e a modernidade nacional, organizado por Luiz
Felipe de Alencastro.
Jogos de
adivinhação e "simpatias" estão tradicionalmente ligados aos festejos
juninos. Ao mesmo tempo versos e cantigas
entoadas pelos festeiros apontam a noite de São João como um momento propício
ao
erotismo e às
brincadeiras de fundo sexual. As práticas divinatórias são em geral ingênuas,
mas não deixam de ter conteúdo erótico e sensual, como é o caso das "sortes"
de casamento. O folclorista Veríssimo de Melo relacionou algumas dessas
"adivinhas":
O copo e a
aliança ~ Amarra-se uma aliança num fio de cabelo e
pendura-se este sobre a boca de um copo, sem deixar que a aliança toque nas
bordas. Momentos depois, se a pessoa merece a graça de uma revelação, a aliança,
por si, começa a bater na beirada do copo. O número de batidas equivale ao
número de anos que faltam para o casamento da consulente.
Os três
pratos ~ Três pratos são emborcados sobre a mesa. Debaixo de
um põe-se um terço. De outro, uma aliança. Sob o terceiro, nada. Manda-se então
uma moça, que não viu a distribuição dos objetos, revirá-los. Se escolher
aquele que tem a aliança debaixo, a moça casará. Se achar o terço, será freira.
Se virar o terceiro prato, ficará "no caritó', ou seja, "pra
titia"
A clara de
ovo ~ A moça que quer
saber se vai casar põe a clara de um ovo dentro do copo. No dia seguinte, assim
que se levanta, vai olhá-lo. Se a clara formar um desenho semelhante ao de uma
igreja, é casamento próximo; se a imagem evocar um navio, fará uma viagem, e
assim por diante, ao gosto da imaginação da consulente.
O espelho ~ Passa-se um espelho sobre a fogueira descrevendo no ar o desenho da
cruz. Depois põe-se o objeto no telhado
da casa, sem olhá-lo, No dia de São João, bem cedo, o consulente, se tiver
sorte, verá projetado no espelho o rosto do rapaz (ou da moça) com quem se
casará.
A bananeira
~ Toma-se uma faca
que ainda não foi usada. Junto de uma bananeira reza-se a Salve-Rainha e a
seguir crava-se a lâmina no tronco. De manhã, no dia seguinte, bem cedo, ao se
retirar a faca, as iniciais do futuro marido ou esposa aparecerão na seiva que escorreu
da planta.
Fonte:
Revista Nossa História nº 08, 20 e 32
Nenhum comentário:
Postar um comentário