Grandes pensadores brasileiros, personalidades da política e da cultura do país, além de outros cidadãos, abordam várias facetas da violência no Brasil. Os depoimentos são intercalados por desenho animado. Essa animação é fruto do trabalho diário de uma equipe de 60 profissionais e levou três anos para ser produzido.
Com um olhar crítico e ousado, duas dezenas de entrevistados passam em revista a história da sociedade brasileira. Entre eles, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, a ex-senadora Marina Silva, o escritor Ferréz, índios Guarani-Kaiowá, o jornalista Gilberto Dimenstein, o líder do MST João Pedro Stédile, os historiadores John Monteiro, Laura de Mello e Souza, Pedro Puntoni e Leandro Karnal, o sociólogo Luis Mir e a filósofa Márcia Tiburi, o psicanalista Contardo Calligaris, Soninha Francine; a professora de filosofia Olgária Matos, a professora Esther Hamburger, jornalista e ex-moradora de rua Esmeralda Oritiza, professora de comunicação Esther Hamburger, o pensador José Júnior, do AffroReggae.
Os diretores da série propõem um grande debate e tentam contar a história do Brasil que não se aprende nas escolas.
Direção: Luiz Bolognesi e Daniel Augusto
Ano: 2010
Áudio: Português
Duração: +- 25 minutos/cada Episódio
O primeiro episódio, "Guerra sem fim", com
demolidora argumentação, desmonta-se a imagem do Brasil como sociedade pacífica
e do brasileiro como gentil por natureza. Mostra a história da violência no
Brasil, a presença da luta desde antes da chegada dos colonizadores, ou seja, é
uma constante na história nacional. Mesmo antes da chegada dos europeus, as
nações indígenas tinham a guerra no centro de suas culturas. São enfocados
conflitos pouco conhecidos, massacres, e revistos fatos históricos à luz de um
olhar crítico, que questiona a história oficial com argumentos e insights.
O segundo episódio, "Recursos humanos", volta-se para a escravidão e revela as cicatrizes sociais com suas
tensões, ambiguidades e a dificuldade de passar das palavras a atos de
transformação. Enfoca como era a
vida dos escravos no Brasil e como eles foram tratados pelas outras classes
sociais. Os escravos foram libertados no país em 1888. Entretanto, "Nunca
houve uma preparação intelectual dos escravos no Brasil, como aconteceu nos
Estados Unidos com a Guerra Civil", observa o historiador Eduardo Gianetti. "Levamos mais
de um século para integrar escravos na força de trabalho, mas não devemos ser
orgulhosos, devemos ter vergonha."
O terceiro episódio, "Fábrica de verdades", mostra
como a mídia, especialmente a televisão, nega a violência e a brutalidade das
relações sociais. "Se você imagina que são as novelas que fazem a educação
do brasileiro... É uma inversão de princípio e de realidade.
Impressionante", diz a professora de filosofia, Olgária Matos. "Estamos em um
país em que as pessoas não são alfabetizadas", diz o escritor Ferrez. Da mesma opinião, o
jornalista Gilberto Dimenstein constata:
“Em São Paulo, se você pega as pessoas formadas no ensino médio, 5% apenas têm
conhecimento adequado para ler e escrever. Lamento, eu não consigo ver
violência maior do que uma pessoa chegar ao final da sua adolescência e não
saber ler nem escrever. Não consigo ver quantas violências são maiores do que
essa. Mas ninguém liga. E não causa comoção, não causa nenhum escândalo, não
causa uma indignação nacional".
O
quarto episódio, "Heroína sem estátua", investiga a discriminação silenciosa das mulheres. A luta das mulheres
pela igualdade de direitos na sociedade brasileira. Na avaliação do historiador
Pedro Puntoni, toda revolução histórica é marcada por conflitos e, no caso da
questão feminina, o papel da rebelião foi fundamental nesse processo. "A
rebeldia transforma a história", analisa. Ele conclui que, na política, o
brasileiro ainda é muito conservador e a visão machista perdura nas grandes
decisões. Mesmo com todo o avanço das mulheres, a série constata que apenas 9%
das prefeituras brasileiras são ocupadas por elas. Outro índice que ainda é um
diferencial são os salários: 40% menor do que os dos homens que ocupam a mesma
função. Uma das representantes da mulher na política, a ex-senadora Marina
Silva reconhece o rápido aprendizado das mulheres com os homens. E garante que
"se os homens não aprenderem com elas terão um grande prejuízo".
O quinto episódio, "O que vem por aí", é uma conversa sobre o futuro polarizada entre
quem acha que o Brasil está em guerra civil e quem acredita que o crescimento
econômico e político pode mudar a situação.
Saiba Mais: Links
Mulheres Invisíveis (2011)
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