Há
pelo menos duas décadas, os Estados Unidos são o país com balança comercial
mais deficitária do planeta. Ao longo de 2012, suas importações superarão as
exportações em cerca de 600 bilhões de dólares — algo como o PIB da Suíça ou da
Arábia Saudita. Porém, um setor de sua economia foge a esta regra. Trata-se da
indústria armamentista. Além de ser a mais poderosa do mundo, ela ampliou de
forma acelerada sua influência nos últimos cinco anos, revelou no domingo
o New York Times. Tira proveito, diretamente, das tensões
crescentes que a diplomacia de Washington tem provocado — em especial no
Oriente Médio e nas disputas com o Irã.
Os
números são impressionantes. Num único ano, 2011, as vendas de armamentos por
indústrias norte-americanas mais que triplicaram, saltando de
pouco mais de 21,4 bilhões de dólares para cerca de US$ 60 bilhões. Depois
deste avanço, os EUA passaram a abocanhar 78% do comércio mundial de armas,
deixando muito atrás concorrentes como Rússia (6%), Europa Ocidental (6%) e
China (3%).
O
grosso das vendas de armamentos dirigiu-se para a região mais conflagrada do
planeta. Só a Arábia Saudita — o principal aliado estratégico dos EUA no
Oriente Médio — adquiriu US$ 33,4 bilhões em armas pesadas, inclusive 84 caças
F-15 (foto) e dezenas de helicópteros Apache e Black Hawk. Seguiram-se a ela
duas outras monarquias ultra-conservadoras da Península Arábica, ambas
fortemente alinhadas a Washington: Emirados Árabes e Omã. Segundo o New
York Times, a causa essencial do aumento extraordinário de vendas
foram “as preocupações com as ambições regionais de Teerã”.
O
Irã, contudo, não compartilha fronteiras com nenhum dos super-compradores de
armas norte-americanas. A venda de artefatos bélicos foi fortemente
influenciada pela própria diplomacia dos Estados Unidos, que se encarregou de
demonizar o regime iraniano. Mas até quando a indústria armamentista poderá
vender tanto, em tempos de paz? Em algum momento, ela não tentará criar
condições para que os equipamentos que distribui sejam de fato utilizados em
combate?
As
relações promíscuas entre indústria de armas, comandos militares e poder
político nos Estados Unidos foram apontadas pela primeira vez pelo presidente
Dwight Eisenhower — que cunhou a expressão “complexo industrial-militar”.
No discurso de despedida que
pronunciou, em 1961, ele alertou: “nossa organização militar atual parece muito
pouco com tudo o que pôde ser conhecido por qualquer um de meus antecessores em
épocas de paz, ou mesmo pelos que lutaram na II Guerra ou no conflito da
Coreia. (…) A conjunção de um imenso establishment militar e
uma grande indústria de armas é nova na experiência norte-americana. Sua
influência — econômica, política e mesmo espiritual — é sentida em cada cidade,
em cada câmara estadual, em cada escritório do governo federal. (…) Não devemos
deixar de compreender suas graves implicações. (…) Precisamos nos proteger
contra a conquista de influência, intencional ou não, pelo complexo
industrial-militar”.
Um
sinal da “influência espiritual” da indústria de armamentos pôde ser sentida no
sábado. Sem fazer referência alguma aos EUA, o Washington Post destacou, numa
longa matéria com chamada de capa, “o grande crescimento das exportações
chinesas de armas, na última década”…
Saiba Mais - Filmes
Saiba Mais - Filmes
Razões Para A Guerra (Why We Fight)
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Sundance
Film Festival de 2005, Razões Para a
Guerra proporciona uma visão reveladora sobre como a América tem se
preparado para a batalha e o que os obriga tão frequentemente a travar guerras
ao redor do mundo.
Produzido em meio à segunda guerra do Iraque,
o documentário é uma agressiva análise das forças que alimentam a máquina
militar norte-americana por mais de meio século e suas consequências globais.
O filme começa com o discurso de despedida do
presidente Dwight D. Eisenhower em 1961, no qual ele alertou os
norte-americanos quanto ao crescimento do poder do "complexo industrial
militar."
Expandindo a partir da advertência de
Eisenhower, Jarecki conta ainda com entrevistas de soldados norte-americanos,
oficiais do governo, informantes militares, empregados da área de Defesa,
congressistas, acadêmicos, iraquianos e muitos outros que fornecem análises
pessoais, políticas e econômicas sobre os últimos 50 anos da expansão militar
dos Estados Unidos, guerras e intervenções.
O que surge é um retrato esclarecedor e
arrepiante de como os interesses políticos, corporativos e militares se
tornaram progressivamente ligados através do negócio que é uma guerra.
Se nós queremos defender e promulgar a paz,
precisamos conhecer as razões para a guerra! “Por que nós lutamos?”. “Lutamos
pela liberdade”. Essa resposta faz parte de uma cultura que tentou justificar a
guerra pelos melhores motivos. A boa propaganda é muito eficiente em montar
mentalidades...!
Ano: 2005
Áudio: Inglês/legendado
Duração: 99 minutos
O Senhor das Armas (Lord of War)
Yuri Orlov (Nicolas Cage) é um traficante de
armas que realiza negócios nos mais variados locais do planeta. Estando
constantemente em perigosas zonas de guerra, Yuri tenta sempre se manter um
passo a frente de Jack Valentine (Ethan Hawke), um agente da Interpol, e também
de seus concorrentes e até mesmo clientes, entre os quais estão alguns dos mais
famosos ditadores do planeta. O filme começa com Yuri Orlov declarando,
"Há mais de 550 milhões de armas de fogo em circulação no mundo. É uma
arma para cada doze pessoas no planeta. A única questão é: Como armamos as
outras onze?" Começam então os créditos de abertura, mostrando a viagem de
uma bala de fuzil, desde a fábrica no leste europeu até a cabeça duma criança
africana. O resto do filme é contado em flashback, começando nos anos 1980 e
acabando na cena inicial.
Direção: Andrew Niccol
Ano: 2005
Duração: 122 minutos
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